Nos últimos anos, nós vimos aumentar a propaganda antirracista na imprensa burguesa, em meios universitários e pequeno burgueses. Essa propaganda prega que a luta do povo negro no Brasil é uma luta contra ofensas pessoais e contra a hegemonia cultural dos brancos em novelas, filmes, na música e etc. O aumento dessa propaganda, vindo inclusive de setores extremamente reacionários como alguns veículos da imprensa burguesa, nada mais é do que uma tentativa de confundir o movimento negro no Brasil, com o intuito de esvaziar o significado político dos movimentos e criar a ideia de que a única saída para a população é uma luta individual.
O que a esquerda pequeno burguesa não entende, ou então, faz questão de não entender, é que assim como todos os movimentos de luta no mundo, o movimento negro está inserido dentro da luta de classes, pois ainda vivemos em uma sociedade de classes. O pequeno burguês tenta travar uma luta pelo “empoderamento feminino” contra o machismo e uma luta contra a chamada “branquitude”, como se vivêssemos em um mundo sem classes sociais, em que o único problema da humanidade é a sua identidade, a maneira como aparece para os outros e etc. Isso tudo não poderia estar mais afastado da realidade.
A maioria da população brasileira é negra, com cerca de 54% do total de indivíduos no país. Sendo assim, a maioria esmagadora da classe trabalhadora no Brasil é negra. É essa parcela da população que mais sofre com a perseguição da polícia, com as prisões, com a falta de empregos, com a falta de saúde (principalmente no atual momento), com a fome, com a falta de moradia e etc.
Tentar fazer, como a imprensa burguesa e os ditos “militantes antirracistas” da pequena burguesia fazem, restringindo a luta de mais de 100 milhões de pessoas a uma luta contra ofensas pessoais e por uma maior participação cultural na própria imprensa que nega isso aos negros, é não só despolitizante, como também uma prática genocida contra a população.
A pequeno burguesia é uma classe que não visa uma alteração real no modo como vive a população, já que ela participa da opressão contra os trabalhadores. A luta dessa classe, muitas vezes, adquire um caráter individual, na busca por cargos de emprego, por posições políticas dentro da sociedade capitalista e etc, como podemos ver nos próprios partidos pequeno burgueses, que lutam somente através das eleições e investem pesado na propaganda individual de seus candidatos, ao contrário de uma luta real e através do próprio partido. Sendo assim, a pequena burguesia tenta travar uma luta individual fazendo demagogia com a população negra, buscando mais “representatividade”, “lugar de fala” e etc.
A própria história da população negra no Brasil combate essa ideologia pequeno burguesa, já que a luta da população negra passou por inúmeros momentos de combate contra a opressão da classe que a oprimia, como durante o período da escravidão, como durante a revolta da chibata e etc.
Sendo assim, é necessário que o povo negro se mobilize por aquilo que causa toda essa opressão, o capitalismo. A população negra deve lutar contra a máquina estatal que a oprime, contra a existência da polícia, contra a imprensa burguesa e contra a burguesia. Só através dessa luta é que é possível a liberdade total da população negra.