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Petrobrás

“A greve no setor das empresas públicas estatais é uma obrigação”

Deyvid Bacellar, coordenador geral da FUP, conta sobre a perseguição política e sobre o desmonte da Petrobrás

Deyvid Souza Bacelar da Silva, coordenador geral da Federação Única dos Petroleiros.

Na entrevista especial deste domingo, o Diário Causa Operária traz Deyvid Bacelar, coordenador geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP) desde 2020 e dirigente do PT em Feira de Santana/BA, que está sofrendo um processo de perseguição política por parte da direção golpista da Petrobrás. Na conversa, que aconteceu na terça-feira do dia 13, Bacelar relatou as arbitrariedades praticadas contra ele e também contra seus companheiros. Deyvid também falou sobre os ataques à categoria e contra a gigante estatal brasileira desde o golpe de Estado de 2016, que derrubou a presidenta Dilma Rousseff e impediu Lula voltar à presidência em 2018.

Deyvid Bacelar iniciou sua trajetória no movimento sindical como dirigente no último mandato do Sindicato dos Trabalhadores do Ramo Químico e Petroleiro do Norte/Nordeste, uma grande organização de ramos filiada à Central Única dos Trabalhadores (CUT) que existiu por 10 anos. Nesse gigante, que foi fundamental na luta contra o Carlismo na Bahia e que sofreu um processo de segregação em 2011, estavam trabalhadores dos ramos químico, petroquímico, petroleiro, bem como, trabalhadores da vela, sabão, vidro, papel, entre outros tantos. Em 2014, Bacelar se tornou coordenador geral do Sindipetro/BA e, em 2017, foi reconduzido ao posto.

O atual coordenador geral da FUP nos conta na entrevista que, apesar de buscarem meios administrativos para o demitirem, os motivos reais são políticos. A privatização da Petrobrás está no centro dessa luta política que se desenvolve. Foi aberto um judicial, sem qualquer processo administrativo anterior, com base em “agressão verbal” contra um gerente e do uso indevido de “informações confidencias”. A direção golpista da Petrobrás determinou, de maneira arbitrária, a suspensão imediata de Deyvid pelo período de 29 dias. Bacelar denuncia a farsa montada para persegui-lo e o desrespeito aos seus direitos.

Paulo Roberto Nunes Guedes, economista neoliberal, ministro da economia do governo Bolsonato.

“O planejamento deles é uma demissão por justa causa. Pra isso, tem que ter todo aquele processo, pra verificar se houve falta grave ou não, é um processo judicial… sem me dar o direito da ampla defesa, do contraditório, num processo administrativo interno, não houve absolutamente nada disso… nas várias denúncias que foram feitas… Os motivos reais são as lutas que estão sendo feitas pela categoria… desde o governo Bolsonaro ser instalado… a gente tem feito enfrentamento ferrenho ao processo de privatizações que está posto, principalmente agora com o Paulo Guedes, desde 2019 no Ministério da Economia”.

O petroleiro da FUP fala também sobre outros casos de perseguição ao direito de greve dentro da Petrobrás. Na greve de fevereiro de 2020, que perdurou 21 dias, foram demitidos 17 companheiros que lutavam contra o fechamento da Fafen-PR. Bacelar relatou o caso de Vagner Jacinto, dirigente do Sindipetro CE/PI, que ainda não foi readmitido, por denunciar demissões e o fechamento de uma unidade da BR Distribuidora. E, entre os casos de suspensões, argumentou sobre o caso de Luciano, dirigente do Sindipetro Caxias-RJ, que publicou denúncia sobre as causas de um acidente conforme a comissão de investigação.

Greve de 2020 mobilizou mais de 21 mil trabalhadores da Petrobrás em 121 unidades, em 13 estados do país.

Sobre as perseguições, expôs o caráter persecutório da direção de Roberto Castello Branco: “Então isso vem acontecendo de forma reiterada. Além dessas punições, que foram dadas de fato, as ameaças são feitas o tempo inteiro… durante a greve, pegaram cada trabalhador e trabalhadora e perguntaram: ‘e aí, você é grevista?’, ‘você está participando da greve?’, ‘é o seguinte, porque os que estão participando da greve, tem aqui o nosso código de ética, as normas, os procedimentos e pode acontecer do trabalhador tomar uma advertência, uma suspensão e até uma demissão’, ameaçando assim, na cara dura”.

A direção da Petrobrás aplica uma política que dispõe de uma série de mecanismos para impedir que os trabalhadores se organizem em torno de suas reivindicações fundamentais, as migalhas ofertadas na forma de bônus escondem a precarização das condições de vida dos trabalhadores da categoria. A PLR (Participação nos Lucros e Resultados) dos trabalhadores, que é uma migalha a ser distribuída dos lucros, foi substituída pela imposição do PRV (Programa de Remuneração Variável), que atrela a distribuição dessas migalhas, de acordo com a produção individual. Agora é ainda pior, o PPP (Prêmio de Participação por Performance) pode garantir dessas migalhas mais de 10 salários.

Roberto da Cunha Castello Branco, ex-presidente golpista da Petrobrás.

O home office também é um fator desagregador, sobre o qual, a direção golpista, de forma unilateral, deliberou a questão. Evidentemente, não se trata de cuidar da saúde dos trabalhadores da Petrobrás na pandemia, mas dificultar a organização de uma greve enquanto a direção da empresa destrói as condições de vida da categoria e também liquida setores da gigante estatal. Neste sentido, a abertura de transferências de trabalhadores de todas as regiões do Brasil para o Rio de Janeiro e São Paulo também é parte da preparação da entrega e do desmantelamento atual da Petrobrás.

Sobre a questão da COVID-19, Deyvid diz que “o medo da contaminação é grande na categoria, até porque hoje, mais de 13% da categoria foi contaminada, um número altíssimo”. Bacelar denuncia também que as máscaras sanitárias contendo mensagens políticas, tem sido motivo de coação por parte da gerência da empresa, um claro ataque ao direito de livre manifestação dos trabalhadores. Ainda sobre a pandemia, vale dizer que a unidade da Fafen-PR, que foi simplesmente desativada, poderia produzir mais de 30 mil metros cúbicos de oxigênio, fazendo um paralelo, pouco mais de 2 horas, seria suficiente para abastecer Manaus-AM por um dia.

Plataforma P-36, Campo de Roncador, na Bacia de Campos, depois de três explosões, que deixou 11 trabalhadores mortos de 175 que estavam a bordo, afundou em 2001.

Sobre a questão dos salários da categoria, explicou “que de 2015 pra cá, nós tivemos somente reajustes inflacionários, não houve nenhum ganho real”. Sobre o plano de saúde disse “Nossas contribuições aumentaram muito… tem gente que não aguenta pagar a verdade é essa, principalmente pensionistas, pessoas com salários mais baixos. Também relatou, sobre o problema das demissões, que “se pegarmos de 2016 pra cá, já são quase 20 mil pessoas que saíram e não temos concurso público. Não há reposição desses quadros, o efetivo está sendo reduzindo a um ponto de hoje nós termos, por exemplo, na refinaria a sobrecarga de trabalho com poucas pessoas, o que pode gerar acidentes, como gerou no final da década de 1990, início de 2001”.

