Na mesma semana em que Deltan Dallagnol, ex-procurador da Lava Jato e um dos principais garotos propaganda da “luta contra a corrupção”, foi condenado pelo Conselho Nacional do Ministério Público, vários advogados ligados ao ex-presidente Lula foram alvos de uma operação autorizada pelo juiz fascista Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. Como ficou claro nesses acontecimentos, ao mesmo tempo que a Operação Lava Jato se encaminha para a sua própria morte, a burguesia continua utilizando todos os meios possíveis para intimidar a esquerda, sobretudo os setores ligados ao ex-presidente Lula.
Isso acontece porque a Operação Lava Jato está quase liquidada não por uma revisão da burguesia de seus princípios democráticos, mas sim por causa de uma série de impasses que foram surgindo na medida em que o golpe de 2016 se aprofundava. Por um lado, a Lava Jato ficou muito desmoralizada pelos choques com o movimento popular e operário, que, ao defender o ex-presidente Lula, enfrentou-se inúmeras vezes com as instituições da operação. Por outro lado, a Lava Jato foi reduzindo suas atividades na medida em que setores tradicionais da burguesia viram na operação uma ameaça a seus próprios interesses.
Sendo assim, a burguesia está sendo obrigada a encerrar as atividades da Lava Jato, mas irá procurar outra maneira de seguir com a perseguição contra seus adversários políticos. A situação na Bolívia, em que Evo Morales está sendo acusado dos crimes mais absurdos, e a situação no Equador, em que Rafael Correa e seu partido estão sendo colocados na ilegalidade, demonstram que o cerco do imperialismo sobre a esquerda está fechando em toda a América Latina. Independentemente da Operação Lava Jato, o imperialismo segue interessado em excluir Lula e seus aliados do regime político.
Embora seja a principal figura da política nacional, Lula não é o único alvo dessa ofensiva. O projeto de lei proposto pelo fascista Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) de criminalizar o comunismo é mais um instrumento da classe dominante contra qualquer organização que se volte contra os interesses do imperialismo. No próprio projeto, Eduardo Bolsonaro cita Hugo Chávez e Nicolás Maduro como “comunistas”. O Partido da Causa Operária, que tem tido um papel de destaque em toda a luta contra o golpe, também é um alvo desse tipo de projeto de lei.
O objetivo de todo esse cerco é eliminar toda a resistência real que o imperialismo pode encontrar para aplicar a sua política. Isto é, para o imperialismo, ter uma oposição que faça discurso no parlamento não é um grande problema, mas os setores ligados a uma possibilidade real de mobilização devem ser eliminados.
A outra face dessa tentativa de estabelecer um regime sem uma oposição real, sem uma oposição nas ruas, é a frente ampla. Isto é, o assédio da direita para que a esquerda se submeta a uma aliança com setores falidos da burguesia. É preciso passar por cima dessa política reacionária.