De acordo com documentos publicados pelo portal The Intercept Brasil, o senador Flávio Bolsonaro (PRB-RJ), filho do presidente ilegítimo Jair Bolsonaro, teria financiado a construção ilegal de prédios erguidos por milícias utilizando o dinheiro público. De acordo com o portal, parte do salários dos funcionários dos gabinetes de Flávio Bolsonaro seria repassado ao ex-capitão do Bope, Adriano da Nóbrega, apontado como chefe do Escritório do Crime, que seria uma milícia especializada em assassinatos por encomenda e em praticar uma série de extorsões nas favelas Rio das Pedras e Muzema.
Como toda investigação de corrupção, a que está sendo realizada em torno do filho de presidente ilegítimo carrega algum interesse político, que poderá vir a ser revelado futuramente. Por ora, tem sido mais um recurso de setores da burguesia para controlar o governo Bolsonaro, repleto de contradições internas e imerso em uma profunda crise política.
Embora não seja de interesse deste diário entrar propriamente no mérito das acusações, uma vez que o combate à corrupção, conforme se revelou durante o golpe de 2016 e a prisão do ex-presidente Lula, é um recurso que serve invariavelmente à classe dominante, a notícia é importante para demonstrar como o regime político atua para financiar as organizações de extrema-direita. As milícias financiadas por Flávio Bolsonaro, muito além de serem organizações criminosas, são associações de caráter intrinsecamente fascista. Estão frequentemente vinculadas à Polícia Militar, são fortemente armadas e atuam sobre a base do terror.
Se a burguesia fosse contra as organizações fascistas, teria tomado medidas para evitar que isso acontecesse. Mas o fato é que ela não é. Na verdade, é a burguesia a grande responsável por manter as organizações fascistas e por impulsioná-las nos momentos de seu maior interesse. São, afinal de contas, uma espécie de último recurso para ser utilizado em tempos de crise.
A extrema-direita está se organizando e se valendo do apoio da burguesia para se fortalecer. É preciso, portanto, que a esquerda começa a já a se preparar para confrontar os fascistas. É preciso fortalecer os comitês de luta e de autodefesa em todo o país, antes que a extrema-direita tome conta das ruas.