Diante do aumento de 44% nos casos de violência doméstica oficialmente conhecidos no Estado de São Paulo em função do isolamento social imposto, o Governo de São Paulo anunciou que reforçaria as ações para mulheres vítimas de violência doméstica. A “grande” medida anunciada pelo governo do direitista João Doria foi que as Delegacias de Defesa da Mulher, passassem a registrar eletronicamente os casos, para garantir o que chamou de ” direito de denúncia em relação à violência doméstica”. Também foi falado do programa SOS Mulher, um site com vídeos que deveriam em tese auxiliar as mulheres em temas sobre segurança, saúde e independência financeira. Isto é o que o governador fascista do Estado de São Paulo chama de “uma posição de defesa intransigente das mulheres que são vítimas de violência doméstica”.
O que é uma farsa, visto que a direita não tem nenhuma política concreta para as mulheres, mesmo porque esta está longe de ser uma preocupação para a burguesia, a não ser para fazer demagogia com determinados grupos de mulheres. É a burguesia que impõe que as mulheres fiquem presas em casa com seus agressores em um isolamento social usado como única medida contra o coronavírus, que além de não proteger efetivamente a população, não serve para combater o vírus visto que nenhuma outra medida efetiva é tomada, como construção de hospitais, distribuição de equipamentos de proteção, testagem em massa, vacinação, etc. E que além disso agrava a situação de mulheres que sofrem de violência doméstica.
Sem a pandemia o cenário para as mulheres que sofrem de violência doméstica não era muito diferente quanto ao auxilio estatal, em todo o estado de São Paulo, que conta com aproximadamente 11 mil casos de violência domestica neste inicio do ano, apenas 30 cidades possuem abrigos para mulheres, ao mesmo tempo em que há nada no sentido de intensificar a proteção às mulheres vítimas de violência doméstica foi feito.
Apontar como iniciativa para esta situação gravíssima que este ano já levou a morte de 19 mulheres no estado, que as mulheres denunciem as agressões pela internet, mais do que uma piada de mal gosto, é o retrato do total descaso do governo com a questão. Além de ser uma medida burocrática que não resolver o problema da mulher que é agredida, acompanha uma série de impedimentos práticos para que possa acontecer: mulheres agredidas são monitoradas dentro de casa pelos seus agressores, muitas delas não possuem acesso à internet, ou não sabem utilizar as ferramentas, etc.
Para as que conseguirem acessar a plataforma do SOS Mulher vão se deparar com vídeos de 1 minuto de duração com “dicas” para estas mulheres, em um dos vídeos, uma consultora fala sobre independência financeira, mas que não passa de um texto clichê de autoajuda que em nada é relevante para a grande maioria das mulheres agredidas porque sequer faz parte de sua realidade: “vou falar hoje sobre coragem, sobre auto estima, importantíssimo para que tenhamos independência financeira, precisamos acreditar que somos capazes. Muitas vezes mulheres acham que não vão dar conta, que não vão conseguir. Nós sempre conseguimos. Acredite em você, busque o seu caminho, e busque aquilo que você sonha, mas tenha coragem, coragem de enfrentar os desafios de ser mulher no ambiente de trabalho, ser mulher numa sociedade machista como vivemos no Brasil.”
Tudo isso não passa de demagogia da burguesia para dar a entender que está fazendo algo contra a violência doméstica. Vídeos de 1 minuto que nada dizem de relevante para as mulheres, boletim de ocorrência pela internet, etc, nada disso vai fazer com que essas mulheres parem de ser agredidas. Num primeiro momento estas mulheres precisam de acolhimento longe dos agressores, precisam de ajuda financeira para não depender de seus parceiros e conseguir se manter dignamente enquanto estiver no acolhimento e também depois, precisam de emprego, de creches para seus filhos, etc, precisam que seus direitos fundamentais sejam garantidos. Estas são medidas minimamente capazes de auxiliar as mulheres em situação vulnerável, e que a burguesia não tem o menor interesse de dispor esforços e recursos para tanto, é mais barato fingir que faz.
Como já ficou entendido, não partirá da burguesia, que detém inclusive o poder do estado, qualquer iniciativa concreta para as mulheres, ao contrário a burguesia vai utilizar o estado para garantir seus interesses, que por sua vez vão em sentido contrário aos interesses das mulheres, que sofrem como resultado dos males causados pelo capitalismo e têm seus direitos cada vez mais violados. As mulheres devem então primeiramente se organizarem elas próprias, coletivamente em torno da sua auto defesa, depois devem ter claro que a luta das mulheres, assim como a da classe trabalhadora, passa pela derrubada da burguesia que os explora e massacra, pois só com a destruição do capitalismo seus direitos e necessidades serão verdadeiramente atendidos.