O ex-rei da Espanha, Juan Carlos I, fugiu do país. Sua fuga coincidiu com o avanço de investigações relativas às contas bancárias no estrangeiro com recursos não declarados.
Nesta quarta-feira (05), o Tribunal Supremo recusou a adoção de medidas cautelares solicitadas pela associação pró-independência da Catalunha, Òmnium Cultura, contra Juan Carlos. Os magistrados afirmaram que o ex-monarca não está na condição de investigado.
Ao anunciar a saída do país nesta segunda (03), Juan Carlos afirmou que a decisão foi motivada em virtude da repercussão pública que estão gerando certos acontecimentos de sua vida privada no país. Seu filho, Felipe VI, é o atual Rei da Espanha. A imprensa especula que ele pode ter ido para Portugal ou República Dominicana, porém nenhuma instituição espanhola se pronunciou sobre o assunto.
O partidos que estão no governo pela coalização entre o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) e o Unidos Podemos se manifestou sobre o ocorrido. Os primeiros declararam respeito pela decisão de Juan Carlos, enquanto líder do Podemos, Pablo Iglesias, disse que se tratava de uma fuga indigna de um chefe de Estado, que deixa a monarquia comprometida, desgastada.
O golpe militar franquista restaurou a monarquia, que havia sido derrubada pelos republicanos no começo do século XX. Com o fim da ditadura fascista do general Francisco Franco, na década de 1970, foi feito um acordo entre a direita e a esquerda que manteve intactas as estruturas políticas da ditadura. O regime monárquico é uma dessas heranças.
O PSOE, um partido extremamente direitista, foi conivente nesse processo de manutenção da monarquia. Com a crise do Partido Popular (PP), o herdeiro direto do franquismo, o PSOE substituiu o PP como alternativa da burguesia para sustentar o regime, mas com um verniz de esquerda, como se houvesse alternância de poder.
As declarações dos partidos de esquerda no governo esclarecem que a esquerda não leva adiante nenhuma luta real contra a monarquia e as heranças do franquismo. Pelo contrário, se procura uma convivência, uma conciliação com a monarquia corrupta e criminosa. As palavras de Pablo Iglesias esclarecem que se trata, em seu ponto de vista, de preservar a imagem da monarquia, de fazer com que o ex-monarca se comporte como chefe de Estado.
Para compreender o caráter da política do PSOE, basta destacar que ele é um apoiador do golpe de Estado na Venezuela. Este partido já chegou a ser dirigido por um agente da CIA. Trata-se de uma esquerda direitista e adaptada aos interesses do imperialismo mundial.