Os doze primeiros meses do mandato de Jair Bolsonaro como presidente da República já forneceram lições suficientes para demonstrar que o regime político brasileiro está nas mãos de uma corja golpista, fascista e humilhantemente ajoelhada aos pés do imperialismo. As lições, no entanto, ainda não causaram uma mudança efetiva na política geral que vem sendo adotada pela esquerda nacional.
Desde que a burguesia partiu para uma ofensiva explícita contra as organizações e os partidos populares — sobretudo o Partido dos Trabalhadores (PT) —, o enfrentamento entre as classes sociais sempre esteve ausente do discurso das lideranças da esquerda nacional, sendo escanteado pela política da “frente ampla”. À tentativa de depor Dilma Rousseff por meio de um processo de impeachment, a esquerda nacional reagiu com tentativas de acordos com setores tradicionais da burguesia. Hoje, à tremenda impopularidade do governo Bolsonaro, a esquerda nacional propõe uma “frente ampla” com setores burgueses em decadência.
As propostas de formação da “frente ampla” vão e vêm, a depender das condições em que está colocada a situação política. Ultimamente, tem partido do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), parte significativa das propostas de formação de uma frente que colocam a burguesia nas mesmas fileiras que a classe operária. Flávio Dino se encontrou com o neoliberal Fernando Henrique Cardoso e com o empresário e funcionário da Rede Globo Luciano Huck. Mais recentemente, Dino chegou a falar que teria mais condições de “dialogar” com setores da burguesia como Luciano Huck do que com o próprio Jair Bolsonaro.
A proposta da “frente ampla”, no entanto, não parte da iniciativa de Flávio Dino, mas sim da própria burguesia. A “frente ampla”, muito longe de ser um instrumento que combata a ascensão da extrema-direita, é uma operação para que partidos falidos — como o DEM — ganhem uma sobrevida através do voto das organizações populares. É preciso, por isso, combater incessantemente a política da “frente ampla’, bem como qualquer política que tenha como fim a colaboração entre as classes. Fora Bolsonaro e todos os golpistas!