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Encobrindo a farsa

A “esquerda” petista que apoia candidato direitista e pró-tucano

O Trabalho exalta "eleição" fraudulenta que garantiu a escolha como candidato à prefeito de São Paulo do amigo das empresas de ônibus e do PSDB

A corrente petista O Trabalho publicou nota de um dos seus principais dirigentes, Markus Sokol, defendendo a indicação do ex-deputado e por duas vezes secretário de Transportes de São Paulo, Jilmar Tato, como candidato à prefeito de São Paulo e, portanto, principal porta-voz do Partido dos Trabalhadores nas próximas eleições municipais, que esse Diário classificou como sendo uma fraude contra a base do PT e a favor da frente com a direita.

 

Apoio ao golpe

 

A pretexto de criticar uma suposta desinformação à respeito do ocorrido no processo de escolha do candidato do PT, o dirigente de O Trabalho, faz todo um malabarismo alusivo à “liberdade de imprensa” e critica a “mídia” (palavra usual da esquerda pequeno burguesa, que abandonou todo tipo de caracterização precisa, de classe, a qual distingue uma “midia” qualquer, como um pendrive, de um órgão da imprensa capitalista). E busca afirmar que a “confusão” em torno do ocorrido se deveria à importância da decisão, como também ao que ele chama de “mérito de Tatto” e de que, pela importância do PT e de São Paulo, “parte do futuro do país está em jogo aí”.

Para os “democráticos” e combativos dirigentes de O Trabalho, não tem importância de que a “escolha” do candidato Tatto foi feito como parte de um processo profundamente antidemocrático, depois que seu grupo e seus aliados (como parte que é o caso dessa correte da “esquerda”), majoritário na direção local, cancelou as prévias previstas nos Estatutos do PT, nas quais todos os filiados do Partido poderiam votar e escolher entre os candidatos inscritos para o processo que, inicialmente, eram cinco. Deixa de lado que as prévias, nas quais se esperava uma participação de mais de 20 mil filiados (um sexto do total), foi substituída decisão de um colégio eleitoral com 0,03% dos filiados do PT em São Paulo.

Sokol tenta justificar, com um argumento meramente burocrático, afirmando que “não houve uma decisão do PT local de cancelar uma prévia”, mas sim “uma decisão… do Diretório Nacional (DN), de regulamentar a disputa…atribuindo excepcionalmente a decisão aos Diretórios Municipais em todo o país”. E ainda acrescenta, “foi assim em muitas cidades e algumas capitais onde haviam essas disputas”, o que só  piora as coisas, no sentido de estabelecer que o caso de São Paulo não foi uma exceção.

Vai mais além. Afirma que na Capital, “houve foi uma autorização especial do DN para ampliar, sim, ampliar os participantes na tomada de decisão, de algumas dezenas de membros do Diretório Municipal para um tipo de congresso virtual com representantes dos Diretórios Zonais e dos Setoriais, num total de 615 delegados com mandato”, sem explicar que estes “delegados” não tinham mandato para tomar nenhuma decisão em nome dos 180 mil filiados (e nem mesmo de um grupo menor) em relação as eleições municipais, até porque, como ele mesmo reconhece, o Estatuto do Partido prevê a realização de prévias.

No mês  em que a esquerda realizou, no Brasil, ato de 1º de Maio, com centenas de pessoas (sem qualquer contaminação!), quando estes atos se repetiram em diversos países do Mundo, quando em que estão sendo realizados por todo o País atos pelo Fora Bolsonaro, contra a “pena de morte nos presídios”, em defesa de reivindicações de inúmeras categorias, bairros populares etc. etc. e quando até sindicatos com dezenas de milhares de associados está organizando (antidemocráticas, mas amplas) votação eletrônicas, o dirigente de um suposto grupo esquerdista, que se declara “revolucionário” e até trotkista, afirma – descaradamente – que não “era factível a consulta eletrônica dos filiados” e compara tal situação às “confusões nas filas da CEF e a contundente denúncia da falta de condições para a realização do ENEM por falta de meios”.

E defende uma votação de 615 dirigentes zonais, devidamente mapeados, contra uma votação de 20 mil ou mais, porque essa votação ampla “levaria à uma seleção da elite em detrimento da periferia”. Apresenta assim a versão fantasiosa de que o voto destes dirigentes garantiu a participação da periferia, sem se dar ao trabalho de explicar porque.

Uma desculpa esfarrapada quando, obviamente, o PT dispunha de mecanismos para realizar a consulta de forma mais ampla e que foi amplamente questionada pela maioria dos demais concorrentes:  os deputados federais Alexandre Padilha, Paulo Teixeira e Carlos Zarattini, o urbanista Nabil Bonduki e o vereador Eduardo Suplicy, que defenderam, a votação pela internet.

