Os atos do ultimo sábado (27), em favor da retomada dos direitos políticos de Lula, foram esclarecedores em relação à politica da esquerda e da direita. Enquanto a esquerda se mostrou dividida em setores que foram às ruas em defesa de Lula e um setor majoritário que se opuseram a essa politico, a direita se mostrou coesa na contraposição a Lula, tanto entre os frente-amplistas, quanto entre a extrema-direita.
A “missão” de Ciro Gomes para as eleições de 2022, “impedir que o PT [de Lula] atinja o segundo turno” deixou clara a posição da direita dita democrática, a rota eleitoral de Bolsonaro mostra que ele já se prepara para enfrentar o PT no segundo turno: pelo nordeste.
Quanto à esquerda pequeno-burguesa, a politica do “fique em casa” nunca foi tão popular. Na contramão do chamado de Lula às ruas, a esquerda preferiu “ficar chorando no zoom”. O PCO e os Comitês de Luta, contudo, fizeram dois atos nacionais ouvindo o chamado do ex-presidente, “levando o seu jornalzinho para distribuir”, como pediu Lula.
Considerando a situação, portanto, é possível concluir que a união da direita, portanto, na oposição contra Lula e a desunião da esquerda na sua defesa, é o elemento principal de fraqueza da esquerda. Enquanto a direita, apesar de aparentemente desunida, se une no combate a Lula, a esquerda, cujos setores submissos a politica da direita dividem as influências, mantem-se enfraquecida na luta.
Em lugar de lutar por Lula, o principal perseguido politico do imperialismo, a esquerda pequeno-burguesa e identitária distrai-se com o jogo politico do próprio imperialismo. Se o imperialismo é favorável à eleição de Biden, a esquerda faz campanha por Biden. Se a direita é favorável a colocar o Bolsonaro na linha, a esquerda faz campanha pelo Bolsonaro na linha. Se o imperialismo é favorável à entrega da Amazônia para a França, a esquerda defende a entrega como uma oposição ao bolsonarismo.
Agora, se a politica vai contra os interesses da direita “democrática”, a esquerda diz que “não é hora do Fora Bolsonaro”, “Lula Livre não unifica” e tantas outras colocações.
A última da esquerda foi a entrega da defesa dos direitos democráticos para a extrema-direita: a defesa do direito de Daniel Silveira e de Donald Trump falarem o que quisessem deveria se considerado ataque a segurança nacional.
Enquanto a esquerda identitária, portanto, defende o “cancelamento” e as politicas imperialistas, a extrema-direita deita e rola com a defesa dos direitos democráticos e a oposição demagógica as politicas mais claras de ataque contra os trabalhadores. Quer dizer, enquanto Trump defende a repatriação das fábricas, e Bolsonaro defende o “direito de trabalhar” em oposição ao lockdown, a esquerda defende a política imperialista de Biden e a politica pró-lockdown dos governadores brasileiros. Dessa forma, a esquerda majoritária cede toda a iniciativa politica das questões fundamentais para os fascista que diz tentar combater.
O único setor da esquerda nacional que luta pelos direitos de Lula, defende os direitos democráticos e defende a luta nas ruas pelos interesses do povo trabalhador, o PCO, portanto, deve ser o exemplo a ser seguido. Apenas a luta nas ruas tem o poder de responder a dinamicidade da situação politica. Os inúmeros ataques sofridos pela população, as péssimas condições do povo diante dos 250 mil mortos pela pandemia, o desemprego e a fome; todos os problemas e aspirações dos trabalhadores devem ser o motor para uma grande mobilização social. O eixo para essa mobilização deve ser a luta por um governo operário, e pela candidatura de Lula para 2022.