O Brasil atingiu neste mês a marca de 3.500.000 casos confirmados de coronavírus, e mais de 100 mil mortos. Passando por cima da realidade mórbida, os capitalistas por meio de Bolsonaro, e sua trupe neoliberal, pisam em crânios ao propagar a todo vapor a política de reabertura em todo país.
Frente a esta enorme política de genocídio, a esquerda brasileira adotou a paralisia como norma de enfrentamento. Os atos, foram substituídos por campanhas nas redes sociais, os congressos populares, por lives para a pequena-burguesia assistir, e assim, o povo trabalhador foi colocado à mercê da pandemia e do desemprego em massa, na falta de qualquer política de enfrentamento.
Um dos resultados mais mal sucedidos da esquerda pequeno-burguesa brasileira, encontra-se justamente na mais importante palavra de ordem do momento: o Fora Bolsonaro. Esta, que deveria ser o eixo norteador para todas as organizações populares, foi colocada não sob a base de uma real mobilização dos trabalhadores, mas sim, de uma espera fantasiosa por um impeachment organizado pela própria burguesia que elegeu Bolsonaro.
Nesta semana, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), decidiu por descartar, mais uma vez, os mais de 40 pedidos de impeachment contra Jair Bolsonaro. Para Maia não “é o momento de avaliar processos de impeachment. Estamos vivendo uma epidemia, uma crise econômica”, e conclui colocando “não acho que impeachment seja instrumento para ser usado a qualquer momento, tem que avaliar com calma”.
Tais declarações vieram logo após Jair Bolsonaro dizer a um repórter que “queria encher sua boca de porrada”, além dos típicos escândalos de corrupção, divulgados pela imprensa burguesa e lideranças de esquerda na internet.
A posição de Rodrigo Maia, foi um novo balde de água fria para toda esquerda institucional, que colocou todas as suas cartas em um ilusório acordo com o chamado “centrão”, o principal setor da burguesia golpista no parlamento. Maia, para expor ainda mais o ridículo das fantasias esquerdistas, afirmou que “últimos 66 dias foram muito bons para o país e seria bom que continuasse”, ou seja, a vitória das reformas está acima dos 100 mil brasileiros mortos.
Fica evidente, que o que irá derrubar Bolsonaro não serão denuncias de corrupção, que renderam uma campanha de tweets neste final de semana por parte da esquerda, muito menos, os acordos da Frente Ampla com a burguesia, a mesma que deu o golpe de Estado, elegeu Bolsonaro, e impulsiona os ataques aos trabalhadores. A esquerda, se não quer capitular frente a uma eminente ditadura, precisa imediatamente organizar a classe trabalhadora. Apenas a mobilização, as greves, as manifestações de rua, fortemente impulsionadas sob a palavra de ordem do “Fora Bolsonaro!” poderão garantir a vitória sob os fascistas.