Na ultima segunda-feira Damares Alves, ministra do governo Bolsonaro, anunciou a campanha denominada “Mais mulheres na política”, que teria o objetivo de incentivar a participação de mulheres na política promovendo a conscientização e o registro de denúncias de “violência política” contra a mulher. Vindo de Damares, inimiga das mulheres e membro de um governo fascista que tem massacrado a mulher, esta campanha não passa de demagogia.
É nítido que a presença de mulheres ocupando cargos políticos é pequena, esta é uma característica dos estados burgueses, e mais ainda, dos fascistas, nos quais as mulheres estão entre as principais vítimas das mazelas sociais do capitalismo e sofrem os mais duros ataques da burguesia e da direita, isto é exatamente o que acontece no governo Bolsonaro: as mulheres trabalhadoras e pobres têm carregado as consequências da política destrutiva e genocida da extrema-direita.
Não é preciso muito esforço para ver que a situação destas mulheres tem piorado cada vez mais conforme a extrema-direita, da qual Damares faz parte, avança dentro do regime político: a violência doméstica contra a mulher aumentou, assim como a violência sexual, as grávidas e no pós parto são condenadas a morrer por coronavírus, foram retiradas importantes conquistas trabalhistas das mulheres, existe a tentativa de retirar até mesmo o direito de a mulher estuprada que engravida abortar; dentre tantos outros ataques proferidos pelos mesmos que desenvolveram esta campanha.
Esta campanha tenta esconder todos esses ataques e justifica a pouca participação feminina na política como consequência da violência política e que seria por isso preciso conscientização e mais repressão, quando na verdade é a própria direita da qual Damares faz parte quem promove não só esta violência como todas as outras sofridas pelas mulheres trabalhadoras e pobres deste país. Além de tentar fazer parecer que a luta política das mulheres é algo que acontece tão somente através de cargos eletivos, quando na verdade acontece nas ruas pela pressão popular, única condição na qual o povo pode ser vitorioso.
É preciso ter claro, como já foi demonstrado tantas e tantas vezes, que o governo Bolsonaro e todos os seus componentes são inimigos das mulheres, e isto por si só já é suficiente para perceber a farsa que é o “Mais mulheres na política”, e indo mais a fundo esta farsa fica ainda mais escancarada.
Damares, sempre defendeu os piores retrocessos aos direitos conquistados pelas mulheres, como os relacionados ao trabalho e à família, inclusive, estando a frente dos ataques ao direito ao aborto legal no Brasil e impulsionando recentemente os ataques da extrema-direita contra uma menina de 10 anos que foi estuprada, engravidou e precisou realizar aborto quando os fascistas tentaram obrigá-la a manter a gestação. Depois de tudo isso, Damares, no pronunciamento sobre a campanha “Mais mulheres na política”, cinicamente disse que “Lugar de mulher é onde ela quer, principalmente na política”.
Esta mesma frase costuma ser muito usada pela esquerda-pequeno burguesa, que incapaz de mobilizar as mulheres e defender verdadeiramente seus interesses dentro do estado burguês, alimentam a ilusão que resolver os problemas das mulheres e do povo através de eleições. Segundo este raciocínio, ter mulheres na política significaria um avanço para a luta da mulher, o que evidentemente é uma falsificação, prova disso é a própria ministra Damares Alves que tem destruído a luta das mulheres, além vários outros exemplos de mulheres direitistas que estão na política não pelos interesses das mulheres, mas pelos da burguesia.
Há quem possa dizer que por outro lado existe a participação das mulheres dos partidos de esquerda, com o chamado “empoderamento” feminino, a verdade é que mesmo que estas mulheres pretendam conseguir conquistas para a pauta das mulheres, estas conquistas não podem se dar no campo das instituições burguesas como são o legislativo e o executivo.
A questão aqui não é se devem ou não haver mulheres na política, mas sim a defesa de um programa realmente capaz de trazer conquistas para a luta da mulher, o que só é possível no campo da mobilização popular, e no campo das instituições burguesas se dá fazendo das candidaturas e cargos eletivos mecanismos não de negociação com a burguesia, mas de tribuna e propaganda para a agitação e mobilização popular das mulheres contra seus carrascos.