O coordenador geral da FUP também narrou cronologicamente acontecimentos importantes relacionados a pilhagem e destruição da Petrobrás:

  • Governo Lula anuncia descoberta do Pré-Sal (2006)
  • Halliburton desaparece com HDs da Petrobrás contendo informações sigilosa sobre a Bacia de Santos (2008)
  • Reativação da 4ª Frota dos Estados Unidos no Atlântico Sul (2008)
  • Conferência sobre lavagem de dinheiro com a participação de Sérgio Moro e DEltan Dallagnol (2009)
  • Wikileaks denuncia conversa entre Jose Serra (PSDB) com executivos da Chevron se comprometendo a entregar o Pré-Sal (2010)
  • Edward Snowden revela que a espionagem da NSA (Agência de Segurança Nacional dos Estado Unidos contra Dilma se estendia por todo governo e Petrobrás (2013)
  • A embaixadora estadunidense, Liliana Ayalde, que articulou golpe contra o presidente, Fernando Lugo, no Paraguai, assume o posto no Brasil (2013)
  • Deflagração da Operação Lava-jato (2014)
  • Golpe de estado contra Dilma (2016)
  • Aprovado projeto de entrega do Pré-Sal, autoria de Serra (2016)
  • Leilão de 45 bilhões de barrias de petróleo (2016-2020)
Sérgio Moro e Deltan Dallagnol, agentes do imperialismo dos Estados Unidos, que coordenaram a farsesca Operação Lava-jato, para pilhar a Petrobrás e destruiar parte da economia nacional.

Sobre a luta contra o governo Bolsonaro e o golpe de estado, afirmou “se não temos condições de fazermos uma greve geral, da classe trabalhadora, por conta das fragilidades que estão postas… 40 milhões de desempregados, um exército de reserva grande, é óbvio que o trabalhador do setor privado terá dificuldades de fazer uma greve… Mas no setor das empresas públicas estatais e serviços públicos seria uma obrigação. A gente ter uma greve pra pelo menos puxar quem vem, uma greve nas empresas públicas estatais e nos serviços públicos, é mais do que necessário”.

Deyvid Bacelar também destacou a importância da imprensa do Partido da Causa Operária, na cobertura e divulgação a greve dos trabalhadores da Petrobrás, em fevereio de 2020, que junto a TVT e 247, cumpriu a função de fazer chegar ao conjunto de imprensa progressista, para depois, finalmente, furar o bloqueio que a grande imprensa, controlada pela burguesia, impõe aos movimentos de luta da classe operária. A entrevista contém importantes informações e vale ser conferida na íntegra.

Diário da Causa Operária: O que vem acontecendo na Petrobrás, essa perseguição a você como dirigente da FUP, uma perseguição política. Queria que você explicasse para entendermos melhor o que tem por trás disso, você tomou 29 dias de “gancho”, um dia a mais e você perderia o emprego. Qual é o pano de fundo dessa perseguição política?

