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2º turno

A frente ampla, da Veja a Flávio Dino, contra o PT no Recife

Apoio de abutres como Ciro Gomes à candidatura de João Campos escancara os interesses da burguesia

A operação Guilherme Boulos, promovida pela burguesia para dar uma cara esquerdista a uma massa falida de partidos e figuras da direita, ancora-se na tese de que agora seria a hora para uma “unidade da esquerda”. Tal “unidade”, contudo, não passa de uma fraude: enquanto a esquerda pequeno-burguesa se esquivou de todas as maneiras de formar uma unidade em torno da luta pelo Fora Bolsonaro, também se reservou a apoiar uma candidatura da esquerda tão somente quando a burguesia lhe deu permissão e quando a “esquerda” a ser apoiada é do agrado da direita.

Uma comparação entre os caso de São Paulo, Rio de Janeiro e Recife deixa isso mais do que claro.

Em São Paulo, desde o início da campanha eleitoral, havia uma pressão para que toda a esquerda apoiasse a candidatura de Guilherme Boulos, do PSOL. Essa pressão, contudo, não vinha dos céus, mas sim da burguesia: dos intelectuais mais ligados à classe dominante, como Caetano Veloso; de políticos da ala direita da esquerda nacional, como Tarso Genro, e, cada vez mais, da própria imprensa capitalista, como é o caso de O Estado de São Paulo e da Revista Veja. O argumento seria o de que a candidatura de Boulos seria mais “competitiva”, o que não corresponde nem de longe à realidade. Contudo, no Rio de Janeiro, a candidata do PT, Benedita da Silva, era, essa sim, a mais competitiva candidata da esquerda. Como a burguesia não tinha interesse em levar o PT ao segundo turno, não houve pressão para que o PSOL e os demais partidos de esquerda lhe apoiassem. Conclusão: se a “unidade da esquerda” servir para apoiar um político burguês direitista que irá impedir o desenvolvimento de uma candidatura mais combativa, haverá unidade. Se a unidade servir para fortalecer o PT, não haverá unidade.

No caso do Recife, essa regra aparece sendo aplicada com toda a sua força. A capital pernambucana é uma das duas únicas onde o PT chegou ao segundo turno. E mais do que isso: onde uma candidatura apoiada pela base e ligada ao ex-presidente Lula chegou ao segundo turno. Uma candidatura, inclusive, que não precisaria comprovar a sua força: enquanto Guilherme Boulos foi fabricado e impulsionado pela Folha de S.Paulo, que garantiu sua escolha como candidato a prefeito antes mesmo da convenção do PSOL acontecer, Marília Arraes teve de se impor dentro do PT em meio a uma verdadeira guerra interna contra a ala direita do partido, que queria submeter-se – uma vez mais – ao PSB.

Enquanto um movimento fomentado pela burguesia — e distante de qualquer movimento real por parte dos trabalhadores — pressionava a esquerda e até setores da direita a apoiar Guilherme Boulos, Marília Arraes foi atacada por todos os lados, inclusive por setores de seu próprio partido, durante a campanha. Se chegou ao segundo turno apesar de toda a sabotagem, foi capaz, portanto, de provar que, de um ponto de vista puramente eleitoral, o apoio a sua candidatura seria um investimento muito mais confiável do que o apoio em um candidato como Boulos.

Apesar de todas essas considerações, não há uma unidade em torno da candidatura de Marília Arraes. E o motivo? Ora, justamente porque a burguesia não quer impulsionar a sua candidatura. Por mais moderada que possa ser, a vitória eleitoral de Marília Arraes não deixa de ser uma vitória da ala lulista do PT, o que significa uma derrota, em alguma medida, para a burguesia, que está tentando transformar o PT em um partido direitista e sem ligações com o movimento operário, como é o caso do PSOL. Neste sentido, diante do interesse em sabotar o PT — e, sobretudo, sua ala lulista —, a burguesia está incentivando a unidade em torno do adversário do PT: João Campos (PSB).

Já no primeiro turno, a coligação de João Campos reunia o PCdoB, o PSB, o PDT e a Rede. Embora apenas o PCdoB seja propriamente um partido de esquerda, os demais partidos podem ser considerados como uma “ala esquerda” dos partidos burgueses. Isto é, partidos que a burguesia utiliza para intermediar seus interesses com os interesses dos partidos da esquerda. Não é à toa, portanto, que, em São Paulo, o PSB, a Rede e o PDT ingressaram de cabeça na candidatura de Guilherme Boulos. O mesmo pode ser dito sobre a candidatura de Manuela D’Ávila (PCdoB-RS). O ingresso desses partidos são, no fim das contas, uma garantia de que a burguesia irá controlar diretamente essas candidaturas.

A candidatura de Marília Arraes, por outro lado, não contou com o apoio de qualquer desses partidos. Partidos como a UP e o PCB, que apoiam Boulos desde o primeiro turno, lançaram candidatura própria. No segundo turno, apoiaram timidamente Marília Arraes, sem qualquer envolvimento real com sua candidatura. No caso de Guilherme Boulos, vale lembrar que o youtuber do PCB, Jones Manoel, viajou até São Paulo para fazer campanha para o PSOL, tamanha sua empolgação com a “frente ampla”.

Não bastasse toda a sabotagem da esquerda à candidatura de Marília Arraes, acontecimentos mais recentes ajudam a desnudar ainda mais a farsa da “frente ampla”: não existe uma unidade nestas eleições para derrotar o bolsonarismo, mas apenas para derrotar o setor com maior potencial eleitoral para combater o bolsonarismo: o PT lulista.

Na reta final do segundo turno das eleições municipais, Ciro “Coca Cola” Gomes, o vigarista que apoiou a privatização da água em favor da Coca Cola e da Nestlé, foi pessoalmente até Recife para fazer campanha para o PSB. Flávio Dino, governador do Maranhão pelo PCdoB, não chegou a viajar, mas gravou vídeo para apoiar João Campos. Seguindo o mesmo caminho, Marina Silva, principal dirigente da Rede, também gravou depoimento em defesa da candidatura de João Campos.

Os militantes sinceros da esquerda, bem como a classe operária e os demais explorados, não devem ceder à chantagem da “frente ampla”, que é apenas uma farsa para submeter a esquerda aos interesses dos inimigos do povo. É preciso combater duramente essa política e lutar por uma unidade nas ruas de todos os explorados pelo Fora Bolsonaro e Lula presidente.

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