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Rui no 247

“A esquerda está se abraçando com a direita que está se afogando”

Análise Política destacou os principais temas do Brasil e do mundo. Mais uma vez a esquerda foi criticada pela postura suicida de apoio a uma direita e um sistema político mortos.

No programa Análise Política na TV 247 desta terça-feira (26), apresentado por Dhayane Santos, Rui Costa Pimenta analisou os principais temas políticos do momento. O programa acontece toda terça-feira às 16h. Abaixo, um resumo das principais análises do programa.

Sobre uma matéria dada no 247 de que a extrema-direita sofreu grande derrota em Portugal, Rui disse que o resultado, na verdade, foi extremamente positivo para a extrema-direita e que, inclusive, esta é a opinião geral da imprensa portuguesa. A extrema-direita nunca aparecia nas votações e já tiveram 12% logo na primeira vez que apareceram. Rui analisou que a “esquerda da esquerda” teve 2/3 dos votos da extrema-direita.

“O que as eleições indicam não é a derrota da extrema-direita, porque a extrema-direita não perdeu voto, ela ganhou muito voto. E ela não estava numa posição como o Bolsonaro que, se perder a eleição é uma derrota grande do Bolsonaro, por exemplo. Eles não estão no poder nem nada. Uma coisa que chama muito a atenção nesse resultado, – e isso tem a ver com todo esse debate da frente ampla – é o seguinte: o candidato da extrema-direita fez um discurso dizendo que foi uma extraordinária vitória para o partido ‘anti-sistema’ (…) É o mesmo problema que acontece no Brasil. A extrema-direita, de um ponto de vista geral no mundo, se apresenta como anti-sistema. Isso significa que ela se diz anti-globalista, anti-neoliberal, contra os partidos tradicionais”, explicou Rui.

A extrema-direita explora a crise do regime político se colocando, pelo menos no discurso, contra a política tradicional da burguesia. Isso aconteceu nos Estados Unidos com Trump e no Brasil com Bolsonaro, contra o que aqui foi chamado de “velha política”.

“A política da esquerda, de um modo geral, é: precisamos nos unificar com esses partidos tradicionais para nos defender da extrema-direita. É o que acontece no Brasil também. O Bolsonaro aparece como sendo anti-sistema, contra a velha política e a esquerda aparece unificada com esses partidos que estão sendo repudiados pela população. O sentido da frente ampla é isso daí. Mais cedo ou mais tarde se a situação econômica se agravar – e ela deve se agravar – os partidos de esquerda vão se radicalizar mais, vão crescer mais ainda e o alvo que eles vão apresentar na sua propaganda, na sua luta política, para o conjunto da população, é que eles são os opositores do sistema que mata o pessoal de fome, que promove guerras, que promove uma série de desastres que a gente conhece muito bem”, esclarece Rui.

Portanto, a extrema-direita portuguesa, na verdade, está crescendo aceleradamente e está ocupando um lugar que deveria ser da esquerda. Ou seja, um papel anti-sistema, contra o regime político que está aí.

Sobre a derrota do Trump nos Estados Unidos, Dhayane quis saber se isso representou uma derrota para a extrema direita. Rui disse que sim, que debilita de alguma forma a luta da extrema-direita, porém, Trump não é a principal liderança desse movimento no mundo. Na Europa tem figuras com mais protagonismo e a extrema-direita cresce em Portugal e na Espanha, por exemplo. Rui analisou que a extrema-direita não é “um fenômeno artificial e nem um fenômeno de tipo eleitoral. Ela é um fenômeno que tem a ver com uma crise econômica e política muito profundo. Então isso daí não vai fazer desse jeito, pelo contrário”.

Enquanto isso, os partidos tradicionais irão manter a política neoliberal, agravando a crise. O crescimento da extrema-direita empurra o conjunto dos partidos para a direita.

Rui explicou que o capitalismo vem de uma destruição econômica de décadas. Além disso, a crise que começou em 2008 ainda está aberta. A classe operária mundial está semi-paralisada pela própria política de destruição econômica, o que faz com que a extrema-direita cresça no lugar da esquerda.

“A direita se coloca como ‘eu sou contra tudo isso daí’, que é uma desgraça mesmo. Muita gente não entende, mas o Trump, por exemplo, ele teve uma política de criação de empregos fazendo um apela à classe operária desempregada dos EUA, a classe operária industrial. Enquanto que os outros, os ditos democratas norte-americanos eles tem uma política de verdadeira liquidação econômica. Isso acontece em todos os lugares. Então, ao aparecer como sendo ‘anti-sistema’ contra tudo isso daí que é uma desgraça, a direita, num certo sentido, vai ocupando o papel que deveria ser da esquerda. Enquanto a esquerda, cada vez mais, se inclina à direita, apoiando elementos de direita”, disse Rui.

Rui prevê que, no caso de um grande crescimento da extrema-direita, como é a tendência atual, “essas manobras que vemos nos Estados Unidos com o fechamento da contra do Trump, o impeachment do ex-presidente, tudo isso dificulta um pouco a vida da extrema direita”, mas com o crescimento da extrema-direita, na falta de uma política decidida da esquerda, “a burguesia vai acabar se abraçando e adotando a extrema-direita como sendo a sua força principal”.