Deyvid Bacelar: Na verdade, é exatamente isso, que a gente até obteve de informações do RH, a partir de algumas pessoas que lá ainda estão, de que de fato o planejamento deles é uma demissão por justa causa. Para isso, tem que ter todo aquele processo, para verificar se houve falta grave ou não, é um processo judicial mesmo, mas eles estão preparando a partir dessa suspensão de 29 dias, sem qualquer processo, sem me dar o direito da ampla defesa, do contraditório, num processo administrativo interno, não houve absolutamente nada disso. Fiquei sabendo que me enviaram uma mensagem pelo Whatsapp, dizendo que precisava ir para a refinaria para uma reunião com a ISC (Inteligência e Segurança Corporativa da Petrobras), sem explicar nada e nem dizer o que era. É óbvio que eu não fui até porque nunca recebi essa mensagem. Na verdade, o que foi feito, apesar de alegarem que houve uma agressão verbal minha para com o gerente geral e o uso de informações confidenciais nas várias denúncias que foram feitas, os motivos não são esses. Os motivos reais são as lutas que estão sendo feitas pela categoria. Então, desde o governo Bolsonaro ser instalado, infelizmente, pela maioria dos que votaram com uso de fakenews, a gente tem feito enfrentamento ferrenho ao processo de privatizações que está posto, principalmente agora com o Paulo Guedes, desde 2019 no Ministério da Economia. São lutas que vão na área jurídica, são inúmeras ações judiciais, várias ações judiciais e escritórios competentes, que tem dado trabalho à gestão, Castello Branco caiu ontem por sinal, ações políticas a partir das nossas articulações, não somente com o PT, mas com partidos de oposição e alguns partidos que, apesar de não defenderem a bandeira contra privatizações, têm parlamentares que são contra a privatização de ativos da Petrobras em seus estados. Então, a partir destas articulações, nós conseguimos promover dois movimentos importantes do congresso nacional contra essas privatizações. O primeiro grande movimento, na época que Davi Alcolumbre era o presidente do Congresso Nacional, fez uma reclamação ao Supremo Tribunal Federal (STF), questionando a venda dessas refinarias, não somente da RLAM (Refinaria Landulpho Alves), mas porque estavam criando subsidiárias para vendê-las. A gente entrou com uma medida cautelar e o que foi julgado no STF, não foi o mérito da reclamação do Congresso Nacional, mas a medida cautelar que nós pedimos, que foi indeferida. E mais uma vez, foi na quinta-feira da semana passada (dia 8), o Congresso Nacional se movimenta junto ao Supremo Tribunal Federal com a mesma reclamação, que agora é pior por tratar da criação de subsidiárias posteriormente à decisão do STF, uma decisão sobre uma medida liminar, e a criação de uma subsidiária de forma muito precária, tem uma série de problemas constituídos nessa subsidiária, que é a refinaria Mataripe S/A, que é o nome que eles estão dando a esse novo ativo da empresa mãe Petrobras. Ela não era uma subsidiária antes dessa decisão, sob a liminar do STF. Além de outras questões, tem projetos de lei tramitando, decretos legislativos tramitando, tudo isso por iniciativa da FUP e de seus sindicatos, ou seja, da categoria petroleira. Então, luta no campo jurídico, luta no campo político e luta no chão da fábrica. Inúmeros movimentos a gente vem fazendo. A greve de fevereiro, com certeza eles engoliram seco, porque o que nos ajudou foram magistrados, ou magistradas, na verdade, foram três mulheres, que respeitaram a constituição, respeitaram a legislação trabalhista, que garantiram o nosso direito, inclusive de ocupar aquele prédio da sede da Petrobras, onde ficamos por mais de 21 dias, e onde nos deu a possibilidade de levar a greve por todo esse período, ao ponto da gente ir pra um processo negocial, que garantiu pelo menos o cumprimento do que estava posto no acordo coletivo de trabalho com relação àquelas demissões, infelizmente, em massa que foram feitas ali na Fafen-PR. A greve, que nós estamos realizando agora, está suspensa por conta de uma sinalização de reabertura de renegociação, tanto na Bahia, quanto no Amazonas, São Paulo, Espirito Santos, Paraná, Pernambuco. A greve incomoda muito a gestão da empresa e durante o período de greve, nós fizemos uma série de denúncias. Uma denúncia grave com relação à venda da refinaria, que está sendo feita a preço vil, a preço de banana, menos da metade do valor da refinaria. Questionamos diversos órgãos, o Ministério Público Federal, TCU, CGU, CVM; questionamos o acordo da Petrobras com o CADE, na Justiça, tem ações civis públicas tramitando sobre isso. E questionamos quem é que está ganhando com isso. Esses questionamentos acabaram atingindo diretamente o Roberto Castello Branco, que era o presidente da Petrobras, e que de forma açodada, acelerada, fez com que o conselho, capenga, com quatro a menos, que haviam renunciado, aprovassem algo que a nova gestão deveria avaliar melhor e decidir sobre esse tema. Então, teve essa denúncia, que incomodou bastante eles, teve a denúncia com relação Insider trading, que foi praticado pela alta administração da empresa, as denúncias que nós fizemos, e que estão disponíveis, por sinal, em alguns veículos de imprensa, de que assessores do Roberto Castello Branco, utilizaram CPFs de pessoas próximas a elas para fazerem essa operação na bolsa de valores com ações da Petrobrás, a partir de informações privilegiadas. As ações despencaram, e nessa brincadeira ganharam 11 milhões de reais da noite pro dia. Essa foi a segunda denúncia. E a terceira que também, está incomodando e com certeza pode dar cadeia para alguns, é a denúncia a respeito do nosso plano de saúde. O Cláudio Costa, que foi indicado pelo Doria, amigo também do Roberto Castello Branco, braço direito do Castello Branco na Petrobras, fez uma operação, no plano de saúde, que está sendo questionada na Justiça, e que já tem uma investigação no Ministério Público Federal. Ele pegou a nossa carteira, que é uma das maiores do país, planos de alto gestão, por RH, as empresas públicas todas elas têm, esses planos de alto gestão por RH, e ele transfere essa carteira de 2,7 bilhões anuais para uma associação, que ele cria na verdade, no intuito, segundo áudios e documentos que nós temos e que estão nas mãos da justiça, dos órgãos fiscalizadores e investigadores, ele na verdade passa para a associação, no intuito dela depois ir para a iniciativa privada. Há interesses da Bradesco Seguros, há interesses da Sulamérica, e de favorecimento diversos de pessoas que estavam com ele há tempos atrás em outros espaços. Então, por conta destas denúncias e por conta das lutas nos diversos campos de batalha, eles entenderam que precisavam dar um recado à categoria intimidando-a: “olha estamos aqui punindo não é o David Bacelar”, não é essa questão, estão punindo aqui o coordenador geral da FUP que poderia ser outra pessoa, se fosse eleita em agosto de 2020, ano passado, estão punindo aqui o coordenador da FUP para dizer o seguinte: “não faça greve, não faça paralisação, não faça nenhum tipo de mobilização, porque se eu puni o coordenador da FUP, eu posso punir você”. Então, é uma intimidação explicita, escancarada, não é nem velada, então isso se materializa, como uma prática antissindical mesmo, diz respeito à legislação trabalhista brasileira, diz respeito às convenções que o Brasil é signatário, principalmente a 98 e a 135 da OIT (Organização Internacional do Trabalho). Você deve ter visto a repercussão disso, todas as centrais sindicais se manifestaram, os partidos de esquerda, todos os movimentos sociais, que nós temos vínculos e aproximação, praticamente todos, e até entidades sindicais internacionais, se manifestando contra essa prática antissindical, que é também um atentado à liberdade de expressão, à liberdade de autonomia sindical aqui no Brasil, e infelizmente é a prática de um governo apoiado por milicianos e que atua como se fosse uma milícia, utilizando a força que está em suas mãos. Então, infelizmente, na verdade, os motivos foram estes, não foram as ilações que eles deram de “agressão verbal”. Os vídeos mostram isso…

DCO: Isso nos faz lembrar o STF acusando o Daniel Silveira, por ter feito algumas agressões ao STF, e que se utilizou da LSN (Lei de Segurança Nacional), que é uma lei que, como sempre explicamos à esquerda, que o que bate em Chico, bate em Francisco também. Eles atacaram um deputado de segunda linha do bolsonarismo, mas que os ataques aos direitos de expressão e de manifestação, recairiam também sobre a esquerda, tanto que um companheiro nosso, o petista Rodrigo Pilha, está preso por conta dessa lei. Que é o que eles querem fazer também com os sindicatos...

DB: Sim…

DCO: David, além de você, existem outros companheiros que são perseguidos politicamente dentro da empresa, teve alguns outros companheiros que sofreram sanções também?

DB: Infelizmente sim, não agora neste exato momento, mas tivemos depois da greve de fevereiro do ano passado, 17 demissões, só para você ter ideia…

DCO: …dezessete? E não foram revertidas?

DB: …todas revertidas na Justiça. Todas. Tivemos os advogados da FUP e dos sindicatos locais atuando e todas elas foram revertidas. Os companheiros todos foram reintegrados à Petrobras, porque era um movimento paredista, pelo menos isso, a lei que não é boa, a lei de 89 pós Constituição de 88, tem uma série de problemas, devidos às conciliações diversas feitas, mas ela é clara, não pode haver punição dos trabalhadores grevistas, por conta da suspensão de seu contrato de um direito constitucional de greve. Então cometeram essa atrocidade, demitiram os 17 que eram grevistas, como comigo alegaram outros motivos, não alheios à greve, obviamente, não são tão bobos assim, mas o judiciário entendeu “Pô, os caras fizeram greve, vocês estão demitindo é por causa da greve não é por outro motivo”. Então esses foram reintegrados, temos um companheiro no Ceará, que por conta também, de uma manifestação dele mais contundente, mais incisiva, mas uma manifestação, a esposa dele era empregada da BR Distribuidora, que foi vendida… dissolvida na bolsa de valores, ninguém sabe quem é o dono da BR. A esposa foi demitida, assim como vários trabalhadores e trabalhadoras da Petrobras Distribuidora, e ele fez um protesto na BR Distribuidora contra essa demissão, o cara foi demitido por justa causa, na verdade é isso, tem um processo, uma averiguação, de falta grave, e ele está num limbo hoje, por conta dessa demissão, é diretor do Sindipetro-CE/PI, o companheiro Vagner Jacinto. O que eu lembro aqui, temos estes, mas além de demissões, que esses foram demissões, né? Suspensões como a minha, tem o companheiro Luciano, que é do sindicato de Caxias, ele tomou um gancho de 10 dias. Imagine só, porque ele participou de uma comissão de investigação de acidente, como representante do Sindicato, que o acordo coletivo de trabalho garante, e ele, obviamente, cumpriu o seu papel de dirigente sindical, divulgou o que gerou aquele acidente. Que foram as falhas da gestão.

