As notícias de recuperação da economia mundial eram falsas ou pelo menos otimistas demais. Os primeiros momentos de euforia com a retomada das principais economias tem sido seguido de cautela por parte dos economistas que trabalham com o mercado financeiro, mesmo depois de repasses que ultrapassaram a casa de US$ 20 trilhões em ajudas financeiras a bancos e empresas. (InfoMoney, 1/10/20)
Um dos indicadores da comemoração prematura da recuperação econômica é a nova onda de demissões. A Disney, em sua divisão de parques temáticos, informou nesta semana que irá demitir 28 mil funcionários (O Globo, 29/9/20), o mesmo acontece com a petroleira Shell e outras grandes empresas.
Empresas especializadas em produção de indicadores de risco para investimentos têm apresentado índices de queda ou de crescimento mais lento. Nessa fase, qualquer movimento que indique algum problema acaba gerando temor em série, senão pânico. Nos EUA, segundo o Fundo Monetário Internacional, não acabou a possibilidade de bancos fecharem suas portas, especialmente bancos de investimentos independentes. (Diário do Nordeste, 16/9/20)
Economistas do banco JPMorgan Chase, acreditam que as autoridades monetárias podem “repetir os erros cometidos após a crise financeira de 2008, com o retorno prematuro à austeridade” (InfoMoney, idem).
Isso tudo porque a crise do capitalismo continua por fatores internos ao próprio sistema, e essa crise continua sendo acirrada pelo comportamento da pandemia. Vários países que deixaram o isolamento social de forma prematura estão sendo obrigados a retornar à quarentena por causa do aumento de casos em várias regiões. A aproximação do inverno no hemisfério norte também causa preocupação de novas ondas de coronavírus. Enfim, os surtos ou ondas de infecção podem se repetir até que uma vacinação efetiva seja realizada. E ninguém sabe quando isso ocorrerá.
As desigualdades existentes e agora expostas pela pandemia continuam a se agravar pelo mundo afora. O desemprego crescente tende a agravar os conflitos sociais e deixar mais claro o caráter expropriador e excludente do capitalismo. Ainda mais quando se observa que a crise econômica e a crise sanitária não empobreceram a todos. Os muito ricos, especialmente dos capitalistas ligados às empresas de tecnologia e os banqueiros, ficaram ainda mais ricos nesses meses, como mostraram vários estudos recentes. “A desigualdade já estava aumentando e a Covid acelerou um processo que já vinha acontecendo no mundo todo” afirmou o pesquisador Fernando Burgos, especialista em desigualdades sociais da Fundação Getúlio Vargas (IHU, 1/10/20).