O sistemático trabalho de agitação e propaganda e a mobilização iniciada pelo Partido da Causa Operária e os comitês de luta nos bairros operários e, depois, nas manifestações de rua (a partir do ato de 13 de maio, em Brasília) dispararam um sinal de alerta entre setores da esquerda pequeno-burguesa declaradamente contrários a levar a luta pelo “Fora Bolsonaro” às últimas consequências.
Os pequenos, mas combativos atos de rua pelo fim dos governos do presidente ilegítimo e de todos os golpistas ganharam – no dia 31 de maio – o reforço da presença aguerrida de torcedores e militantes antifascistas na Avenida Paulista, em São Paulo, e, em menor número, em outras capitais.
PCdoB, a maioria do Psol e a direita do PT – que aderiram na primeira hora à política de “frente ampla” defendida pelo PSDB, a Rede Globo e outros setores ultradireitistas – lançaram mão de um conjunto de manobras e uma operação de sabotagem para quebrar a mobilização que furou o bloqueio político da maioria das direções da esquerda.
Junto com a imprensa golpista, como a Folha de S.Paulo, intensificaram a campanha para que alguns setores recém-chegados à luta pelo “Fora Bolsonaro” e à expulsão da extrema-direita das ruas abandonassem essa política de enfrentamento e adotassem outra, em favor de atos “simbólicos”, realizados com o consentimento e os “protocolos” do poder público – isto é, da própria direita.
É uma política totalmente identificada com a preocupação da burguesia que procura evitar a polarização política e o confronto aberto entre a esquerda – a classe operária e os setores oprimidos do povo – e a direita – a burguesia, os golpistas e a “poeira de humanidade” que são os camisas amarelas bolsonaristas.
Essa tentativa de conciliação entre os extremos políticos do país está totalmente ajustada à política de exercer “pressão” e buscar um entendimento com o governo ilegítimo do ex-capitão. É a política dos setores dominantes da burguesia, dos partidos “comprometidos com a democracia” que as direções pequeno-burguesas dos partidos de esquerda consideram aliados indispensáveis na “luta” contra Bolsonaro.
Não é uma política nova. A burguesia e setores que acompanham sua política adotaram-na inúmeras vezes, das “Diretas Já” ao Junho de 2013. Estamos diante da repetição da manobra e da sabotagem promovidas pela esquerda pequeno-burguesa sete anos atrás.
A esquerda “horizontal” defendeu o arriamento das bandeiras, junto com a direita golpista que usou a Globo e a infiltração da Polícia nos atos para se opor ao “vermelho”, às bandeiras partidárias e impor a palavra de ordem “sem partido” e o amarelo das camisas da seleção brasileira. Criaram, à sombra da intensa campanha da imprensa capitalista, as condições para que a direita dominasse totalmente as manifestações e as desviassem para a “luta contra a corrupção”, o que serviu de base para a política golpista da direita que viria a dar o golpe de Estado em 2016.
Agora, uma vez mais, setores ligados à Globo, ao PSDB, que defendem a “frente ampla”, querem esvaziar o conteúdo político e classista dos atos. Com isso, vão predominar apenas a política – e as cores – da direita, de conciliação com Bolsonaro, de uma saída institucional para a crise, de preferência mantendo Bolsonaro no poder. É para isso que querem anular a esquerda, tentando forçá-la a abaixar suas bandeiras e abandonar suas cores nos atos.
Os trabalhadores, a juventude e suas organizações de luta estão colocados diante de duas políticas defendidas por setores da esquerda que se opõem ao governo Bolsonaro. Essas são as questões fundamentais que estão em jogo, no momento.
De um lado, estão os que querem sair às ruas com suas bandeiras vermelhas pelo “Fora Bolsonaro”; de outro, os que buscam um acordo com os representantes da burguesia, tanto da direita “civilizada” quanto dos fascistas, usando sua cor, o amarelo.
Vermelha é a bandeira dos que querem expulsar a extrema-direita das ruas e do governo, mobilizando amplamente contra o governo genocida e seus aliados nos ataques aos trabalhadores. O amarelo, da golpista Folha de S.Paulo – travestida de democrática – é a cor dos bolsonaristas, dos que deram o golpe de 2016, derrubaram Dilma, prenderam Lula, ajudaram a eleger o presidente ilegítimo e aprovar todas as medidas de ataque ao povo brasileiro.
O Partido da Causa Operária luta sob a bandeira vermelha da classe trabalhadora, contra os que querem apenas “disciplinar” Bolsonaro e esperar pelas eleições de 2022. Nenhum trabalhador ou jovem militante devem perder de vista que a bandeira vermelha que empunha nas ruas a cada manifestação é a bandeira dos que defendem o salário, o trabalho e a terra dos pobres, explorados e oprimidos de nosso país. É a bandeira dos que lutam sem trégua pela revolução, o governo operário e o socialismo e, por isso, não pode ser substituída por nenhuma outra.