DCO: E isso na gestão atual?

DB: Na de Castello Branco, isso foi no ano passado, agora durante a pandemia, com um incêndio gigantesco que houve na Reduc, a Refinaria Duque de Caxias, num rompimento de uma linha. Na verdade, a refinaria tem problemas demais, aquela ali principalmente, e quando ele disse qual foi a causa básica, com fotos do evento, as fotos ele mesmo tinha feito, eles disseram a mesma coisa que disseram para mim agora, que houve o uso de informações confidenciais que não poderiam ser divulgadas… o cara é dirigente sindical para quê? Se ele participa da comissão, se o acordo garante, ele tem que divulgar as informações, até que para evitar que elas ocorram. Então isso vem acontecendo, de forma reiterada. Além dessas punições que foram dadas de fato, as ameaças são feitas o tempo inteiro. Só para você ter uma ideia, durante a greve, pegaram cada trabalhador e trabalhadora e perguntaram: “e aí, você é grevista? você está participando da greve?”, “é o seguinte, porque os que estão participando da greve, tem aqui o nosso código de ética, as normas, os procedimentos e pode acontecer do trabalhador tomar uma advertência, uma suspensão e até uma demissão”, ameaçando assim, na cara dura. Isso durante a greve, e já há tempos, que a gente aqui distribui camisas, broches, máscaras, por conta da pandemia. Alguns gerentes, inclusive o da Bahia, que foi ele que assinou a minha suspensão, óbvio que não é ele que manda nada, quem manda é a alta administração, mas ele…

DCO: …é um pau mandado.

DB: …é, literalmente, é um jabuti que botaram na árvore. Ele tá lá por que alguém botou ele, competência não tem nenhuma para estar ali. Ele tem abordado vários trabalhadores, questionando o uso da máscara, e ameaçando: “olha, essa máscara você não pode usar, porque ela tem mensagem política, nosso código de ética não permite, ou você tira, ou você pode tomar advertência”, tá desse jeito. A gente denunciou no Ministério Público do Trabalho, estamos entrando com ação, mas sabe como é que funciona, né? Cada ação dessa, daqui até que se resolva, demora um bocado, mas as denúncias, pelo menos, a gente tem feito e alguns trabalhadores têm resistido, tem usado, porque é uma livre manifestação, né? Por sinal, é pessoal e silenciosa ainda, somente o que está na roupa e o que está na máscara.

DCO: Essa última greve tinha como pauta central a questão da privatização?

DB: A gente tem lutado contra o desmonte, a privatização do sistema Petrobrás, e por uma nova política de preços dos combustíveis. O TST já tem decisão em súmula dizendo que greve contra privatização é abusiva, ilegal, já está decidido. Em 2018, a gente entrou naquela greve com os caminhoneiros, por preços dos combustíveis, antes da greve começar já tinha uma decisão judicial, dizendo que a greve era abusiva, ilegal, e a gente não reverteu isso na SDC (Seção Especializada em Dissídios Coletivos, no pleno do TST, a gente tomou-lhe uma cacetada, 2 milhões e 400 mil reais. Nós temos pautas corporativas de fato, pautas trabalhistas, um comunicado de greve, uma pauta que vai acabar indo em algum momento para os tribunais regionais de trabalho ou para o tribunal superior. Mas lutamos também pelo fundamental, contra privatização e por combustíveis a preços justos.

DCO: A questão da adesão da categoria à greve, como é na Petrobras?

DB: Essa é uma grande questão, a gente se surpreendeu com a adesão em fevereiro de 2020, de fato foi gigantesca. A gente, não vou mentir pra você, não tinha essa expectativa, tivemos 21 mil pessoas aderindo à greve em 121 unidades do sistema Petrobras, em 18 estados do país. É um negócio grande. Tanto que teve impacto nacional essa greve. Demorou para ter uma visibilidade nacional, acho que vocês [Diário Causa Operária] inicialmente, a TV 247 e a TVT que davam a cobertura constante desde o início.

DCO: Que é a imprensa de esquerda…

DB: É, somente… Não, eram vocês três mesmo, não tinha mais gente. Quando chegou do 5º dia em diante, outras mídias de esquerda começaram a cobrir, este negócio foi crescendo, entraram nos blogueiros e chegou na mídia tradicional, mas depois só depois do 10º dia de greve…

DCO: Ou seja, furou o bloqueio.

DB: Furamos, demorou, mas furou. Mas se não fosse esse trabalho das mídias alternativas, dos blogues, dos sites de esquerda, a gente não conseguiria furar. Em fevereiro a gente teve uma adesão grande. Nesse ano, a gente tem vários fatores limitadores, o principal deles é a pandemia. O principal. Uma parcela significativa da categoria, em torno de 10 a 11 mil pessoas estão em teletrabalho, em home office, pessoas que atuam no administrativo, ou pessoas que são de grupos de risco, que atuam em área operacional. Teletrabalho sem negociação nenhuma com o sindicato, foi imposto pela gestão da empresa. A gente tentou negociar, puxou MPT (Ministério Público do Trabalho), e nada, a gente ainda não conseguiu resolver isso.

DCO: É uma maneira de desmobilizar, né, companheiro?

DB: Ah, sem dúvida. Você tirou as pessoas do contato direto com as direções sindicais. Então, ficaram as pessoas que estavam em operacional e numa condição diferenciada. Porque os regimes de trabalho também foram alterados de forma unilateral, as pessoas começaram a entrar em jornadas mais extenuantes de 12h, ao invés de 8h, tudo isso está judicializado, uma confusão sem tamanho, estou só resumindo. Além disso, o medo da contaminação é grande na categoria, até porque hoje, mais de 13% da categoria foi contaminada, um número altíssimo.

DCO: Eu ia te perguntar sobre isso.

DB: Um número alto. E com tendência de aumentar mais, porque as pessoas estão convivendo dentro de áreas operacionais confinadas com plataformas. Ou fechadas como refinarias, terminais, termelétricas, com muita gente dentro. A empresa cagou na nossa cabeça com relação ao que a gente vinha reivindicando, por sinal é uma das pautas corporativas, dentro daquela pauta, que a gente entregou à gestão da empresa, que já está no Judiciário. Tem essa questão, que é um fator limitador de fato, a pandemia. A gente faz atos gigantes lá nas refinarias, aqui na Bahia não é diferente. Essa questão mesmo da punição, a gente ficou aqui na dúvida – só um parêntese aqui – se a gente faria um ato ou não. Hoje a refinaria está com 3.500 pessoas trabalhando. Não em todos os horários, mas no total, dentro dos turnos, 3.500 pessoas. Pela manhã, a gente consegue abordar ali entre 1.500 a 2.000 pessoas. Então, a gente não seria irresponsável de fazer um ato na porta da refinaria, com 1.500 a 2.000 pessoas, é uma puta de uma aglomeração, a gente não faria isso. É um fator limitador de fato, você promover grandes assembleias, grandes atos, grandes paralisações. Concentrou gente, vai ter problema, é certo. Problema com as pessoas que vão se contaminar, problemas com a polícia que vai dissipar a aglomeração, problema com a justiça e por aí vai, tem vários problemas. Além desse fator limitador, infelizmente a gente teve um problema grave, que a gestão vem desde 2016 trabalhando a cultura organizacional da companhia. Você deve ter visto em outras empresas estatais, não é muito diferente. Então, as pessoas que vieram de fora, para o RH, para fazer a gestão de pessoas – gestão de pessoas uma porra – gestão de recursos humanos, tratam a gente assim mesmo.

