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Inglaterra – 30 anos do massacre perpetrado por Margareth Thatcher contra os torcedores, o futebol inglês e mundial

Há exatos 30 anos, no dia 15 de abril de 1989, o mundo presenciou um dos episódios mais marcantes e trágicos envolvendo o esporte mais popular do mundo. Neste dia, estava marcado para acontecer um confronto válido pelas semifinais da Taça da Inglaterra, reunindo duas das mais tradicionais camisas da terra dos inventores do futebol.

Liverpool x Notthingham Forest se confrontariam no estádio de Hillsborough, considerado à época, o mais seguro do país, atendendo a todas as normas de segurança exigidas. Os acontecimentos trágicos daquele dia – soube-se 23 anos depois – não foram motivados por nenhuma ação dos torcedores do Liverpool (acusados de serem os responsáveis por atos de vandalismo que desencadearam a tragédia), mas por atitudes de clara negligência da polícia; pela omissão de socorro às vítimas, onde apenas 14 dos 96 mortos foram atendidos em hospitais. Somente 1 (uma) das 44 ambulâncias próximas ao estádio foi autorizada a entrar para prestar socorro às vítimas.

Em pronunciamento no dia 12 de setembro de 2012, (portanto, somente 23 anos depois do ocorrido) o primeiro-ministro inglês, David Cameron, foi obrigado a se dirigir às famílias das 96 pessoas massacradas, reconhecendo que os mortos haviam sido vítimas de uma “dupla injustiça”. “Além de perderem a vida, foram acusados, por 23 anos, de pertencerem ao grupo de torcedores do Liverpool que causou a tragédia. Foi uma manipulação grosseira que durou mais de duas décadas, admitiu Cameron, em discurso ao Parlamento e apoiado no relatório final de um painel independente” (Na Bancada, 15/04).

Para executar a fraude e a manipulação, o governo inglês, chefiado à época pela serviçal capacho dos bancos e das corporações financeiras, a primeira-ministra Margareth Thatcher, constituiu uma comissão para investigar as causas da tragédia. O governo da senhora Thatcher ficou marcado pela feroz ofensiva desencadeada contra o movimento operário inglês e a luta dos trabalhadores em seu conjunto, onde a primeira-ministra atacou a legislação trabalhista,  entrando em luta também contra os sindicatos ingleses.

O que se sabe agora é que o trabalho de investigação dos acontecimentos foi escancaradamente manipulado. “Dos 164 relatórios produzidos por policiais presentes ao estádio, 116 foram alterados, para remover “comentários desfavoráveis” à atuação das forças “da ordem”. A omissão das informações foi proposital, segundo admitiu Cameron ao Parlamento. A falsificação teve objetivos claros: responsabilizar pela tragédia a torcida do Liverpool; demonizá-la; abrir caminho para um conjunto radical de transformações que já haviam sido planejadas, mas não eram até então viáveis. Elas incidiram nos estádios, na forma de financiamento dos clubes e na relação entre o jogo e o mundo do marketing. Iniciadas na Inglaterra, repercutiram rapidamente em todo o mundo” (Na Bancada, 15/04).

Que os acontecimentos no estádio de Hillsborough não se trataram de fatos isolados, desconexos em relação às estratégias de conjunto do grande capital e das corporações para colocarem as garras no futebol mundial, fica demonstrado pelos desdobramentos posteriores que ocorreram em paralelo às “providências adotadas pelas autoridades inglesas” para higienizar o futebol no país onde ocorreu a tragédia.

No mesmo momento, a FIFA, ainda sob o comando do cartola brasileiro João Havelange, iniciara um conjunto de iniciativas para “reformar” o futebol mundial. Entenda-se por “reforma”, obviamente, colocar o esporte mais popular do planeta inteiramente a serviço e sob o controle dos grandes grupos econômicos e das grandes corporações capitalistas ao redor do planeta. É isso o que se vê hoje no mundo do futebol. Uma competição esportiva de grandes marcas, de grandes corporações, de grandes empresas, grandes conglomerados internacionais, totalmente descaracterizado em relação às suas raízes, origens, tradição e principalmente à sua fisionomia de cultura popular de massas.

Os estádios que recebiam grandes públicos, grandes torcidas, grandes espetáculos, foram transformados em “Arenas Multiuso”, com a drástica redução da capacidade de público, o que implicou, consequentemente, no alijamento imediato de um imenso contingente de torcedores pobres, sem condições de custear uma ida aos “estádios”, que de templos do futebol se transformaram em templos do consumo, do marketing e da propaganda esportiva.

O fato é que o futebol-empreendimento, o futebol-negócio é hoje uma realidade nos quatro cantos do planeta, liderado pelos grandes clubes da Europa, expandindo-se também para a Ásia e Oriente Médio, onde japoneses, árabes e chineses investem somas astronômicas para montarem não times de futebol, mas empresas futebolísticas para atuarem no mercado mundial, cada vez mais controlado pelos tubarões capitalistas.

No Brasil, muitos estádios que foram erguidos para o grande espetáculo do futebol, também estão se tornando espaços cada vez mais reduzidos para o público torcedor. As chamadas “Arenas” já desfiguraram o futebol enquanto esporte das grandes massas populares. Um conjunto de medidas restritivas, arbitrárias e repressivas, tanto no que diz respeito ao acesso quanto às manifestações das torcidas, foram impostas ao torcedor pelos inimigos do futebol, pelos inimigos da nossa cultura, deixando o nosso principal esporte ainda mais pobre, esvaziado e cada dia menos atraente.

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