Muito se diz que Bolsonaro (atualmente sem partido, na época PSL) não era o candidato preferencial da burguesia de conjunto nas eleições de 2018. De fato, não era mesmo. Os capitalistas preferem lidar com figuras mais gelatinosas da direita como Geraldo Alckmin (PSDB), Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede), Rodrigo Maia (DEM), João Dória (PSDB), entre outros.
O militar capanga dos EUA, representa uma menor possibilidade de ”manobrar” a situação, já que ele possui todas as idiossincrasias e exageros de um bom reacionário de extrema-direita fascista. Não que os outros também não sejam, apenas sabem disfarçar melhor.
A situação das eleições farsescas de 2018, que fraudadas mediante a prisão ilegal e perda de direitos políticos de Lula, além de inúmeras sacanagens golpistas por fora como disparos de notícias falsas, ou o mais concreto, os milhões de titulos eleitorais cancelados, também na região Nordeste, tradicional reduto de eleitorado petista, entre outros, obrigou a burguesia a improvisar e escolher a extrema-direita para administrar o Brasil ao invés da volta do PT.
Não faria sentido afinal dar o golpe em Dilma em 2016, arquitetado por muitos anos a serviço do estado norte-americano e colocado em prática por verdadeiros ratos de esgoto, sem ofender os roedores, como Sérgio Moro, Deltan Dallagnol, Eduardo Cunha, Michel Temer, etc. amplamente apoiado pela Rede Globo e pela burguesia de conjunto, para depois deixar a esquerda voltar anos depois em eleições. Fraudaram o pleito, e no improviso a extrema-direita entrou a contragosto.
É nesse sentido que muitos setores da esquerda burguesa e pequeno-burguesa acabam se confundindo e fazendo a análise incorreta da situação política, que afirmam de que os meios de comunicação da burguesia, representados por setores como Globo, Folha de São Paulo, Veja e outros estão insatisfeito com o governo por ele ser muito agressivo e extremista.
Na verdade justamente é o contrário, estes setores gostariam que Bolsonaro levasse adiante um programa de privatizações e entrega total do país de forma muito mais violenta do que ele já vem fazendo.
Pode-se assim destacar, como forma de ilustrar este pensamento, uma matéria do último dia 31 de julho, redigida pelo editorial de economia do Estadão, chamada Até talvez, até quem sabe em que a articulista trata de fazer duras críticas ao programa manso de Bolsonaro, cobrando mais comunicação do governo através do ministro Posto Ipiranga, o ”Chicago Boy” Paulo Guedes sobre os planos de desestatização.
Segundo a coluna, na lista de privatizações divulgada ”não há nada relevante a ser vendido até 2021 com exceção dos Correios ”. Mas também celebra no texto os ataques contra a Eletrobras, Caixa e Banco do Brasil, porém aparentemente ainda é pouco.
A articulista também cobrou do governo o trilhão prometido a ser arrecado com vendas estatais e vendas de imóveis. Afirmou ”o trilhão não existe”, mas ela omite ou esquece de que os bancos foram presenteados com o tal trilhão, bem no inicio da pandemia.
O artigo termina assim : ”Até hoje, este governo não vendeu uma estatal controlada pelo Tesouro, só subsidiárias e participações minoritários”. Ou seja, está pouco, a burguesia quer mais.
É preciso que a esquerda encare essas manifestações atentamente, pois ajudam a entender que não há como separar o joio do trigo na direita, são todos golpistas e comprometidos com se ajoelhar diante dos imperialistas, mas uns querem mais rápido e outros mais devagar, essa é a única diferença.