DCO: Pra poder explorar mais, pra poder produzir mais, sem qualquer contrapartida para o trabalhador.

DB: Exatamente… Eles mudaram a cultura de uma forma, que infelizmente, eu não vou generalizar, mas uma parcela significativa, não maioria, acabou vislumbrando essas possibilidades que a meritocracia promove…

DCO: …essa questão que você coloca é o que acontece nos bancos públicos, por exemplo, onde eles estão tentando implantar um sistema de um PLR (Participação nos Lucros e Resultados) de acordo com a produção individual de cada um. Seria isso no caso de vocês?

DB: Exatamente. O negócio é até pior, pois eles se negaram a negociar conosco a PLR, que pra pagar precisa de negociação, negociação com os sindicatos ou negociação com a comissão de base, o nosso acordo não permite comissão de base, então é com o sindicato. Não negociaram conosco, eles implantaram de forma unilateral, sem discussão alguma, um programa de remuneração variável (PRV), que depois eles avançaram mais, agora criaram, é recente, tem 2 anos, o Prêmio de Participação por Performance (PPP). Aí, o céu é o limite. Eles pagam, e não é pouco, a partir das metas individuais da pessoa. Se é gestor, essa remuneração variável, essa PPP, pode chegar a 10,3 vezes a remuneração global dessa pessoa. Por exemplo, o Roberto Castello Branco (ex-presidente da Petrobras) ganha em torno de 130 a 150 mil reais por mês, ele pode levar até 1 milhão e 500 mil reais de PPP, por cumprir as metas. Isso, na estrutura, hoje são quase 4 mil pessoas com funções gratificadas, você compra quase todo mundo. O gerente da refinaria mesmo aqui, estou numa guerra com ele, pois eu uso os dados, a gente tem a informação, ele ganha 60 mil por mês, e eu não posso dizer isso? Tão dizendo que eu não posso dizer. Eu vou dizer, meu papel é dizer. Ganha 60 mil reais, ganha 700, sim 700 mil reais de PPP! Dependendo da pessoa vende até a mãe, pra ganhar esse dinheiro. Então, a pessoa está pouco se lixando se é pra vender refinaria, se o cara vai morrer de Covid, se vai ter acidente de trabalho, se vai explodir uma linha, se vai contaminar a Bahia de Todos os Santos, não está nem aí…. Então, essa cultura, infelizmente ganhou, uma maioria esmagadora do corpo gerencial – ganhou mesmo porque é muito dinheiro – e, infelizmente, uma parte da categoria que não tem função gerencial. É um valor menor, a relação piso/teto é totalmente discrepante, mas alguns ganham 20 contos, 30 contos, tem alguns que ganham até 40 contos, não é qualquer coisa. Então, alguns acabam se submetendo ao que a gestão determina. Esse é um outro fator limitador, que não atinge maioria, mas já atinge uma parcela maior que a gestão anterior. A gestão tinha sob controle somente as funções gratificadas, pois são cargos comissionados, que dependem de indicação gerencial. Hoje, não, além da função gratificada, tem aqueles que são comprados com a cultura da meritocracia, que a gente tenta combater, pois ainda temos maioria. Mas essa maioria já não é a mesma que nos dava vantagem em fevereiro de 2020. Ou seja, estamos falando de quase 1 ano. Nesse período conseguiram fazer um estrago em 1 ano.

DCO: São as táticas políticas da burguesia…

DB: O que é interessante ainda sobre isso, em 2020 nós conseguimos uma cláusula, que até então não tínhamos, creio que a única categoria que eu sei que tem, são os eletricitários – que é uma cláusula antiga deles -, só que a nossa, ficou redigida de tal forma, que acabou sendo diferente mesmo. Então, por conta da greve de 2020, nas negociações coletivas, nós garantimos um acordo de 2 anos, com alguns problemas de plano de saúde, liberações sindicais que perdemos, foram as duas perdas, digamos assim, que tivemos. A questão o plano de saúde foi grande, mas conseguimos uma cláusula de garantia de emprego. A companhia não realizará demissão sem justa causa até 31 de agosto de 2022. Eles não podem demitir ninguém até essa data. Nós pensamos que a cláusula seria um agente mobilizador, né? Na minha cabeça foi: “pô, o cara não pode me demitir, vou botar pra foder agora”, “agora é minha vez, agora vou tocar o terror”. Não. O que acontece é um processo, não na maioria, mas é naquele público que eles atingem, que a pessoa vê o quê: “pô, meu emprego está garantido, eu vou entrar nessa aqui, nesse negócio de vender patrimônio público, patrimônio do povo brasileiro, soberania nacional, soberania energética”. Não. Aí uma parcela o que que a empresa consegue fazer: “olha, você está aqui? eu tenho uma transferência pra você”, ” você pode ir lá pro Rio de Janeiro par trabalhar numa plataforma, trabalhar com prédio, seja lá onde for, tem vaga pra você”, “então se despreocupe com esse negócio dessa guerra das vendas das refinarias, porque você está com seu emprego garantido”. Então, teve um efeito reverso mesmo nesse processo, não vou dizer na maioria, porque a gente tem os guerreiros aqui que estão com a gente ainda, mas é mais uma parcela que é atingida junto com a meritocracia, junto com medo, junto com terror, com pavor, com terrorismo. Tem ainda essa questão de lhe dar algumas boias de salvação, mesmo as boias estando com problemas, porque eu quero ver aonde vai colocar tanta gente, só no Rio e em São Paulo, essa pergunta ninguém consegue responder, a conta não fecha, vai pegar gente do Amazonas, do Nordeste, do Sul do Brasil, e vão colocar todos no Rio de janeiro e em São Paulo? Quero ver como vão fazer isso.

DCO: Na verdade, o que você está falando é que eles vão privatizar todas as outras regiões, e ficariam só essas duas regiões centrais pra concentrar todo esse pessoal, sem ter a demanda pra todos. E então nessas outras regiões eles colocariam pessoas terceirizadas, contratada fora de concurso, pra obtenção de mais lucro, poderem explorar mais ainda esses trabalhadores. Seria isso?

DB: Exatamente. Já está acontecendo.

DCO: Eu queria que você falasse o que a categoria vem perdendo desde o Golpe de Estado, de 2016 pra cá, mais recentemente com governo Bolsonaro, que é uma continuidade do Golpe – uma vez que o presidente Lula foi preso pra que o Bolsonaro pudesse ganhar a eleição, e tocar adiante esse projeto de privatizar todo o país -, você já falou do plano de saúde, que é muito parecido com o que vem ocorrendo nos bancos públicos, um desmanche dos planos de saúde, que também acontece com os planos de previdência. Gostaria que você explicasse o que a categoria vem perdendo desde o início do regime golpista até esse momento?

