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O PT levado à direita

A política reacionária do governador Rui Costa

Rui Costa, governador da Bahia pelo PT, representa bem um certo tipo de político, apresentasse como de esquerda, progressista, mas sua política é de direita.

Não é de hoje que o governador da Bahia, Rui Costa, do Partido dos Trabalhadores tornou-se uma voz dos liberais travestidos de ‘progressistas’. O PT se apresenta como um partido de esquerda, mas também não é um fenômeno novo que nele se encontrem, dentro mesmo da estrutura partidária, quem penda à direita.

Rui Costa é um personagem importante e seu exemplo é didático para compreendermos a evolução à direita de um partido dominado pela pequena burguesia e que defende integração ao Estado capitalista e não a sua destruição..

Não precisamos ir muito longe. Desde 2016, que sua postura dúbia diante do golpe e seu apoio acanhado à presidenta Dilma Rousseff, indicam uma disposição de seguir um caminho próprio que dialoga com a direita. Em 2018, já falava abertamente em ‘virar a página’ do golpe: “nós temos que virar a página daquele momento. Se a gente ficar remoendo o impeachment,  nós não vamos nem dialogar com a sociedade”.

Mesmo antes, em 2014, já se falava de uma possível saída do PT para entrar no PSD. Se isso não sinalizava uma tendência à direita, não há muito mais a dizer.

Em 2018, por também considerar que a palavra de ordem ‘Lula livre” não deveria se sobrepor a ou impedir alianças eleitorais, não faltaram convites de mudança de partido, entre eles do PDT.

Não bastasse isso, o governador petista cultiva um elevado apreço pela imprensa burguesa, não hesitando um segundo para entregar-se à golpista revista Veja, à GloboNews, Estadão, Folha de S. Paulo, Valor Econômico, entre outras.

Junte-se se a isso seu posicionamento em relação a questões fundamentais para o trabalhador e para o povo pobre, como no caso da “reforma” da Previdência e  das privatizações.

Sobre a “reforma” da previdência posicionou-se contra a orientação de seu partido e, mesmo antes da reforma proposta pelo governo federal, tinha preparado uma ‘mini-reforma’ da previdência estadual. Entre outras medidas, aumentou o desconto dos salários dos servidores baianos.

Embora não tenha falado sobre o assunto antes das eleições de 2018, também já tinha pronto projetos para  fazer a concessão à iniciativa privada da Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa) ou firmar uma parceria público-privada (PPP).

Também há, desde o final de 2018, pretensão de extinguir pelo menos quatro estatais:  Companhia de Engenharia e Recursos Hídricos da Bahia (Cerb); Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM); Bahia Pesca; e Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder). Além dessas, avalia-se a privatização da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR) e da Companhia de Processamento de Dados do Estado da Bahia (Prodeb).

O governador, visando aumento a arrecadação, pode vender imóveis públicos, como o do Instituto do Cacau[1], construído na década de 1930 em Salvador.

Na mira das privatizações, disfarçadas, estão algumas escolas. Em setembro, por meio de portaria,  abriu-se a possibilidade de entregar escolas[2] estaduais para Organizações Sociais (OSs) administrarem.  Trata-se, na verdade, de privatizar as escolas.

Além de todas as sinalizações de que estamos diante de um liberal, de um típico tucano, as declarações do governador sobre o governo Bolsonaro, sobre Lula e sobre a polarização, reforçam ainda mais sua identificação com a direita.

Sempre que possível, pontua uma alegada recessão como a culpada pela situação econômica, ou seja, coloca o problema dentro do governo Dilma, aliviando para Paulo Guedes e Bolsonaro.

Sobre Lula e a polarização, acena para o “centro”, ou seja, para a direita.  Embora não ouse ir muito longe nas críticas ao ex-presidente, faz questão de afirmar que Lula é um conciliador e que é isso que deve ser buscado por ele hoje.

Trata a ideia da conciliação de classes, levada a cabo por “empresários, trabalhadores, sociedade”, um ‘modelo’ para o PT e para Lula, na contramão mesmo de declarações do próprio ex-presidente.

Faz o jogo da imprensa, que ajudou a fomentar a campanha contra o PT (“antipetismo”) e a esquerda, alimentando a extrema-direita, criminalizando os movimentos sociais, amplificando o discurso punitivista e de anticorrupção, anti-política portanto, para, em seguida, culpar a esquerda, e o PT em particular, pela crise política e pela polarização que vigora no país. Não à toa posa com o prefeito de Salvador, ACM Neto, do Democratas (DEM), adversário histórico do PT, para indicar que é pragmático e um conciliador por natureza (foto).

Ignorando que faz parte do jogo da própria imprensa burguesa e da direita a quem apoia, tratar Bolsonaro e o PT, a esquerda e os movimentos sociais, como opostos equivalentes. Então, fala de pacificação do país, de uma “luta” (moral) contra a discriminação e o ódio, o que motivaria alianças com qualquer um que ajude o partido a ganhar eleições, desde que se posicionem em conformidade com essa ‘agenda’ moral.

Obviamente que está em jogo uma luta interna no Partido dos Trabalhadores, em que os governadores e outros detentores de cargos executivos e legislativos, como Rui Costa, pressionam no sentido de uma politica de conciliação e entendimento com os golpistas e ataque aos trabalhadores.

Falar em “pacificação” diante da violência sistemática com que o governo de extrema-direita atua contra os mais pobres, contra os trabalhadores, contra todos os setores oprimidos, entregando o País ao capital internacional – ou melhor, aumentando e acelerando essa entrega, é algo que – obviamente – só pode servir aos interesses dos golpistas e do grande capital internacional que lucra com o golpe de Estado.

 


NOTAS:

[1] propriedade da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e sedia o Museu do Cacau.

[2] Em Salvador, Alagoinhas, Ilhéus e Itabuna.

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