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Polarização política

A estratégia de Bolsonaro e a estratégia do PT

As movimentações das forças políticas se tornam mais evidentes, enquanto Bolsonaro ataca seus concorrentes, PT adota uma postura passiva diante de seus adversários

A um ano das eleições presidenciais de 2022, as movimentações das forças políticas se tornam mais evidentes. Bolsonaro, buscando a reeleição, mobiliza sua base através do ataque contra seus concorrentes na direita, como Doria, para inviabilizar candidaturas que disputam a mesma parcela do eleitorado conservador. No extremo oposto, o PT vive situação semelhante, tem a principal candidatura da esquerda, no entanto mantém uma postura passiva com seus concorrentes que disputam a mesma parcela do eleitorado progressista em geral, como o abutre Ciro Gomes (PDT).

Bolsonaro

No último sábado (27), durante visita ao estado do Ceará, Bolsonaro atacou seus concorrentes de direita, os governadores “científicos”, que tem adotado medidas repressivas sob o pretexto de combater a pandemia:

“O auxílio emergencial vem por mais alguns meses. E daqui para a frente, governador que fechar seu estado, o governador que destroi os empregos, ele é quem deve bancar o auxílio emergencial… Não pode continuar fazendo política e jogar para o colo do presidente da República essa responsabilidade.” (Bolsonaro, em evento no Ceará)

Aproveitando-se da política criminosa da direita dita “científica”, que tem decretado “lockdowns” e toque de recolher nos estados, Bolsonaro está fazendo demagogia com a população, criticando as medidas da direita golpista que não tem resultado nenhum no combate à pandemia, mas irão impactar diretamente todo um setor de pequenos comerciantes, ambulantes, entre outros.

O desemprego de dezenas de milhões, o fechamento de mais de 72 mil empresas de varejo, a morte de mais de 255 mil brasileiros por coronavírus – apenas em dados oficiais – e o colapso do sistema de saúde em mais de 17 capitais federais são obviamente responsabilidade de Bolsonaro.

No entanto, a postura dos governadores, muito hipócrita, contraditória e criminosa, é um prato cheio para a demagogia de Bolsonaro. Sua crítica, neste sentido, cumpre o objetivo de unificar setores do eleitorado da direita e ainda disputar setores que não são necessariamente bolsonaristas, mas estão muito prejudicados pela pandemia e a política dos “científicos”.

Com isso, Bolsonaro está tentando inviabilizar sua concorrência interna na direita. A candidatura de Doria, por exemplo, principalmente depois da derrota da direita e da frente ampla nas eleições da Câmara e do Senado, perdeu muita força. Desde então, a direita começou a exibir outros possíveis candidatos, como o apresentador da Rede Globo, Luciano Huck.

PT

De outro lado da polarização política no País está o Partido dos Trabalhadores (PT). Com o principal candidato da esquerda nacional (Lula), a agremiação já sinalizou que terá candidatura própria em 2022 e passou a ser duramente criticada pela imprensa burguesa, por setores da esquerda pequeno burguesa (como o PSOL) e destacadamente pelo abutre Ciro Gomes (PDT).

No último sábado Gomes revelou qual será seu papel nas eleições de 2022, comprovando o caráter golpista que cumpriu em 2018, em entrevista à Folha de SP ele disse:

“Minha tarefa é necessariamente derrotar o PT no primeiro turno.”

O anúncio agressivo não é uma acaso, mas sim um movimento de defesa de sua própria candidatura, tal como Bolsonaro fez.

No entanto, diferente de Bolsonaro, que adota uma postura agressiva frente a seus “concorrentes internos”, o PT adota uma postura passiva diante dos ataques dos seus concorrentes, como Ciro Gomes, que disputam parcelas do mesmo eleitorado.

Isto fica claro na maneira que setores do PT responderam aos ataques de Gomes. Em entrevista para a rádio BandNews de Manaus, Haddad disse:

“A direita tem o Ciro, Moro, Mandetta, Huck, Doria, qual é o problema? Isso tudo tem um ano e meio para se discutir. Não faz sentido inibir uma pessoa de se apresentar e conversar com a sociedade.”

Ele continuou que:

“Para derrotar o Bolsonaro temos que ter um pacto de todo mundo que é oposição ao apoiar quem for para o segundo turno. Esse é o pacto que tem que ser feito. E não o que foi feito em 2018, quando cada um foi para um lado [Ciro Gomes foi para Paris e não apoiou o PT no 2º turno] e deixou o Bolsonaro ganhar.”

O problema de Ciro Gomes não é que ele não apoiou o PT em 2018 e não apoiará em 2022, mas sim que ele foi recrutado pela burguesia justamente para tirar votos do PT! Nas últimas eleições a roupagem utilizada era a pseudo esquerdista, Gomes era colocado como alguém de “centro esquerda, progressista, nacional desenvolvimentista”, entre outros, para mascarar seu objetivo de tirar votos do eleitorado do PT e facilitar a eleição fraudulenta de Bolsonaro.

Diante dos ataques, como os de Ciro Gomes, o PT precisa reagir de maneira enérgica. Não basta dizer que ele é de direita e que não quer apoiar o PT. É preciso denunciar o papel que ele teve em 2018 e que está tendo agora. Gomes teve 12% dos votos, milhões de eleitores que foram pegos pela manobra da burguesia para enfraquecer a votação do PT. Estas pessoas precisam ser esclarecidas sobre o que houve, para que não caiam na mesma armadilha novamente.

Ao invés de buscar afagar Ciro Gomes, na tentativa de que ele possa ser um aliado que não é, é preciso denunciá-lo e combatê-lo! É necessário falar para os militantes e para a população que, diante do aumento da polarização política, Ciro Gomes está inclusive se deslocando à direita. Não é por acaso que em entrevista à Folha ele disse estar aberto ao diálogo com DEM e PSD e que sua tarefa é derrotar o PT no 1º turno em 2022! “Derrotar o PT”, não a direita, nem Bolsonaro!

Se a esquerda não denunciar publicamente seus inimigos, estará tornando sua própria situação ainda mais desfavorável. Além de permitir que vigaristas como Ciro Gomes cresçam, já que não são combatidos, esse tipo de política ainda afasta a esquerda das massas, pois os trabalhadores acabam virando as costas para a esquerda quando, diante da confusão, acaba acreditando que a esquerda defende a mesma política que Ciro Gomes e os demais abutres.

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