Em resposta ao chamado do presidente ilegítimo Jair Bolsonaro para que seus apoiadores saíssem vestidos de verde e amarelo no dia sete de setembro, quando é anualmente celebrada a Independência do Brasil da monarquia portuguesa, o PCdoB e outros segmentos da esquerda nacional decidiram orientar suas bases a se vestir de preto. A decisão de tais setores da esquerda se baseia nos acontecimentos do início da década de 1990, quando o então presidente Fernando Collor convocou seus simpatizantes a sair às ruas vestindo verde e amarelo, mas foi obrigado a ver uma multidão vestida de preto, em protesto, expondo a putrefação do governo.
O chamado para que a esquerda saia às ruas vestida de preto não é nenhuma política que possa ser levada a sério. O governo Bolsonaro se encontra em uma crise muito profunda – crise essa que se torna cada vez mais intensa, na medida em que a economia vai descendo ladeira abaixo e a revolta popular se manifesta a todo momento. Por isso, é hora de mobilizar os trabalhadores para derrubar o governo, e não para “desafiá-lo”, como pretendem fazer os defensores das indumentárias negras.
Bolsonaro só tem se sustentado durante oito meses no governo porque as direções das principais organizações do movimento operário e do movimento popular se mostraram incapazes de formular uma política que visasse desenvolver a luta contra os golpistas. Desde que Bolsonaro se tornou presidente por meio da fraude eleitoral de 2018, essas direções procuraram levar adiante uma política de “resistência” ao governo Bolsonaro, e não uma política de enfrentamento.
A política da “resistência”, por sua vez, se deu como consequência de uma análise equivocada – segundo a qual Bolsonaro seria popular, e não o produto de uma fraude. Meses depois, sua “popularidade” foi desmascarada: não passa de uma base social restrita de extrema-direita, apoiada pela direita tradicional.
Convocar a população para se vestir de preto ao invés de mobilizá-la pela derrubada do governo é repetir o mesmo erro da década de 1990. Naquela época, o “fora Collor”, isto é, a derrubada do governo da direita neoliberal, já estava colocado e estava se alastrando, mas não foi pautado pelas direções que chamaram os protestos. A contenção do movimento “fora Collor”, inclusive, foi o que permitiu que a burguesia substituísse Collor por Itamar Franco, dando continuidade aos ataques aos trabalhadores.
No dia sete de setembro, é preciso ir às ruas para enfrentar a direita golpista. Todos de vermelho pelo “fora Bolsonaro”, pela liberdade de Lula e por eleições gerais já!