Se por um momento de devaneio pudéssemos imaginar uma reviravolta na situação política do ponto de vista de uma racha de grandes dimensões na aliança golpista e que, por força dessa crise, um monopólio de comunicação, como uma rede de televisão, por exemplo, fosse impelida a denunciar o golpe, possivelmente o “calcanhar de Aquiles” das inúmeras falcatruas, arbitrariedades e manipulações a ser denunciado em primeira-mão seria a “República de Curitiba” e o seu cafetão, o juizeco Sérgio Moro.
Moro é aquele tipo de charlatão escolhido a dedo e treinado pelos “donos do golpe”, para fazer todo tipo de jogo sujo sem um mínimo de escrúpulo, justamente porque é só uma casca enxertada pelo que os seus patrões querem que ele seja, uma espécie de “boneco de ventríloquo” que projeta a voz do seu criador.
É justamente pela carta branca assinada pelos “donos do golpe” para Moro e sua trupe e pela campanha gigantesca dos monopólios de comunicação em dar grande destaque monopólios às ações que vêm no sentido de aprofundar o golpe e encobrir as dezenas de denúncias sobre todo tipo de falcatruas e da política rampeira característica dos movimentos corruptos.
Moro ganhou destaque como a figura responsável por “condenar por corrupção” Lula, o maior líder popular do país e a maior expressão da luta contra o golpe. A condenação e prisão de Lula foi peça-chave na busca dos golpistas em institucionalizar o golpe pelas eleições. Para que a imprensa venal pudesse manipular a opinião pública dando como verdades indícios de irregularidades absolutamente inconsistentes, prender e torturar psicologicamente políticos e empresários para delatarem Lula e o PT sem nenhuma prova material, rasgar a Constituição, enfim impor uma arbitrariedade sobre a outra para encenar a legalidade da prisão de Lula.
Mas o circo de Moro não vive simplesmente das grosseiras ilegalidades que dão sustentação ao golpe. Como políticos rampeiros, a “República de Curitiba” se assemelha em tudo à gangue de Collor de Mello e PC Farias, em tempos idos conhecida como a “República de Alagoas”.
Essa figura que a direita procura apresentar como um paladino da moral e dos bons costumes contra a corrupção, tem o seu “ganha pão caseiro”. Aqui nem falamos das graves denúncias com provas materiais do ex-advogado da Odebrecht e da UTC, o espanhol Tecla Duran, que acusou Moro e seus sócios de venderem sentenças favoráveis aos acusados por corrupção pela Lava-Jato por caixa da 2, em troca do pagamento de comissões.
No caso mais recente, o juiz da moralidade, ídolo dos coxinhas, recém convidado para ministro da Justiça, entrou em férias para ficar por conta de montar o seu gabinete no futuro governo do golpista Bolsonaro. Novamente, nesse aspecto, tem um gritante escândalo político. Se existisse um mínimo de legalidade no país, Moro teria que ser processado e Lula colocado em liberdade imediatamente. Como que um juiz condena e prende o principal candidato adversário do candidato “vencedor”nas eleições e ao final delas se transforma em ministro? Apenas em um país transformado pelo golpe em republiqueta de bananas isso é possível. Mais voltemos ao comezinho do ministro da moral e dos bons costumes.
É absolutamente ilegal um juiz entrar em férias para exercer uma atividade política. Com a “lei Moro”, qualquer juiz tem o direito de negociar sua futura participação em determinado governo e legislar até o momento de assumir o cargo.
A situação é tão escancarada, que há poucos meses, Moro, que encontrava-se em férias, justificou sua intervenção para caçar habeas corpus favorável à liberdade de Lula, expedido pelo desembargador do TRF4, Rogério Favreto, utilizando o argumento do STF, que em 2008 considerou que”o juiz, mesmo em férias não perde a jurisdição”. Ou seja, com base nas leis, Moro está ilegal, com base no entendimento do STF, Moro está ilegal!
Mas qual a importância? Sérgio Moro é a imagem do golpe. Tudo que é ilegal deixa de ser se atende aos interesses do golpe ou da quadrilha, essa verdadeira, que está tomando o país de assalto.