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“A eleição está aberta”… burguesia fabrica justificativa para fraude em favor de Alckmin

Na quarta (3), os golpistas iniciaram uma nova fase no processo de manipulação eleitoral. A chapa de Jair Bolsonaro (PSL) e seu vice Hamilton Mourão (PRTB) lidera as pesquisas manipuladas pelos golpistas com 31%, após um crescimento propiciado pela adesão de Edir Macedo a sua campanha.

Com a chapa dos militares num patamar que praticamente garante sua presença no segundo turno, é hora de lapidar as demais candidaturas, que giram em torno do “espantalho” Bolsonaro. Os golpistas operam hoje nas seguintes frentes: pela esquerda, apresentar a candidatura de Ciro Gomes (PDT) como “o único capaz de derrotar ‘o coiso’”, de modo a dividir os votos da esquerda com o PT; pela direita, apresentar a candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) como “a 3ª via, o único com capacidade de articulação”, de modo a realmente alavanca-lo; apresentar a candidatura do PT como algo “tão radical quanto Bolsonaro” pela esquerda, forçando os votos para o centro; atacar ferozmente o PT na imprensa, com a abertura da delação de Palocci por Sérgio Moro; desestimular fortemente o voto nulo; coagir todos a aceitar as regras do jogo e legitimar as eleições.

Bolsonaro, Ciro ou até mesmo Fernando Haddad (PT) podem vir alternativas viáveis para a burguesia golpista. Porém, é fato que seu candidato preferencial é Geraldo Alckmin, e que há uma articulação hoje para levá-lo ao segundo turno e à Presidência da República. Vejamos os elementos dessa fabricação.

Convém, preliminarmente, lembrar que todo o aparato jurídico, toda a imprensa e todos os institutos de pesquisa são dominados pelos golpistas. Eles coordenam todo o processo – e possivelmente fraudarão ainda a contagem de votos. Trata-se aqui apenas de produzir a credibilidade no processo eleitoral, tornando legítima a eleição de seu candidato preferencial.

Com a subida de Bolsonaro, “o monstro” – apesar de todo o movimento #elenão – a esquerda começa a entrar em pânico. As pesquisas apontam que somente Alckmin e Ciro são capazes de vencê-lo no segundo turno. Se todos os elementos do imperialismo – incluindo Bill Clinton e a revista inglesa The Economist já apontaram que o militar não é o candidato preferencial, é para essas candidaturas que a burguesia quer encaminhar os votos na reta final do segundo turno.

Pela esquerda, o processo é inflar a candidatura de Ciro Gomes, dividindo os votos do PT. O pedetista se apresentou como um caçador dos votos petistas desde os primeiros momentos de sua campanha – o que lhe rendeu destaque entre os abutres que disputavam o espólio de Lula. Flertou com o apoio do PT e da direita, atraiu para seu campo de influência a direita do PT e sobretudo o PCdoB. Este último desfez em novembro a aliança de décadas com o Partido dos Trabalhadores para lançar a candidatura própria de Manuela d’Ávila. Era uma ponte para negociar apoio com o PDT. Com a inclusão do PCdoB na chapa presidencial petista em agosto, tal proximidade com a direita se manteve. Ainda na última quarta (2), a própria Manu fez questão de alegremente fazer campanha para Ciro na última terça: “Tenho certeza que estaremos com Kátia e Ciro no 2º turno”. Nas redes sociais, a militância pedetista redobrou virulência dos ataques à esquerda, insistindo que seu candidato é o “único que vence Jair Bolsonaro no 2º turno” – como outras pesquisas vinham apontando antes.

Pela direita, o plano é reforçar o papel da candidatura de Alckmin como o candidato preferencial da direita. A dissidência da Frente Parlamentar do Agronegócio (FPA) foi duramente reprimida pelo próprio Alckmin, que a classificou de “desrespeitosa”, alegando que os parlamentares do grupo não foram consultados. Porta-vozes do núcleo duro do golpe já deram a diretriz. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso lançou um manifesto com 91 assinaturas pedindo “compromisso radical com a democracia” – em que as “ameaças à democracia” seriam o PT por um lado e Bolsonaro por outro. A vice de Alckmin, a senadora Ana Amélia, garante que “Alckmin é a 3ª via, o único com capacidade de articulação”.

O ataque feroz ao PT na imprensa se iniciou resolutamente na última segunda (1). Além ter reforçada em dezenas de editoriais e artigos a pecha de “radical intransigente” e “antidemocrático”, o PT voltou a ser atacado judicialmente – com ampla divulgação nas manchetes. Sérgio Moro, o Mazzaropi da Odebrecht, divulga homeopaticamente trechos da delação do ex-petista Antonio Palocci, em que o Partido é acusado de todo tipo de manobra corrupta. Dentro da velha linha da Lava Jato, as acusações não possuem qualquer lastro material. Trata-se apenas de uma campanha de calúnias. Surgiu ainda uma nova acusação de um suposto desvio de R$ 2,1 milhões na própria campanha presidencial de Haddad. A imprensa golpista parece ter ainda muitas “balas de prata” capazes de abater a candidatura petista.

O tradicional desestímulo à abstenção e ao voto nulo, feito em campanhas do próprio Tribunal Superior Eleitoral (TSE) desde o início do ano, intensificou-se. Inúmeros artigos pipocam na imprensa reforçando que “se você não escolhe, outros escolhem por você”. A própria rede norte-americana de lanchonetes Burger King se saiu com um comercial contra o voto nulo, exibido nos intervalos dos debates dos candidatos. O objetivo é duplo: por um lado, um amplo comparecimento legitima “democraticamente” as eleições conduzidas pelos golpistas.

Por outro lado, joga-se com um terço do eleitorado que ainda não teria manifestado seu voto nas pesquisas. Se tal parcela da população expressou ou não sua opinião, não se sabe. Sabe-se porém que os golpistas podem jogar com essa parcela estatística para justificar a possível ascensão de um candidato preferencial da direita. A diretora do Ibope, Marcia Cavallari, fez questão de limpar o campo: “1/3 dos eleitores ainda não cita candidato. A eleição está aberta”.

O imperialismo parece estar controlando plenamente o processo eleitoral, difundindo uma narrativa oscilante o suficiente para granjear a credibilidade necessária a sua legitimação. Prova disso é a estranha “tranquilidade” do “mercado” (dos investidores que comandam o golpe) apesar de se desenhar hoje uma perspectiva de polarização entre esquerda e direita no segundo turno. Na verdade, o “mercado” está tranquilo porque o próprio processo eleitoral mais uma vez logrou centralizar as atenções do campo político, lançando a mobilização popular em franco refluxo. Sem organização dos trabalhadores contra o golpe, a direita continua com o “mando de campo”: dominam todas as instituições, todas as pesquisas, toda a imprensa. Domina até mesmo o voto de uma boa parcela da esquerda. Por isso, mais que nunca, é preciso denunciar o caráter farsesco dessa manobra, reforçando que eleição sem Lula é fraude.

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