O PSB e o PDT da “Frente Democrática” sem o PT articulada pelo PC do B compareceram à posse presidencial de Jair Bolsonaro nessa terça-feira (1).
Isso explicitou o vazio da promessa de “oposição democrática” levado pela Frente e, na realidade, deixou claro seu real teor político: dar base ao governo golpista. Mesmo que o próprio PCdoB não tenha comparecido ao evento, o fato não se motivou por um “boicote” à posse, mas a uma “decisão política de não ir”, como dito por Jandira Feghali.
Essa declaração indica o afastamento da decisão aberta de boicote tomada pelo PT e pelo PSOL, aproximando o PCdoB da política de reconhecimento do governo de extrema-direita tomada pelos seus aliados PSB e PDT.
Essa aliança firmada na “Frente Democrática” foi organizada pelo PC do B com a finalidade de estabelecer uma suposta oposição “moderada” ao governo Bolsonaro sem a presença da dita “hegemonia petista”. Essa iniciativa semanas após a derrota da chapa de coalizão PT-PCdoB, Haddad-Manuela, exprimida pela fala do deputado Orlando Silva (PCdoB), explicita o caráter oportunista e não ideológica do partido nas eleições: “Por que o PT tem necessariamente que estar dentro? O PT faz parte do mesmo campo político, mas isso não quer dizer que nossa ação parlamentar seja o tempo todo juntos”.
Após eleições presidenciais cujo jingle era “Manuela é Lula”, portanto, a posição mais “lógica” para o PCdoB foi desligar-se do PT, principalmente, da imagem de Lula, e associar-se ao PDT de Ciro Gomes e ao PSB dos Campos (PE), Márcio França (SP) e Rollemberg (DF). Isso indica sua profunda política de concessão à direita, destacadamente, candidatando-se ao cargo de “oposição consentida” do regime golpista de Bolsonaro.
Para Ciro Gomes (PDT), o boicote seria uma “aberração” e uma “infantilidade” do PT. Portanto, o candidato que agiu sistematicamente para dividir a esquerda contra a candidatura Lula, retira sua máscara e coloca-se declaradamente aos favores do golpe.
O PCdoB, da mesma forma, trabalha de maneira sistemática a fim de desligar-se da imagem lulista da campanha presidencial de primeiro turno, com o segundo turno verde-amarelo que fortaleceu a ala direita do PT e, por fim, com o desligamento das alianças com o Partido dos Trabalhadores a partir da instituição da “Frente Democrática”.
A verdade é que o PT e, particularmente, a sua ala ligada a Lula, são o centro de ataques do golpe. Portanto, apoiar ou não esse setor político é defender ou não a luta contra o golpe. O desligamento dessa política e, pior, a crítica sistemática a luta pela liberdade de Lula e por Fora Bolsonaro levada pela “Frente Democrática”, caracterizam-na como a “Frente dos Oportunistas” que agem como mercenários sem defender uma política de principio, fato que os leva a, ao mesmo tempo que se dizem “defensores dos direitos do povo”, ligarem-se aos maiores destruidores de qualquer um desses mesmos direitos.