Na última semana, fui agraciado com um “bloqueio” no Twitter praticado por Jones Manoel. Na ocasião, conforme demonstrado cabalmente em artigo do Diário Causa Operária, o blogueiro do PCB tomou essa decisão simplesmente para fugir de um debate fundamental: a política que a esquerda deve ter diante do golpe do Estado e do governo Bolsonaro. Jones Manoel havia defendido os golpistas Alexandre Frota (PSDB) e Mendonça Filho (DEM) da crítica feita por mim enquanto candidato do PCO à prefeitura do Recife e se recusou a debater o caráter reacionário de tal política.
Debater política não é uma obrigação nata. No entanto, é uma obrigação de todo militante sério. Afinal, todo aquele que se dedica a defender uma política, de intervir na luta política, deve discutir abertamente suas posições. Do contrário, só podemos concluir que a sua política não precisa ser defendida, porque é a política da classe dominante e já está estabelecida, ou que sua política não deve ser debatida para que apenas sua aparência seja mantida, e sua essência não seja revelada. Muitas vezes, ambas as possibilidades se complementam.
Um golpista como João Doria, Bruno Covas ou Michel Temer jamais iria debater sua política com um inimigo político — isto é, com um partido como o PCO, que se dedica a denunciar todas as falcatruas do regime político. Esses políticos vivem da demagogia. Jamais poderiam falar abertamente a sua política, que é a de matar o povo em favor dos bancos. E é por isso, inclusive, que o PCO não está sendo convidado para os debates eleitorais.
No raro caso em que o PCO foi convidado, nós, que tivemos menos de 10 minutos, fomos atacados e censurados em Recife. E o motivo, como ficou claro desde o início, é que a direita (DEM, PSC e Novo) não queria que tivesse cartazes pelo Fora Bolsonaro. E Jones Manoel não só se recusou a denunciar o ocorrido, como, no final das contas, reproduziu exatamente o mesmo método da direita.
O bloqueio no Twitter, contudo, foi apenas o episódio mais recente. Jones Manoel já havia atacado covardemente o PCO em outras ocasiões e, ao mesmo tempo, disse que não queria “debater” com o PCO, desmerecendo o Partido, embora sem apresentar qualquer argumento. O mesmo foi visto no caso de Guilherme Boulos (PSOL), que desdenhou do jornal do PCO chamando-o de “folhetim” [sic] e que insinuou que o Partido estaria sendo financiado para divulgar notícias falsas. O também psolista Juliano Medeiros, presidente da legenda, é outro que usou as redes sociais para acusar o PCO de ser uma “quinta coluna” do governo Bolsonaro. O presidente do PSOL teve toda a oportunidade do mundo de debater com o PCO algumas semanas atrás, em debate promovido pelo Brasil 247, com a presença do presidente nacional do PCO, mas decidiu não fazê-lo. Novamente, o método covarde e rasteiro.
A atitude canalha e até mesmo infantil desses setores extremamente carreiristas da esquerda pequeno burguesa está diretamente relacionada com a política criminosa da “frente ampla”. Boulos, Jones e Medeiros não são representantes da luta dos trabalhadores, mas meros aventureiros políticos interessados apenas em estabelecer uma carreira sobre a base da incansável luta do povo contra a direita. Isso não pode ser aceito pelo movimento operário.
Para manter seus privilégios, resultado de uma constante promoção pessoal, o “trio da frente ampla” só terão como opção a defesa do regime político. Pois é o apodrecido regime político o único meio em que o carreirismo e todos os vícios burgueses se sustentam. Um partido operário, ou qualquer organização séria e de luta dos trabalhadores, que tenha como prioridade uma luta coletiva para elevar as condições de vida da população, é completamente incompatível com o carreirismo.
E é justamente por isso que o “trio da frente ampla” tem, como única política viável para seus projetos, a “frente ampla”. A política de colaboração com a burguesia, que, no fundo, é uma política de total submissão aos inimigos do povo. E como essa política é indefensável em uma discussão honesta, pois apenas pode ser defendida sob o ponto de vista dos interesses mais mesquinhos, a esquerda que defende a “frente ampla”, ao se deparar com uma política revolucionária, foge do debate.