Desde que se tornou público o caso da garota de 10 anos de idade estuprada que engravidou e foi submetida a um procedimento de aborto amparado por lei e com autorização judicial, abriu-se um debate sobre o assunto, chamando atenção principalmente a posição totalmente ofensiva da extrema-direita. Foi neste contexto que representantes das atrasadas instituições religiosas expuseram todo o seu reacionarismo com declarações absurdas sobre o caso e indo além das declarações estiveram na linha de frente nos ataques ao hospital que realizou o aborto.
Foram inúmeras as declarações reacionárias dentro da direita, em especial na extrema-direita religiosa, defendendo os interesses não só da igreja mas também da burguesia contra o direito da mulher ao aborto, para isto foi utilizado um tom especialmente agressivo contra a menina que foi submetida ao aborto e contra profissionais que o realizaram.
O Arcebispo de Olinda e Recife onde o procedimento de aborto foi realizado, afirmou: “Este ato, mesmo com autorização judicial, não deve ser feito por uma pessoa de fé ou até incrédula consciente, por uma questão de respeito à Lei de Deus ou simplesmente por princípio ético, baseado no valor inviolável da vida”. Isto após grupos religiosos comandados pelas igrejas católicas e evangélicas terem comandando um ataque ao hospital onde o aborto foi realizado, onde tentaram invadir o prédio e agredir médicos, além de proferir ofensas à garota estuprada.
Outro membro da igreja católica, o padre Ramiro José Perotto do MT, foi mais adiante e proferiu comentários de cunho ainda mais ofensivos, retrógrados e repugnantes: “Aposto, minha cara. Ela compactuou com tudo e agora é menina inocente. Gosta de dar então assuma as consequências”, “6 anos, por 4 anos e não disse nada. Claro que tava gostando. Por favor kkkk, gosta de dar, então assuma as consequências”.
As posições da igreja diante dos acontecimentos, que não só se colocou contra a interrupção da gravidez por motivos desprovidos que qualquer critério real, se baseando no “respeito à lei de Deus” com o argumento medíocre da inviolabilidade da vida aplicado apenas ao feto e jamais à gestante, mostrando como é uma instituição extremamente retrógrada; mais que isso assumiu um caráter antidemocrático, agressivo e tirânico afirmando que uma criança gostou de ser estuprada e tentando obrigá-la a manter a gravidez mesmo quando a lei burguesa autoriza o aborto.
Fica evidente, embora se tente esconder, que a igreja é uma inimiga das mulheres e um obstáculo na luta pela conquista de seus direitos fundamentais. A igreja que é contra o direito da mulher de abortar é a mesma que ensina e defende a submissão da mulher ao lar e à família; desta forma o único intuito da igreja é preservar os interesses da própria burguesia, ou seja, que as mulheres sendo obrigadas a ter filhos se mantenham inevitavelmente presas ao lar e à família e com isso sobretudo se vejam impedidas de participar ativamente da luta contra a burguesia que a oprime.