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Política pequeno-burguesa

A esquerda e o golpe (4): “O Japão não quer o golpe”

O PSTU foi o partido que expressou mais perfeitamente a política geral dos partidos pequeno-burgueses de se aliarem, mesmo que involuntariamente, a burguesia golpista

A investida golpista da burguesia contra o governo do Partido dos Trabalhadores pode ser identificada mais nitidamente, como fez o Partido da Causa Operária (PCO), a partir de 2012, com a farsa do julgamento do chamado Mensalão. O PCO foi o primeiro, e durante muito tempo, o único partido a denunciar o golpe; elaborou uma política coerente com a nova situação política; frente única da esquerda e do povo para barrar o golpe da direita.

Para a esquerda pequeno-burguesa, no entanto, as manobras da grande burguesia para derrubar o governo lhes turvaram completamente a vista, não viram o golpe; e foram arrastados pela política dos golpistas; muitos juntaram-se de bom grado aos golpistas para combater o PT, crendo que, com a queda deste, sua hora chegaria.

Por oportunismo e falta de análise política séria embarcaram no barco dos golpistas; olhavam o PT apenas como um concorrente que monopolizava o “mercado” de esquerda, como um pequeno capitalista vê o grande, aos vislumbrar, na suas mentes pequeno-burguesas, o mercado que se abriria com a queda do PT de defender o golpe abertamente.

Muitas foram as teorias, se é que se pode chamar assim, as teorias para justificar a política de frente única com a burguesia que a maioria dos partidos pequeno-burgueses adotaram. Da luta interburguesa, PCB e outros, que classificava o PT como um partido da burguesia, e que se trataria tão somente a uma luta dentro bloco burguês, sem interesses para a classe trabalhadora, à tese de que o imperialismo não quer um golpe, na verdade essa posição defendia que havia uma mobilização do povo contra o governo do PT.

Destaquemos o caso do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados (PSTU), cuja atuação reacionária, que quase destruiu o partido, rendeu ao menos momentos de gostosas risadas. Desde que a burguesia adotou o impeachment como meio fundamental de derrubar o governo, em meados do 2015, colocando em movimento uma manada de elementos de extrema-direita, os verde amarelo, como ponto de apoio, o PSTU rapidamente se alinhou a posição da burguesia e lançou a palavra de ordem pela qual ficou conhecido: Fora Dilma! Fora todos.

O PSTU foi mais radical na política de frente com a burguesia, enquanto a esquerda combatia o governo do PT, Boulos foi o grande representante desta tendência, por meio dE uma suposta luta contra o ajuste fiscal de Dilma, o PSTU já pedia a queda do governo desde o início de 2016 pelo menos, que vai se concretizar nesse mesmo ano. É certo que o PSTU também complementava sua palavra de ordem, para não parecer tão direitista, com o Fora Temer! Fora todos eles! Somente a Dilma caiu.

Essa política tem por fundamento a ideia de que o imperialismo não queria golpe no país e que a movimentação existente, não era da extrema-direita impulsionados pela burguesia, mas uma movimentação do povo contra o governo do PT e que se expressava primeiro na classe média.

Num curioso texto de abril de 2016, após o horror da votação do impeachment da Dilma no Câmara dos Deputados, intitulado: “Às ruas! Fora Dilma, fora Temer, fora todos eles!”, pode se ler:

“A classe operária e a maioria do povo querem que Dilma se vá, mas não querem que Temer, Cunha ou qualquer outro bandido deste Congresso governe. A vontade da classe trabalhadora e da maioria do povo não se expressa no Congresso Nacional, nem no bloco que defende o “Fica Dilma”, nem no que defende impeachment e “governo Temer”. Nem um, nem outro bloco representam a mudança que a classe trabalhadora, a juventude e o povo pobre exigem”.

Essa tese foi expressa embrionariamente alguns anos atrás, em 2013, por um dos principais dirigentes do partido na época, o hoje psolista Valério Arcary, num vídeo alucinante, curioso e mais dos engraçados já produzidos por toda a esquerda nacional. Nele o dirigente tranquiliza a esquerda e garante que não existe perigo de golpe, sob a justificativa de que o imperialismo não quer um golpe (o Japão não quer um golpe!) Não se sabe até hoje a fonte que passou a informação falsa ao dirigente do PSTU.

A política golpista da esquerda cobrou um alto custo, toda a esquerda que ajudou na medida de suas possibilidades teve a esconder seu passado e falseá-lo, muitos hoje apresentam-se como os maiores lutadores contra o golpe. Também para o custou caro, mas esse pelo menos não abandonou até hoje sua posição golpista. O PSTU ao longo do processo do golpe rachou em inúmeros pedaços e o próprio dirigente citado saiu do partido levando algumas centenas de militantes para formar uma corrente dentro do PSOL.

O processo do golpe de Estado no Brasil revelou como a esquerda pequeno-burguesa nacional está atrelada de maneira profunda a burguesia. Isso é expressão fraqueza da pequena burguesia brasileira, que impede seus partidos de terem uma fisionomia política mais nítida e arrojada, tornam-se muito conservadores para serem aceitos pela classe dominante, nos momentos mais críticos seu conservadorismo os leva direto a burguesias, é o que vemos se repetir agora mesmo, com a política de frente ampla, que é a continuação da frente única da esquerda pequeno-burguesa contra o PT e o que representa, ou seja a grau de desenvolvimento da estrutura sindical, operária, popular do país em troca de visibilidade, cargos e ascensão.

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