Dados do Sebrae e Pnad dizem que 51% dos novos empreendedores são negros. Só que mesmo eles tendo caído na lorota de abrir o próprio negócio com o dinheiro da indenização do desemprego ou do PDV, eles continuam ganhando menos do que os brancos: rendimento mensal em média de R$ 1.370, contra R$ 2.745.
De acordo com o Sebrae, o problema é que, em sua maioria, os negros costumam empreender em áreas pouco rentáveis e, algumas vezes, com um investimento inicial de menos de R$300, como, por exemplo, uma loja virtual de roupas ou serviço entrega de comida. E os negócios dos negros têm um volume de vendas menor.
Mas esse negócio de empreendedorismo não é novidade nenhuma para a comunidade negra, que sempre teve que se virar e buscar alternativas, quer engraxando sapatos, entregando pizza, lavando roupas para fora ou fazendo faxina.
Até mesmo na Bahia, onde os negros são a expressiva maioria, o “mercado empreendedor” para os negros é muito complicado, principalmente para as mulheres negras. Com o grande número de desemprego, é preciso muita criatividade para disputar um lugar ao sol e encontrar formas para se sustentar.
A verdade a ser dita é que esse negócio de empreendedorismo, seja o dono branco ou negro, é apenas um rótulo novo e bacana, criado pelos capitalistas, para enganar pequeno-burgueses ou autônomos. E muitos que entraram, nos últimos 10 anos, já faliram.
Com mais de oito milhões de pessoas cadastradas no Programa do Microempreendedor (MEI), 54%, ou seja, mais de quatro milhões, estão falindo, inadimplentes até mesmo com as pequenas parcelas mensais devidas à Receita Federal, e que trariam alguns benefícios previdenciários e acesso alguma forma específica de crédito bancário, únicas vantagens da formalização de uma MEI.
O programa, que completou dez anos neste mês, na verdade trata-se de uma medida compensatória para a enorme crise capitalista que assola o mundo inteiro, e que gera uma escalada generalizada de desemprego, ainda mais intensificada pelo neoliberalismo que é imposto à classe trabalhadora mundial.