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Crise nos EUA

A “frente ampla” nos EUA, tal como no Brasil, é uma grande farsa

Colocando Angela Davis e Bush no mesmo arco político, em apoio a Biden, a versão americana da frente ampla trata da mesma coisa: demagogia para manter o regime político de pé

Nos EUA, tal qual no Brasil, uma política de frente ampla vem se desenvolvendo para apoio ao candidato do Partido Democrata, Joe Biden. Contando com um arco político que vai da ex-Panteras Negras, Angela Davis (hoje, uma intelectual pequeno-burguesa) e o candidato derrotado nas prévias dos democratas, Bernie Sanders, até membros do Partido Republicano, tais como ex-funcionários da administração George W. Bush e outras 72 personalidades do partido de Donald Trump. No centro da questão, a defesa de um regime político em franca decomposição, operação quer seria mais difícil sem o apoio oportunista de setores da esquerda pequeno-burguesa.

Entre os republicanos, uma nota chegou a ser publicada contra Trump: “Embora alguns de nós tenhamos posições políticas diferentes das de Joe Biden e o seu partido, o momento de debater essas diferenças políticas virá mais tarde”, o que serve de lembrete para quão pequenas são “essas diferenças”.

Pela esquerda, Angela Davis manifestou-se a respeito da escolhida como vice de Biden, Kamala Harris, dizendo: “não podemos esquecer que ela não se opôs à pena de morte e não podemos esquecer alguns dos problemas reais que estão associados à sua carreira como promotora… Mas é uma abordagem feminista ser capaz de trabalhar com essas contradições. E então, nesse contexto, posso dizer que estou muito animada”. Um ponto central da luta dos negros, a luta contra o encarceramento em massa, não pode ser esquecido na verborragia mas, para Davis, pode ser relativizado. O ganho per se de uma “abordagem feminista” para o encarceramento e a pena de morte acaba sendo nebuloso para o amplo conjunto da população negra, mas para Kamala Harris certamente foi grande.

Vale lembrar que pesam sobre Biden uma acusação de estupro, além de outras de cunho sexual envolvendo atitudes “inapropriadas” (segundo as palavras de uma de suas acusadoras, Lucy Flores, também do Partido Democrata), que aparentemente foram igualmente relativizadas por Davis e Harris.

A política de frente ampla revela-se, lá como cá, uma manobra farsesca. Tendo como objetivo submeter a esquerda a setores específicos da direita, que se apresentam como democráticos, porém, em sua política, revelam-se, na realidade, o segmento mais reacionário, ligado ao imperialismo e que não quer mudança alguma no fundamental do regime político, admitindo, no máximo, alguma dose de demagogia para manter ativa uma estrutura de severa opressão e expropriação, uma estrutura que em nada se alterou com parcelas de mulheres e negros pequeno-burgueses adaptados a ela.

Em voga no Brasil, a frente ampla passa pelo mesmo caso de total abandono dos princípios políticos em nome de uma aliança que nada traz em benefício daqueles que supostamente são protegidos pelo alinhamento dos setores mais reacionários da esquerda à direita imperialista, embora aqui, estes tenham uma dificuldade maior em relação aos americanos, no sentido de não poderem se apresentar como a ala “democrática” do regime político, o que também acaba sendo relativizado pelos partidários, em um vale tudo por interesses que não são os mesmos da classe trabalhadora, em nenhum lugar.

Nos EUA, a frente ampla para “derrotar o fascismo” serve para levar ao poder a ala mais assassina, belicista e espoliadora do imperialismo. A esquerda que defende minimamente os direitos dos trabalhadores deve deixar imediatamente as ilusões de conciliação com a direita e seguir por um caminho contrário, o caminho de aliança com os setores explorados, na direção da formação de um partido operário independente do Partido Democrata, que é um partido burguês e imperialista.

No Brasil, a esquerda, que também se sujeita a ficar à reboque da direita “civilizada” em nome de uma falsa luta contra o fascismo, deve, da mesma forma, se livrar de qualquer ilusão e romper qualquer aliança com os setores burgueses. Sua aliança deve ser com os trabalhadores, os movimentos sociais, os sindicatos. Só assim será possível derrotar o fascismo e o regime político de conjunto.

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