O portal Justificando publicou uma matéria, recentemente, escrita por Martel Alexandre del Colle, um policial há 10 anos e aspirante a Oficial da Polícia Militar, como se identifica. Na referida matéria, o militar faz um relato de parte da sua experiência nesta instituição, da perseguição que diz ter sofrido por defender, segundo ele, o “certo”, da depressão que lhe causou o “errado” praticado pelos outros (leia-se errado como assassinatos, torturas, crimes etc.) da tentativa de suicídio, no ápice da depressão, e a partir daí retirar algumas conclusões reacionárias sobre essência desta corporação.
Apesar de não reconhecer a instituição como um corpo de assassinos profissionais treinados prática e ideologicamente, cuja função essencial é manter a dominação da burguesia, pela violência, pelo terror e pela opressão direta, sobre amplos setores da população, o militar reconhece, contudo, como prática corrente, e também incentivada pela condescendência, assassinatos e torturas, ou na linguagem dele, que em determinado momento de sua “carreira” percebeu: “refiro me a vistas grossas para a execuções e torturas”, contra os pobres evidentemente.
A argumentação do militar é que haveria uma manipulação ideológica, um espelho que mostra a ação atroz, ao próprio policial, como boa, benéfica a sociedade. Não se trataria de que a Polícia em si é uma máquina de guerra contra a cidadania, contra os direitos do povo, contra os oprimidos, mas que há uma manipulação intencional na ideologia dos policiais que desvia a instituição de sua finalidade, que seria a segurança pública. Numa frase demagógica, o militar afirma: “o que eu quero demonstrar é que você, policial, está sendo enganado. Você está numa guerra ideológica para matar pobre. Não é bandido morto, mas sim, pobre bom é pobre morto. Você está sendo manipulado”.
É preciso repudiar veementemente este tipo de colocação que busca passar-se como posição de esquerda. A Polícia Militar e em geral são armas de dominação, e de extrema violência. Se deu uma lado o desenvolvimento histórico da luta de classes garantiu um regime parlamentar e certos direitos a população trabalhadora, pobre e negra no Brasil, de outro a burguesia criou a Polícia para impedir que esses direitos postos na legislação, sejam efetivamente exercidos pela população trabalhadora, pobre e negra. A Polícia é o pólo oposto dos direitos democrático, da democracia efetiva e pedra angular do regime burguês de dominação, que sem esta não sobreviveria.
É impossível conciliar direito e Polícia Militar, o resultado desta tentativa e a democracia burguesa formal, que não passa de uma ditadura da burguesia atenuada. A polícia Militar assim como todas as que existem no país são uma cancro e devem ser eliminadas sociedade em proveito do povo. Não se trata do policial bem ou mal preparado ou se dá valor positivo ou negativo a sua ação assassina, trata-se da estrutura do regime de dominação da burguesia, cuja coluna vertebral é o aparato repressivo.