Um levantamento dos mortos pelo coronavírus realizado pelo governo do Espirito Santo escancarou a desigualdade racial na forma em que a doença atinge a população. De acordo com os dados apontados, os negros lideram o número de mortos no estado, com o índice de 42,8%, enquanto isso os brancos apresentam a taxa de 19% dos mortos e a população de origem oriental 7,9%.
Fica evidente que o coronavírus não é uma doença democrática, a população pobre, a classe trabalhadora, em particular os negros, que em sua maioria enfrentam uma situação de miserabilidade no país, liderando por exemplo o elevado índice de desempregados, são os mais atingidos não só pela doença, mas principalmente pela política genocida levada a cabo pelos governos golpistas de deixar a maior parte da população morrer sem qualquer assistência.
Diante desse quadro, organizações que representam o movimento negro no Espirito Santo, como o Movimento Negro Capixaba, adotaram como resposta a esse problema a limitada política institucional. O Movimento Negro protocolou um ofício ao governador Renato Casagrande, do PSB, solicitando que o mesmo disponibilize os dados de mortos por COVID-19 no estado, com a identificação racial, além da criação de um canal permanente de interlocução com o Comitê de Operações Especiais, o COE.
No ofício, o Movimento Negro também pede para que o governo estadual revogue o decreto de reabertura do comércio.
Trata-se de uma política não só limitada, mas inócua, pois se baseia estritamente na via institucional, exigir pelas vias legais que o governo, responsável direto pelas mortes dos negros, faça alguma coisa para conter o massacre.
Por outro lado a Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas (ABRACIM-ES) encaminhara oficios à Assembleia Legislativa do estado e à Secretaria do Estado da Saúde cobrando medidas para conter o avanço da pandemia entre os negros e a população de periferia.
É preciso ressaltar que a política institucional, em destaque para o Movimento Negro Capixaba, não irá resolver o problema. É preciso mobilizar a população nas periferias, principalmente os negros para exigir por meio da força popular todas as garantias necessárias para preservar a vida do povo pobre e preto.
É preciso impulsionar a organização dos conselhos populares nos bairros pobres para colocar em prática esta luta.