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Lula candidato

A farsa do “programa em comum” do PSOL e de Boulos

A única unidade real é em torno da defesa de Lula e de sua candidatura

Lula teve seus direitos políticos devolvidos na última segunda-feira, 8, após a decisão do ministro do STF, Edson Fachin, que considerou a Justiça do Paraná incompetente em quatro condenações do ex-presidente. Tal resultado é, sem dúvida, uma vitória da esquerda e do movimento de luta contra o golpe, mas de modo nenhum resolve todo o problema.

Diante dessa decisão favorável, a única política correta é ampliar e intensificar a campanha em defesa de Lula, lançando imediatamente sua candidatura à presidência da República. É preciso, com isso, organizar um amplo movimento de massas, que seja capaz de unificar a esquerda em torno de uma mobilização real.

Até agora, setores da esquerda pequeno-burguesa, como o PSOL, têm evitado cuidadosamente defender a candidatura de Lula com a desculpa de que o ex-presidente não poderia ser candidato. Segundo Guilherme Boulos, provável candidato do PSOL, a condição para uma unidade da esquerda seria a discussão de um “programa comum”.

Desde o início, mesmo com Lula sem seus direitos políticos, tal condição era uma política totalmente equivocada e que na realidade escondia uma política oportunista do PSOL de procurar impor um “programa” ou uma candidatura. O PSOL acredita que esteja em iguais condições de lançar um nome com relação ao PT. Uma espécie de alucinação política que era baseada justamente na inelegibilidade de Lula. Mesmo assim, para qualquer partido de esquerda, o correto seria lançar uma campanha por Lula, inclusive enfrentando as arbitrariedades do Judiciário.

Mas a situação, com a decisão de Fachin, é totalmente outra. Não existe nem mais a desculpa de que Lula não poderá ser candidato. Não há mais desculpa. É preciso que todas as forças de esquerda abram mão de suas pretensas candidaturas e imediatamente se lancem numa campanha que unifique um movimento em torno da candidatura de Lula.

Se Lula é o candidato, a esquerda deve apoiá-lo. Está claro que as massas querem Lula, até mesmo as pesquisas divulgadas pela imprensa golpista mostram que ele é o preferido do povo.

Tal apoio à candidatura de Lula não é um apoio a um programa. O apoio a Lula é uma política capaz de unificar as massas para derrotar o golpe. Se há um ponto real capaz de unir a esquerda é justamente a derrota dos golpistas. É isso o que deve unificar e a candidatura de Lula, como um movimento político, é a única que tem possibilidade de acabar com os golpistas de uma vez por todas. É por isso que a direita tem tanto medo de sua candidatura.

Com Boulos a direita e a burguesia já agem de maneira muito diferente. Ele é tratado quase como um xodó de esquerda pela imprensa capitalista, que a todo o momento busca dar holofotes a ele, haja vista sua coluna na Folha de S.Paulo e o espaço enorme que lhe é dado em diferentes reportagens desse jornal, em particular na coluna da jornalista Monica Bergamo. Quando Fachin anunciou a decisão de anular os processos contra Lula, não foi este, nem mesmo Haddad, nem Gleisi Hoffmann que foram convidados a opinar na imprensa golpista. Foi Guilherme Boulos, escancarando o seu papel de agente da burguesia para se opor a Lula e ao PT.

Ainda a respeito do programa, não se trata aqui de um programa comum. Cada setor da esquerda tem seu próprio programa, Lula tem seu próprio programa. Mas esse programa é secundário em relação à necessidade de derrotar o golpe.

Boulos e o PSOL afirmam que é preciso discutir um programa comum para apoiar Lula. Essa concepção esconde uma política oportunista Vejamos o porquê.

Em primeiro lugar, a esquerda não precisa entrar no governo para apoiar Lula. A esquerda deve apoiar esse movimento em torno da candidatura de Lula com sua própria política. O PCO, por exemplo, que é o partido que desde o início defende um movimento pela candidatura do ex-presidente, não se propõe a entrar no governo. O apoio a Lula independe até mesmo do que o próprio Lula diga ou defenda. A questão aqui não é saber qual é exatamente o programa do PT ou dos outros partidos da esquerda, mesmo porque, se tal fosse a condição para essa política, nunca haveria unidade.

A unidade deve se dar não em torno de um programa abstrato, mas em torno de uma mobilização concreta, ou seja, em torno de um movimento de luta real contra o golpe. Cada partido pode e deve manter a sua independência política, mas defender a unidade para derrotar o golpe.

A concepção de Boulos e do PSOL entende que qualquer política deve estar subordinada a um programa comum que no caso das eleições significaria conseguir ou não um cargo ou uma determinada posição eleitoral.

Em segundo lugar, um programa só tem alguma realidade na medida em que ele é aplicado. Nesse momento não está colocado nenhum programa de governo, o que está colocada é a luta contra o golpe, é a criação de um movimento capaz de derrotar os golpistas. Se o movimento for vitorioso eleitoralmente, esse programa terá que ser produto de uma nova etapa de lutas para que seja implementada uma política que esteja de acordo com os interesses dos trabalhadores.

Discutir isso nesse momento é tão somente criar um empecilho para não apoiar Lula. É uma dissimulação daqueles que dizem apoiar Lula mas na realidade não querem fazer, querem se lançar numa política eleitoral própria, oportunista.

A única unidade possível da esquerda é a luta em defesa de Lula e de sua candidatura. Não se trata simplesmente de uma unidade eleitoral, a eleição será apenas um instrumento para a mobilização das massas, que querem eleger Lula, para derrotar o golpe de Estado, Bolsonaro e todos os criminosos que estão destruindo o País.

Um verdadeiro programa comum é a defesa da candidatura que represente a classe trabalhadora e defenda seus interesses, que nesse momento é a liquidação do golpe. Se não há acordo com esses pontos, o PSOL e Boulos não querem uma unidade de fato.

Setores da esquerda, incluindo o PSOL, cometeram o mesmo erro na época do impeachment de Dilma Rousseff. Ao invés de lutar contra o inimigo comum que era a direita golpista, preferiram levantar questões “programáticas” do governo Dilma, como foi o caso da luta contra os ajustes fiscais. Essa política era um empecilho para uma unidade da esquerda contra o golpe. Ao invés de defender uma unidade contra o inimigo comum, ou seja, a direita golpista, o PSOL e Boulos criavam confusão entre a esquerda levantando divergências com o PT, que diante do golpe de Estado eram totalmente secundárias.

É preciso abandonar a política oportunista e de fato organizar um movimento de luta, que de fato unifique a esquerda e os trabalhadores. Está na hora de garantir a vitória com a devolução dos direitos políticos de Lula e colocar nas ruas imediatamente um amplo movimento de luta, de toda a esquerda, por Lula candidato.

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