DB: Especificamente, a categoria tem perdido alguns direitos que foram adquiridos ao longo da sua história. O primeiro é esse que você citou, a CGPAR (Comissão Interministerial de Governança Corporativa e de Administração de Participações Societárias da União), nº 22 e 23, trazem uma série de mudanças, para as empresas públicas estatais, a 23 com relação aos planos de saúde de autogestão. Na verdade, eles tentam aplicar desde as negociações coletivas de 2016 essas mudanças. Não conseguiram. Nem mesmo em 2019 conseguiram fazer isso. Mas em 2020, quando conseguimos a negociação de cláusula de garantia de emprego, tivemos um reverse com relação com relação à cláusula do plano de saúde. Quando observamos o cenário, a mudança que tinha havido no TST, principalmente na SDC (Seção Especializada em Dissídios Coletivos), a avaliação nossa foi de que não valeria a pena ir para o tudo ou nada, ir para um cenário de terra arrasada, optamos por não fazer isso e ir para a mesa de negociações, onde você sede de um lado e ganha do outro, e foi o que acabamos fazendo. A gente vai à assembleia, a categoria entende a conjuntura o que é que está posto, os limites que estavam sendo sinalizados e aprova aquele indicativo nosso de aceitação da proposta da empresa, com essa perda do plano de saúde, nós não escondemos isso, explicamos bastante, deixamos isso bem explícito. E na época estávamos observando o que estava acontecendo com os companheiros e companheiras dos Correios, que, infelizmente, foram compelidos, diferente da nossa situação, a irem para o tudo ou nada, pois não haviam negociações, havia um desrespeito total a uma mediação do TST, a uma proposta que foi feita, e não andou nada. E num dissídio coletivo a gente viu o que aconteceu, aconteceu o que nossos advogados estavam nos alertando, a subseção está com a composição completamente desfavorável à classe trabalhadora, por conta dos ministros que foram ali colocados, e quase metade do acordo dos companheiros dos correios foi dizimado. Então, tivemos essa perda no plano de saúde, por uma opção observando a conjuntura. Nossas contribuições aumentaram muito, nossa participação já está em 60/40, em janeiro do ano que vem, se a CGPAR não cair. Como é que vai cair? Só se derrubar o presidente. Vai virar 50/50 de coparticipação, tem gente que não aguenta pagar a verdade é essa, principalmente pensionistas, pessoas com salários mais baixos. Esse foi um dos direitos, o outro foram as liberações sindicais, a categoria perdeu a possibilidade de ter mais dirigentes sindicais liberados, atuando no dia a dia das questões dos trabalhadores e nas negociações que são feitas, tanto nacionalmente como locais que acontecem. Além disso, desde 2016 nós temos tido problemas com relação aos reajustes, a questão financeira mesmo. Se a categoria, teve ganhos reais de salários, de 70% acumulados de 2003 a 2014, é verdade também, que de 2015 pra cá, nós tivemos somente reajustes inflacionários, não houve nenhum ganho real…

DCO: …e cá entre nós, é um índice maquiado, totalmente falsificado, a gente acompanhou reajustes de 1%-1,5% com base na inflação, mas a gente sabe que não corresponde à realidade. É só ir ao mercado e ver os preços que se está pagando pelos alimentos…

DB: …então, os prejuízos para a categoria foram estes, que se a gente compara com a classe trabalhadora brasileira, a discrepância é enorme. Mas para a categoria petroleira, sim, são perdas significativas, principalmente pelo histórico que há nesse acordo coletivo, construído há anos, são lutas históricas da categoria, que constituíram esse acordo coletivo de trabalho, que é um dos mais justos do país. Então tivemos esses principais problemas. Além de outras questões, as mais relevantes de fato são as que citei aqui, há uma outra relativa a efetivos, ao número de pessoas em áreas operacionais. Hoje nós temos unidades operacionais, como plataformas, refinarias, terminais, principalmente, que estão com efetivos baixíssimos. O acordo coletivo traz uma possibilidade de negociação a respeito desse tema, mas a empresa não cumpre essa cláusula do acordo. É um processo que está até judicializado, mas ao longo dos anos nós vemos isso, que há saídas de pessoas, via planos de demissão voluntária, se pegarmos de 2016 pra cá, já são quase 20 mil pessoas que saíram e não temos concurso público. Não há reposição desses quadros, o efetivo está sendo reduzindo a um ponto de hoje nós termos, por exemplo, na refinaria a sobrecarga de trabalho com poucas pessoas, o que pode gerar acidentes, como gerou no final da década de 1990, início de 2001. Esse é um problema bem crítico que a gente tem sinalizado, mas nenhum órgão fiscalizador dá a atenção devida, e muito menos a Justiça burguesa tem nos atendido com relação a esse tema.

DCO: Você falou sobre o Roberto Castello Branco, que realizou manobras contábeis, assaltando a empresa, teve também a questão da Lava-Jato, que prejudicou em muito a Petrobras. O próprio Castello Branco prestando contas em Nova York; na verdade esses caras trabalham para agentes de fora do país. Você poderia falar um pouco dessa realidade sobre o que a Petrobras vem sofrendo, enquanto instituição, as suas contas e tudo mais? Com esses verdadeiros bandidos acabam entregando o nosso patrimônio ao estrangeiro?

DB: A gente vem denunciando esse tema da Lava-jato há tempos. Desde o ano passado, temos tido boas novas com relação às denúncias, que têm sido feitas pelo The Intercept e agora também pela mídia tradicional. O Dieese fez um estudo sobre os impactos da Operação Lava-Jato na economia brasileira, segundo eles, foram 4 milhões e 400 mil empregos que foram extintos, postos de trabalhos que deixaram de existir no Brasil…

DCO: …um ataque gigantesco à classe trabalhadora.