“Por isso que a frente ampla é uma política equivocada. Ela não é uma muralha contra a extrema-direita porque os integrantes da frente ampla da direita, da burguesia, eles são potencialmente pró-extrema-direita. No Brasil a situação é grotesca. O pessoal apoia o Dória, mas o pessoal se esqueceu que ele foi eleito governador com o título de BolsoDoria e apoiou entusiasticamente Bolsonaro para o governo? Quer dizer, na hora H essa gente vai apoiar a extrema-direita. A aliança com eles não pode dar certo”, arrematou Rui.

Sobre a “guerra das vacinas” entre Bolsonaro e Dória, Rui disse que ninguém fez nada. São Paulo é o estado onde mais pessoas morreram, proporcionalmente. A histeria da classe média fez com que muita gente apoiasse o Dória. “Agora, depois de um ano sem fazer nada, a gente vê o Dória aparecer como o homem que trouxe a vacina para o Brasil. Uma coisa curiosa é que ele não tem nenhuma vacina até agora. Ele vacinou um punhado de gente com uma vacina importada da China. Daí ele fez aquela farsa que a gente conhece muito bem. Ele pegou uma mulher negra, para dar uma de Biden brasileiro, que também faz uma demagogia danada, inclusive a pessoa era do grupo de testes da vacina. Pegou vacinas e vacinou o FHC, Sarney e distribuiu esse punhado de vacina para fazer uma campanha política. Mas ninguém disse até agora quando vai ter vacina para todo mundo e como vai ser o plano de vacinação”, analisou Rui.

“O Bolsonaro fez uma politicagem grotesca de psicopata escatológica negando que houvesse a doença e etc fazendo politicagem com a vida dos brasileiros. O Dória está fazendo a mesma coisa que o Bolsonaro, só que ele aparece como bonzinho, botou uma máscara de ‘Joãozinho Dória, o bonzinho’, mas o que ele está fazendo é tão negativo quanto o Bolsonaro”, disse Rui

Para Rui, o fracasso da vacina do Dória só não foi uma derrota total para ele porque Bolsonaro não conseguiu importar a vacina da Índia antes.

Especialmente sobre a crise de Manaus, Rui analisou como algo “além da imaginação”. “Todo mundo culpa o Bolsonaro, eu também culpo. Mas eu gostaria de colocar no mesmo banco dos réus os partidos políticos que dirigem a cidade de Manaus e o estado do Amazonas. Nessa briga entre quadrilhas não existe quadrilha do bem e quadrilha do mal. Todo mundo é do mal aí. Por isso eu acho que toda essa confusão está servindo para tentar colocar o Dória como alternativa ao Bolsonaro e é capaz que tenha gente dentro dos próprios partidos da esquerda brasileira que vão falar que é melhor votar no Dória para não perder para o Bolsonaro. Mas isso eu já acho que é mais difícil de fazer”.

Rui falou sobre a questão da comunicação da esquerda. “Acho que a esquerda acabou de dar um tiro no próprio peito ao apoiar o que aconteceu nos EUA com o Trump. Porque o pessoal vive de notícia de jornal e eu acho que a maioria vive de notícias de jornais brasileiros, o que é a mesma coisa de você não ser informado de nada. Porque é tudo mentira em cima de mentira. Nos Estados Unidos, uma das grandes novidades do ascenso da extrema-direita foi que ela teve a presença de espírito de utilizar as redes sociais contra a imprensa estabelecida, canais de TV, rádio e jornais que domina há décadas a opinião pública. Então a extrema-direita começou a trabalhar na internet. (…) Logicamente que uma parte da burguesia financia a extrema-direita. Mas eles usaram com muita habilidade esses meios e voltaram esses meios contra os meios tradicionais. Nesse momento tem uma crise dos grandes jornais enquanto a internet sobe. O Trump tinha 87 milhões de seguidores no Twitter, uma arma de comunicação poderosa. Isso vem deixando a burguesia preocupada há muito tempo e eles aproveitaram a crise com a extrema direita para começar um expurgo nas redes sociais e a esquerda está apoiando esse expurgo. Só que está apoiando o expurgo na ilusão – que é uma ilusão totalmente infantil – de que isso daí é uma coisa contra a extrema-direita. Não é verdade. Não se trata disso. É uma tentativa dos meios tradicionais de recuperar o seu predomínio absoluto”, esclareceu Rui.

O presidente do PCO citou a perseguição geral também sobre a esquerda nas redes sociais e alertou para o perigo dos canais de esquerda na internet no Brasil também. Rui citou que o 247, inclusive, em um determinado momento, poderá ser alvo de censura ou de cancelamento por ter falado uma coisa ou outra que contrarie a burguesia.

Esse foi um resumo do programa de 26/01/2021 que poderá ser visto na íntegra abaixo:

Impeachment, vacina e a eleição no Congresso - Análise Política na TV 247

 

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