Segundo o sociólogo John Williams, o combate ao racismo na Inglaterra foi bem sucedido. Para ele a ação das autoridades e clubes de futebol tem sido bem controladas, através de campanhas, multas e proibições de assistir e participar dos jogos. “Esse tipo de racismo público aberto, que era uma característica do futebol inglês nos anos 80 foi definitivamente reduzido”, disse à agência Lusa o professor na Universidade de Leicester, autor de vários livros sobre o hooliganismo.
Para Williams, os cânticos racistas durante os jogos são menos frequentes, o que era comum nos anos 70 e 80. Segundo ele isso se deve porque o racismo passou a ser um crime punível a partir 1991, e a Federação Inglesa de Futebol (FA), passou a ser implacável com os jogadores que verbalizavam ofensas contra negros suspendendo-os dos jogos e multando os clubes. No entanto se trata de uma falsa propaganda imperialista de que o racismo teria acabado ou que esteja diminuindo.
Segundo os números divulgados pela organização “Kick It Out”, que é uma instituição de caridade anti-discriminação, mostraram que o racismo no futebol inglês aumentou 43% – de 192 para 274 casos – na temporada de 2019. Considerando outras formas de discriminação os relatos no futebol profissional e popular aumentaram 32% para 422, ante 319 em 2017-18. Outras 159 denuncias foram recebidas via mídia social. É o sétimo ano seguido em que os casos de discriminação no futebol aumentaram.
No Brasil, a temporada de 2019 registrou recorde de racismo no futebol brasileiro. De acordo com o Observatório da Discriminação Racial no Futebol, houve um crescimento de 27% em relação ao ano anterior, registrando 56 ocorrências de injuria racial, contra 44 em 2018. No entanto, não houve prisões nos casos registrados. A orientação do Superior Tribunal de Justiça Desportiva é a de punir os clubes e e intensificar as campanhas para conscientizar os torcedores. Segundo relato dos jogadores, há casos de injúrias raciais em 14 estados, espalhados pelas cinco regiões do país. O Rio Grande do Sul lidera, com 20,5%.
Porém, essas punições através de leis repressivas não combatem e nem diminui o racismo nos estádios, para combate-lo é preciso o enfrentamento e a organização dos torcedores para repudiar inclusive de forma violenta os fascistas se for preciso. Em 24 de outubro de 2019, os times Celtic e a Lazio iriam se enfrentar em Glasgow (Escócia) no terceiro dia da fase de grupos da Liga Europa. Antes do confronto, os torcedores italianos da Lazio desfilaram pela cidade fazendo saudações fascistas.
A torcida do Celtic respondeu as ofensivas à altura. Quando os jogadores da Lazio entraram em campo, os escoceses abriram várias bandeiras gigantescas em homenagem ao ditador Benito Mussolini, o herói da torcida rival. Uma delas mostrava Mussolini pendurado de cabeça para baixo, cena do linchamento dele e da amante Clara Petacci em Milão 1945, na faixa dizia “siga seu líder” e uma outra com os dizeres “Lazio vaffanculo” (Lazio VTNC). E o time escocês ainda ganhou de 2 a 1.
O número crescente de casos de racismo no futebol, ao contrário do que o sociólogo John Williams apresenta, se dá pelas politicas fascistas e pelo avanço dos governos de extrema-direita pelo mundo todo. A esquerda em geral e o movimento negro devem estar atentos e organizados para responder a esses ataques por fora das instituições legislativas e jamais apoiar o aumento repressivo. Visto que esses aparatos de repressão dos governos direitistas são igualmente racistas e por fim se viram contra as minorias.