DB: …total, em toda essa cadeia produtiva, do setor de petróleo e gás, onde você tem metal mecânico, construção civil, serviços, uma infinidade. E também, da constrição civil. Então, temos certeza, como você colocou, que essa operação faz parte do que o Imperialismo vem fazendo em outros países. Não se usa mais guerras bélicas, com balas de canhão, tiros de fuzil, isso é coisa do passado, agora são as guerras híbridas, que têm sido feitas em vários países e, principalmente, na América Latina. E não é à toa. A nova fronteira exploratória de petróleo e gás no mundo está aqui no Atlântico Sul, está no Brasil, principalmente com o Pré-sal brasileiro. E a Lava-Jato cumpre esse papel. Tem uns eventos históricos, que é importante lembrarmos, temos a descoberta do Pré-sal em 2006 no governo Lula, na gestão de José Sérgio Gabrielli (ex-presidente da Petrobras). Em 2008, aconteceu aquele fatídico roubo dos HDs e computadores que a Halliburton (segunda maior companhia de serviços do mundo, e que era responsável pelos computadores que continham informações da Petrobras) tinha sob seu controle. Naqueles HDs haviam uma série de informações sigilosas do Pré-sal, da bacia de Santos e que até hoje nunca conseguiram explicar o ocorrido. A Polícia Federal deveria estar investigando essa espionagem industrial, mas, não, trata como a questão como se fosse apenas mais um furto comum. Naquele mesmo ano de 2008, tivemos a reativação da 4ª Frota dos EUA aqui no Atlântico Sul. E que não é uma movimentação à toa, é por conta da nova geopolítica que está se estabelecendo com a descoberta do Pré-Sal aqui no Brasil. Em 2009, corroborando com o que foi dito por você, nós temos uma conferência sobre lavagem de dinheiro no Rio de Janeiro, e quem estava envolvidos?: o Sérgio Moro, o Deltan Dallagnol, todos aqueles da República de Curitiba, participando dessa conferência, que o imperialismo trouxe pra cá, nada foi à toa. E como é que um ministro da Justiça não enxerga isso tudo? E faz o que precisava fazer?…nas barbas dele e ele não fez nada, tudo acontecendo, sinceramente…

DCO: …foi como você falou, quando se rouba e a Polícia Federal sabe que estão roubando, essa empresa roubou informações sigilosas para entregar para fora, não tem como acreditar nas instituições… deram um golpe de estado no país justamente para levar tudo com aval das autoridades…

DB: …então tem 2009 isso, em 2010 tem o episódio do Wikileaks, que divulgam as conversas do José Serra com executivos da Chevron, dizendo que ele se comprometia a entregar o Pré-Sal caso ganhasse as eleições. O sacana não ganha em 2010, não ganham as eleições em 2014, porém com o golpe de estado de 2016, quem vai para o ministério das Relações Exteriores?: José Serra.

DCO: …o PSDB no final das contas cumpre essa função, foram eles que deram o golpe…

DB: …sim, exatamente, vide Aécio e cia limitada. Então, em 2010, o Wikileaks mostra o que estava acontecendo. Em 2011 e 2012, a gente tem um processo interessante, os EUA, China, Noruega, França vindo ao Brasil demonstrando interesse nessa nova fronteira exploratória, que é a maior do mundo hoje, estando atrás somente do que está nas mãos da Venezuela e da Arábia Saudita, que ninguém ainda conseguiu tomar. Então aonde é que está mais fácil? É essa aqui, essa gigante que é a 3ª maior reserva do mundo. Em 2013 tem o Snowden, tem um filme que mostra isso, denunciando que, não era somente a Dilma que estava sendo espionada, mas altos dirigentes do governo, o Ministério de Minas e Energia e a própria Petrobras. O cara mostra isso, em 2013, ainda nesse ano, antes da famigerada Jornadas de Junho, há uma mudança importante no Brasil, onde trazem uma embaixadora que ajudou no golpe de estado do Paraguai, que derrubou o Lugo. Ela vem pra cá ajudar nesse processo todo e a gente pensando que era sobre a questão dos preços da passagem de ônibus…

DCO: Na época a gente falou dela, que ela atuou no golpe do Paraguai, ela vem pro Brasil, tinha relações com o PSDB, Temer…

DB: Já em 2014, começa a Lava Jato. Com a primeira fase dela que faz esse arruaço nas grandes empresas brasileiras. Lembrando que duas delas gigantes aqui da Bahia: Odebrecht e OAS. Quebraram elas. Você passa aqui na sede da empresa, que era um prédio gigantesco na Avenida Paralela aqui em Salvador, está fechada. A empresa não existe mais. Os caras destruíram. A Odebrecht estava na África, estava em toda América Latina, estavam construindo portos até nos EUA. E os caras destruíram tudo isso. Esse foi o papel da Lava-Jato…

DCO: …destruir a economia nacional, né?

DB: …e pra Petrobras o efeito foi devastador. Para os trabalhadores então, que tinham emprego e renda gerado por essas atividades da Petrobras…Em 2013, a Petrobras investiu 48 bilhões de dólares no ano. Nos governos do PT foram investidos em torno de 35 bilhões de dólares por ano. Agora, em 2020, o investimento foi só 8 bilhões. De 48 para 8 bilhões…Isso é devastador para a economia. Quem ajudou nisso? A Lava-Jato. A Operação cumpriu esse papel de riscar a imagem da Petrobras, na abertura do Pré-Sal para outras empresas petrolíferas internacionais, de 2016 pra cá, 45 bilhões de barris de petróleo – dos quase 170 bilhões que temos de reserva – foram leiloados para outras empresas. E pior que isso, abriu a possibilidade dos ativos da Petrobras serem vendidos, com a falácia que a Petrobras estava quebrada, estava endividada, falida e que precisava vender tudo para pagar suas dívidas exorbitantes. Divida essa, que foi por conta do Pré-Sal, e que hoje a Petrobras colhe os frutos dos investimentos que foram feitos naquela época. Tanto que hoje mais de 60% da produção nacional é do Pré-Sal brasileiro, com produtividade altíssima, rentabilidade maior ainda, pois o custo de extração é o menor do mundo em águas ultra profundas. Os efeitos da Lava-Jato e do Golpe de Estado têm sido devastadores para a Petrobras.

DCO: Estamos vivendo uma realidade no Brasil, onde temos em torno de 14,5 milhões de pessoas que buscam emprego, temos quase 7 milhões de pessoas que estão desalentadas, temos mais da metade da população economicamente ativa sem ter trabalho, mais de 100 milhões de pessoas em insegurança alimentar, são quase 40 milhões que já estão na extrema pobreza; e a gente vem vendo o desmonte que acontece na Petrobras, na Caixa Econômica, no Banco do Brasil, nos Correios, na Eletrobrás, em todas as empresas estatais. A gente vê todos esses setores e os direitos de os trabalhadores serem destruídos. Você comentou sobre os acordos, como no caso dos Correios, que não foram cumpridos, e que vão entregar, não vai ser uma empresa mista, será totalmente entregue para grandes capitalistas. Então, companheiro, não está na hora de abandonarmos as ilusões com as instituições? Da CUT, que é a maior organização do movimento operário da América latina, organizar uma luta geral do povo brasileiro, de todas as empresas estatais – os trabalhadores dos Correios tentaram uma greve, do Banco do Brasil tem tentado se mobilizar, os da Caixa nem tanto – uma luta de todo povo brasileiro por um salário mínimo de 5 mil reais, de um auxílio emergencial de ao menos 1 salário mínimo, deixar de entregar dinheiros aos banqueiros que levaram quase 1 trilhão só no ano passado, estaria na hora de uma luta geral para colocar este governo abaixo e garantir o direito do Lula ser candidato em 2022?

