O reacionário jornal Correio Braziliense publicou entrevista com o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), que aparece como uma verdadeira campanha do próprio jornal em seu favor, sob o título “Governador Flávio Dino se torna um dos principais concorrentes de Bolsonaro”.
O jornal que, como todo o “Partido da Imprensa Golpista” (PIG), apoiou a operação que levou à derrubada da presidenta de Dilma, a operação Lava Jato e sua ação coordenada pelo FBI/EUA para prender Lula, criando as condições para a “vitória” eleitoral de Bolsonaro, mostra-se assim plenamente engajado na frente ampla.
Para isso, não economiza nos afagos ao “comunista” Dino, sem precisar de base real para suas alegações, como uma dessas pesquisas encomendadas que a imprensa burguesa apresenta quando quer mostrar como sendo do povo a opinião ou o interesse dela:
“O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), desponta como um dos principais nomes da oposição para uma eventual disputa com o presidente Jair Bolsonaro, nas eleições de 2022.”
O Correio não é o único nessa operação de embalar os sonhos eleitorais dos aliados “esquerdistas”, do próprio PIG e dos partidos da direita golpista na frente ampla. A revista Veja, por exemplo, divulgou “pesquisa” recente em que apresenta o pré-candidato pelo Psol à prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, colocado bem à frente do candidato escolhido pelo PT, com três vezes mais intenções de voto do que o maior partido de esquerda do País. Isso, no momento em que o psolista atua como um verdadeiro “bombeiro” procurando conter as manifestações da esquerda pelo Fora Bolsonaro, alimentando a ilusão de que vale a pena suportar tudo que Bolsonaro está fazendo contra o povo, porque, em 2022, teremos a possibilidade de derrotá-lo, se a esquerda estiver unida com a direita golpista.
Não fazer nada agora…
Embalado por essa ilusão, o governador não tem meias palavras, deixa de lado qualquer importância de lutar para derrubar Bolsonaro agora e aponta que
Precisamos ter uma mensagem unificada, agora, para facilitar a busca de um discurso único para 2022. Porque, se não criarmos um clima positivo no atual momento, chegaremos nas eleições com um nível tal de animosidade, de mágoa, que prejudicará o diálogo.
Essa perspectiva, claramente eleitoreira, não tem nenhuma relação real com o colossal sofrimento do povo brasileiro. Neste momento, mais de metade da força de trabalho do País está desempregada, há estimativas de que os mortos já sejam cerca de 100 mil e mais de 9 milhões de infectados e crescimento exponencial da fome e da miséria. O governador do Maranhão aponta para 2022 e afirma que o primeiro desafio é a resistência: “… resistência contra retrocessos, e isso tanto no plano democrático quanto no plano dos direitos.”
Ele não esclarece como essa “resistência” se realizaria junto a todos os retrocessos fundamentais dos últimos anos tanto “no plano democrático quanto no plano dos direitos”. Ou será que Bolsonaro, e antes dele Temer, aprovaram sozinhos o impeachment, o congelamento dos gastos públicos por 20 anos, as “reformas” trabalhista e da Previdência etc.? Bolsonaro, que tinha apenas o seu voto e que hoje não tem nem mesmo partido, teria feito tudo sem o PSDB, o DEM, o PSD, o SD e “companheiros” da frente ampla, como Fernando Henrique Cardoso, Rodrigo Mais, Gilberto Kassab, “Paulinho da Força”, entre outros?
Flávio Dino afirma ainda que o “segundo papel” seria “conseguirmos continuar pautando a centralidade no combate ao coronavírus, que Bolsonaro tenta esconder embaixo do tapete”.
Ele não oferece nenhuma explicação de como isso poderia ser feito com “aliados” como esses, que são os executores em cada um dos Estados e municípios da política de deixar morrer a população que “Bolsonaro tenta esconder debaixo do tapete”. Ou esses aliados do PCdoB na frente ampla estariam em seus governos garantindo testes em massa, atendimento devido à população, investimentos pesados na Saúde etc.?
… e esperar por 2022
Diante da pergunta, “para as eleições de 2022, a oposição vai unida ou rachada?”, Dino desconversa afirmando que as questões atuais (essas nas quais a “oposição” apoia Bolsonaro) “são muito importantes para a questão eleitoral…”
Mas completa que deseja que
…em 2022, a gente tenha a mais ampla união possível. Eu, na verdade, não tenho a ilusão de que vamos juntar toda a oposição com uma só candidatura. Eu, realmente, não acredito que a oposição estará unida em uma candidatura única em 2022. Mas acredito que a gente deve tentar. Quanto mais união, melhor, inclusive, para além da esquerda”.
Deixando claro sua disposição de dividir a esquerda (como já foi feito em 2018, lançando uma candidatura de ruptura com a candidatura de Lula e tentando, sem sucesso, um acordo com Ciro Gomes, em busca de uma aliança “além da esquerda”.
Por hora, o PIG e a direita “dão corda” e alimentam ilusões na ala direitista da esquerda (PCdoB, setores do Psol, direita do PT etc.), para apoiar o trabalho de divisão eleitoral da esquerda, a oposição a qualquer mobilização real contra Bolsonaro e seus ataques etc., da mesma forma que fizeram em 2018 e outros momentos.
A frente ampla, além de atuar para obstaculizar qualquer mobilização contra Bolsonaro, mostra-se claramente como uma operação de ilusão e corrupção eleitoral da esquerda, à serviço dos maiores golpistas. Por isso, o enorme apoio do PIG e de toda a direita. Até Bolsonaro agradece.