O programa Análise Política da Semana é apresentado todos os sábados, a partir das 11:30, por Rui Costa Pimenta, presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), no canal Causa Operária TV e na Rádio Causa Operária.
É um momento de análise e de debate relacionados aos acontecimentos importantes que permeiam recentemente o cenário político nacional e internacional, com perguntas do público presente no Auditório Frederich Engels e pelos que acompanham a Análise Política pela internet. Além disso, constituiu-se, nos últimos anos, num meio de orientação para a esquerda em geral, para os movimentos sociais e para as organizações populares, que buscam clareza e direcionamento para a luta contra o avanço do Golpe de Estado no Brasil.
No sábado passado, dia 11/05, o companheiro Rui comentou sobre as manifestações que, de fato, ocorreram nesta quarta-feira (dia 15 de maio), sobre a forte tendência à mobilização contra o governo Bolsonaro e sobre a tendência a uma mobilização. Criticou as “paralisações de 1 dia” e o oportunismo dos parlamentares que buscam se aproveitar da situação política para se beneficiarem dos atos e afirmou que o caminho para a derrota definitiva do governo Bolsonaro é uma verdadeira paralisação geral. Leia o trecho a seguir:
“O segundo problema que nós temos aqui da mobilização é o problema da continuidade da luta. Porque, no Brasil, foi se estabelecendo, como uma espécie de “educação política” de todo mundo, que você não leva uma luta continuada até obter as reivindicações. Você simplesmente faz um protesto. Por isso vêm se tornando cada vez mais frequentes nos últimos anos as “mobilizações de 1 dia”.
Então você tem “greve geral de 1 dia”, que não é uma verdadeira greve: é uma manifestação política com uma paralisação. Aí o outro setor quer fazer não sei o quê, é 1 dia de manifestação; e outro setor é 1 dia, 1 dia… Quer dizer: você não tem um enfrentamento real. O que você tem é um protesto. Então toda mobilização tende, pela política das suas direções (entenda-se bem), a ficar limitada a esses protestos que, podem até ter um impacto, mas, na medida em que não têm continuidade, não fazem parte de um plano de luta geral, não vão ter um efeito muito grande: vão ficar como um protesto.
Isso é assim porque as mobilizações todas, que são dirigidas por sindicatos e partidos de esquerda, estão subordinadas a uma imaginária “ação parlamentar”. Então, por exemplo (eu não vi nas notícias, mas tenho certeza), nesse momento já tem lá deputado do partido A, B e C fazendo projeto de lei sobre a questão das verbas na Educação, etc. e tal. E aí, a mobilização é elaborada, planejada, como se fosse simplesmente uma torcida que se manifesta nas ruas para apoiar uma ação de caráter legislativo. Isso é um beco sem saída e é o caminho da derrota. Pode acontecer, se a mobilização for muito grande, que o governo, para evitar novas mobilizações, dê alguma “migalha” para os parlamentares exibirem e justificarem a paralisação de todas as mobilizações. Isso tem sido a história do Brasil durante toda a etapa da chamada “redemocratização”.
Logicamente que, pela maneira como as coisas se colocam neste momento, isso não vai ser tão simples: porque a mobilização tende a ser muito grande e tende a se repetir. Se a mobilização no dia 15 for muito grande, a pressão pela continuidade das mobilizações vai ser muito grande e, provavelmente, vai haver algum tipo de continuidade. O que não quer dizer que essa continuidade vai ser uma continuidade efetiva.
Então, a primeira coisa que é preciso discutir sobre as mobilizações do dia 15 é que preciso apontar já a continuidade das mobilizações no sentido da preparação de uma greve geral de todos os setores da Educação contra o governo Bolsonaro. É preciso dizer claramente a todos os setores que estão se mobilizando que, menos do que uma greve geral para impor uma derrota total ao governo Bolsonaro, não vai suficiente para mudar o panorama que nós estamos assistindo. O governo pode até fazer um pequeno recuo agora, e aí ele volta à carga na hora em que ele se sentir fortalecido.
Por isso, é preciso aproveitar a situação que vem se acumulando já desde antes do governo Bolsonaro, a polarização política no país, a tendência ao enfrentamento com o governo, para realizar uma mobilização muito grande e que seja um embate decisivo contra o governo. Essa é a primeira questão que nós temos que dizer aqui, e é uma questão fundamental que tem que ser colocada em todos os lugares de um ponto de vista imediato. Inclusive, durante as próprias manifestações.”
Assista o vídeo com o comentário do companheiro Rui clicando no link.