Não se trata aqui de que defendamos, como um princípio ou mesmo como o melhor critério para um partido de esquerda ou mesmo democrático as prévias, quando elas não são por certo um processo democrático, uma vez que se constituem em um método despolitizado e de fácil manipulação por parte de candidatos com maiores recursos e que iguala os militantes com os filiados que têm uma participação avulsa, ocasional ou mesmo nenhuma na vida partidária, ou que são meros cabos eleitorais (muitos deles pagos) de políticos burgueses ligados a grupos empresariais. Mas o fato é que a decisão tomada apenas por dirigentes partidários que não foram eleitos delegados com tal objetivo evidencia uma clara manipulação e golpe dentro do PT, como vem denunciando muitos militantes.

 

À serviço de que interesses?

 

Depois de “embelezar” o processo, o dirigente petista, enaltece seus resultados, apresentando o “vencedor nesta eleição”, no último dia 16, Jilmar Tatto, obteve 312 votos (51,2%), enquanto o ex-ministro Alexandre Padilha obteve 297 votos (48,3%), além de 1 abstenção, portanto, com o que ele chama de “diferença clara de 3% dos votos”, o que obviamente – em si – não pode estar em questão para quem tenha os mais elementares conhecimentos de Matemática e compreenda que 312 é maior que 297,  que 615 era o todo e, portanto, 100% e, assim por diante.

E passa a exaltar o resultado, só faltando comparar Jilmar Tatto, político profissional, que junto com seus irmãos (que também fizeram carreira, se elegendo vereadores e deputados) se tornaram fortes dentro do Partido depois de ter ocupado  o cargo de secretário de Transportes da maior cidade da América Latina em duas gestões, de Marta Suplicy (ex-PT, ex-MDB, hoje no SD – Solidariedade) e de Fernando Haddad (PT) sempre com muito boas relações com os empresários desse setor dominado por grandes monopólios e que desfruta de muito boas relações com o partido dos banqueiros e grandes capitalistas, o PSDB, que governa o Estado  há mais de 25 anos e com quem os Tattos se acertaram , por exemplo, em mais de uma oportunidade para garantir a eleição do deputado estadual Enio Tatto (PT) para a 1ª Secretaria na Assembleia Legislativa do Estado, com o próprio Lula, maior liderança operária e popular do País.

Exulta que “o partido não saiu dividido em dois” e defende o ocorrido porque “ideal ou não para alguém, isso é o PT”. Assim, se é o PT, na versão de O Trabalho vale tudo, vale indicar o candidato da direção sem consultar as bases, impor o candidato porque é o escolhido do executo local (mesmo que seja integrante do aparato de repressão).

Só por isso, para Sokol, “o resultado do processo de indicação de Jilmar Tatto, candidato a prefeito, é totalmente legítimo” enumera as correntes e supostos grupos que o apoiaram. E acrescenta, que é “um capítulo encerrado e, à luz da trajetória do PT, agora vamos unir o PT, construir uma plataforma e um arco de alianças, e partir para a disputa de eleição”.

Nesse quesito os “esquerdistas” de O Trabalho também não se delimitam do “vitorioso” cuja  “candidatura” se coloca assim como uma espécie de candidatura laranja, aberta à negociação com setores da direita golpista, inclusive com o PSDB, Solidariedade (que tem como pré-candidata Marta Suplicy) e outros, sob o pretexto de combater a extrema direita. Não se distancia do fato de que Tatto, expressa, em São Paulo, o predomínio da política de amplos setores das alas mais reacionárias da esquerda burguesa e pequeno burguesa  que não só se lançarem na política de “frente ampla” com a burguesia golpista, como também consideram a possibilidade de apoiar os tucanos a pretexto de, supostamente combater a extrema direita, o que foi definido como um dos eixos de sua candidatura pelo candidato de O Trabalho, Jilmar Tatto.

Passeia por críticas, muitas delas possivelmente válidas contra os demais pré-candidatos, afirmando – por exemplo – que “a maior parte dos candidatos derrotados em SP já defenderam um tipo de ‘eleição primária’ (uma prévia com não-filiados ao PT)”.

Por fim fala em “derrotar o fascismo”, sem nunca mencionar a necessidade de mobilizar os trabalhadores e suas organizações, inventando a fábula de que este combate teria como terreno favorável as eleições e o apoio a um candidato burguês, reacionário que nada tem a ver com a luta dos trabalhadores e de suas organizações.

 

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