Pela 35ª rodada da Série B do Campeonato Brasileiro, CSA e Avaí empataram em 1 X 1. Porém o que chamou mais a atenção foi que novamente fomos confrontados com uma notícia bizarra envolvendo futebol e Covid. O meia Valdívia, do Avaí, teve que ser substituído porque estava infectado pelo vírus que já causou a morte de mais de dois milhões de pessoas no mundo.
Um dos principais destaques da equipe catarinense, Valdívia jogou normalmente o primeiro tempo do jogo. Teve contato com os jogadores de ambos os times e árbitros do jogo, mas para além disso, com os funcionários do hotel onde a equipe se hospedou e com os funcionários que trabalharam no estádio. No mínimo.
No entanto, o que pareceria a primeira vista um diagnóstico atrasado foi na verdade justamente o contrário. Segundo o farsesco protocolo de segurança da CBF, os jogadores de ambas as equipes são testados com 72 horas de antecedência. O resultado desse teste deu negativo no caso de Valdívia.
Como o Avaí enfrentaria o Juventude três dias depois, na manhã do jogo contra o CSA os jogadores foram testados para definir a escalação do jogo seguinte. Teve início aí uma operação que provocou a revolta da diretoria do Leão da Ilha, os resultados que deveriam ser enviados ao médico do clube foram informados diretamente ao representante da CBF no jogo.
Essa tramitação irregular provocou a necessidade de substituição do jogador no intervalo do jogo, menos de 8 horas após a testagem. Para aumentar a revolta do clube visitante, tornou-se conhecido que o laboratório onde os testes haviam sido realizados tem como sócio o superintendente de futebol do CSA, que também é membro do Conselho Deliberativo do clube.
Esse caso deixou mais uma vez evidente o caráter farsesco dos protocolos de segurança que estão sendo usados para encobrir que o retorno dos campeonatos de futebol traz riscos de infecção para todos os profissionais envolvidos nos jogos, viagens e hospedagens. O que é real de fato é a pressão econômica dos setores capitalistas interessados em lucrar com essa atividade.
Um dos exemplos grotescos está presente no protocolo da CBF, que libera dos testes jogadores já infectados por Covid. Essa regra esdrúxula torna estratégico, por exemplo, que os jogadores se contaminem antes das rodadas decisivas para evitar desfalques na reta final dos campeonatos. Retornando ao caso ocorrido no último final de semana, qual seria a decisão dos médicos do Avaí caso a tramitação ocorresse da maneira prevista? E qual a isenção dos laboratórios particulares onde esses exames são realizados?