No dia 21 de fevereiro, o portal Viomundo publicou o artigo Com 500 mil homens, ou PMs são reorganizadas ou servirão ao fascismo, assinado por Julian Rodrigues. No texto, o ativista dos direitos humanos, apesar de apresentar uma série de dados contra a Polícia Militar, mas acaba por não reivindicar o fim da instituição repressora.
Nos três primeiros pontos, Rodrigues avalia, corretamente, que a PM é incompatível com qualquer regime que sirva aos interesses da população:
1. O papel, a atuação, o tamanho, a cultura, a estruturação das Polícias Militares é algo TOTALMENTE incompatível com um regime minimamente democrático.
Enquanto o campo popular não entender e encarar esse tema com a importância que tem, só haverá retrocessos, mortes, avanço do fascismo;
2. São cerca de 500 mil PMs em todo o Brasil. Mais ou menos o dobro do efetivo do Exército.
A altíssima taxa de homicídios caiu. Mas a letalidade policial aumentou: 10% dos assassinatos são cometidos por policiais militares;
3. As PMs são um resquício da ditadura. Uma força policial treinada para reprimir, bater, prender e matar pretos e pobres, sobretudo jovens.
Corporação adestrada na cultura da violência , cuja função primordial é defender o patrimônio das elites o Estado capitalista.
Quando Julian Rodrigues se lança a fazer propostas para o problema da PM, algumas considerações, embora tenham um caráter essencialmente reformista, são importantes para um programa democrático. Dentre essas considerações, está a legalização de todas as drogas e a soltura de milhares de presos. Contudo, no que diz respeito às polícia, Rodrigues não consegue apresentar uma reivindicação que seja de fato efetiva:
10. Reorganização nacional das polícias militares. Desmilitarizar, qualificar, investir em carreira única, ciclo completo, unificação das polícias. Mudar a cultura, o acesso, a formação, as funções, o marco legal.
Uma polícia composta por gente com nível educacional, bons salários, outra cultura institucional, outra visão de mundo.
Pressupõe expurgar, aposentar, afastar, paulatinamente, milhares de atuais policiais. O que pode ser feito com uma aliança com a base da corporação, que é precarizada e oprimida, sem nenhuma possibilidade de ascensão profissional.
A consideração de que seria possível reorganizar a PM, eliminando os elementos fascistas e promovendo os agentes progressistas parte de uma incompreensão do que seja a Polícia Militar. Órgão de repressão da burguesia por excelência, a PM serve única e exclusivamente à classe que controla o Estado – isto é, a burguesia.
Diante dessa realidade, a única política viável para evitar que a polícia continue massacrando o povo é exigir a dissolução da PM e a constituição de milícias populares, diretamente controladas pelos trabalhadores.