DB: Isso sem dúvida alguma, esse debate é o que nós temos promovido dentro da nossa central. A FUP é filiada à CUT desde a sua origem e nós enxergamos a mesma saída, não há soluções individuais. Nós temos a consciência de que a categoria petroleira sozinha não resolve essa questão das privatizações. Da mesma maneira, os bancários, os eletricitários, ecetistas, não vão resolver seus problemas sozinhos, principalmente essa luta contra as privatizações que estão postas e esperar o processo eleitoral de 2022, eu não vejo como a saída mais coerente. Somente esperar. A luta tem que ser feita aqui e agora, e esse debate nós temos tentado promover dentro da CUT. A questão é que hoje são tantas centrais, são seis centrais reconhecidas pelo MPE, outras em processo de reconhecimento. E essas categorias das empresas públicas estatais e dos serviços públicos, que são mais fortes e organizadas, estão dispersar ou pulverizadas em várias centrais sindicais, e, então, não preciso nem falar, tem de tudo. Dentro da CUT ao menos, e até um diálogo maior com a CTB, a gente tem buscado fazer esse processo de aglutinação, mas não é nada fácil, pois o que vemos é que as pautas corporativas acabarem sendo mais fortes do que a pauta sobre soberania nacional. Inclusive ando cansado dessas lives, pois essas lives não andam resolvendo porra nenhuma…

DCO: …é o nosso entendimento.

DB: …eu não aguento mais isso não…e o pior é que eu passo o dia todo nessa desgraça de computador, eu já estou ficando doido… É isso, a gente percebe que o fator que dificulta são as pautas corporativas, pois os dirigentes sindicais acabam muito atrelados ao que a categoria quer, com relação aos seus direitos, e aí você não consegue juntar de jeito nenhum. Se você juntasse essas categorias, pra fazer uma luta coletiva em prol dos seus direitos, por conta dos acordos ou convenções coletivas, nunca vai fechar essa conta. Pois, os bancários, por exemplo, têm uma realidade, os petroleiros tem outra diferente, os eletricitários outra, os ecetistas tem outra, não se fecha essa conta. A partir do momento, que cada um for resolvendo seu problema corporativo, vamos supor que fechássemos uma greve das empresas públicas estatais e dos serviços públicos, nesse momento de negociação coletiva. Tenho certeza que ia dar errado, porque o corporativismo iria pesar mais. Mas aí que tá, nós estamos com a chance na mão, está todo mundo com seus acordos fechados – pelo menos em alguns momentos do ano – e tem um processo de desmonte e privatizações de todas as empresas públicas estatais e uma Reforma Administrativa que atinge de morte servidores e servidoras. Desde nível federal até nível municipal. Eu sinceramente, não compreendo, como a gente não consegue aglutinar forças nesse momento, que é único, não dá pra esperar 2022, pra enfrentarmos o governo. Com categorias fortes, com sindicatos fortes, pra fazer frente a isso, pelo menos com esses temas, que não são corporativos. As privatizações das empresas estatais e a Reforma Administrativa, só isso. E pauta corporativa foda-se, joga no lixo, não se discute isso, mas não conseguimos, é um negócio louco.

DCO: A gente tem visto várias categorias sendo atacadas, companheiras da Renault, a Ford que está indo embora do país, a LG, a Sony, uma série de empresas abandonando os trabalhadores, temos também a Embraer com milhares de demissões, o que é um absurdo, pois é um setor importante do país que tem, inclusive, destaque internacional. Alguém tem que começar essa luta, a CUT é uma organização poderosíssima, não está na hora de colocar em pauta a questão da gestão dessas empresas pelos trabalhadores?

DB: É um passo ousado, ainda mais nesse momento, mas como pauta a ser trabalhada de longo prazo, eu acho que é possível. Principalmente, se a gente vislumbra um processo eleitoral, lá na frente, que nos dê essa possibilidade. A gente teve durante os 13 anos do governo do PT, de fato uma maior participação da classe trabalhadora na gestão. Poderíamos ter avançado mais. No caso da Petrobras, a gente pega os exemplos de outras empresas estatais, aqui lembro da Statoil, que hoje é chamada Equinor, uma estatal norueguesa, onde sim havia participação, o conselho de administração tinha quatro representantes dos trabalhadores, a CIPA tinha uma gestão de 2 anos com todos eleitos. Havia a representação dos trabalhadores em espaços decisórios dessa empresa aonde ela estivesse. A gente precisa vislumbrar isso. É possível agora nesse momento conjuntural? Eu tenho certeza que não, a gente não consegue fazer essa disputa agora. Mas é importante sinalizar isso, pra que caso a gente ganhe essas eleições de 2022, e a nossa intenção é essa, com chances reais pelo que está posto, se o STF amanhã…

DCO: …não prender o Lula né?

DB: …se o STF não foder tudo de novo. Eu entendo que esse é o ideal, esse ideal é possível agora? Não. Mas isso precisa estar na pauta, a gente debateu isso durante 13 anos, com o nosso governo, foram inúmeras negociações feitas com o governo, e com a alta administração da empresa, pra ter de fato esse protagonismo da classe trabalhadora na gestão da Petrobras. E a gente não conseguiu. Chegamos em alguns espaços, mas não da maneira como gostaríamos. Acho que isso sim, precisa estar na pauta. Eu acho que o aqui e o agora, é na sua provocação anterior, eu concordo, se não temos condições de fazermos uma greve geral, da classe trabalhadora, por conta das fragilidades que estão postas, você citou agora pouco, são 40 milhões de desempregados, um exército de reserva grande, é óbvio que o trabalhador do setor privado terá dificuldades de fazer uma greve, o cara vai olhar assim: “se eu entrar nessa onda aí tem uma galera pra entrar no meu lugar, não vou não, você é doido, vou fazer greve o quê”. Mas no setor das empresas públicas estatais e serviços públicos seria uma obrigação. A gente ter uma greve pra pelo menos puxar quem vem, uma greve nas empresas públicas estatais e nos serviços públicos, é mais do que necessário.

DCO: É isso o que a CUT deveria fazer?

DB: Sem dúvida alguma. Estou falando isso, porque esse debate eu tenho promovido dentro da CUT. E até cito a iniciativa, que envolve os companheiros do setor financeiro, que é o Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas estatais, o que a Rita Serrano tem feito é um trabalho… a tentativa que ela faz de juntar, de aglutinar, pra tentar reagir, é grande. Só que, quando chega nesses melindres das centrais sindicais, aí fodeu, vai tudo por água abaixo. A CUT consegue puxar uma parte, não consegue puxar todo mundo, teria que haver um acordo entre as centrais pra pelo menos uma greve geral nesses setores, é uma obrigação nossa. Está tudo sendo privatizado, e os servidores vão todos se foder com a Reforma Administrativa. Então é mais do que obrigação.

DCO: É isso Deyvid, quero agradecer sua disponibilidade, sua simpatia, nos atendeu prontamente. Estamos juntos nessa luta, vamos denunciar essa perseguição política, pode ter certeza, vamos soltar matérias, vamos dar publicidade dentre das nossas condições, mas não vamos deixar essa luta de lado.

DB: Eu quem agradeço. Deixo um abraço para companheirada. Como eu falei, se não fosse vocês, a gente estava lascado naquela greve do ano passado, vocês ajudaram muito. Abraço.  

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