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Crise se amplia

A economia em descompasso com a produção real de riquezas

A crise capitalista é anterior à pandemia e vai continuar mesmo depois das vacinas

O Banco de Compensações Internacionais (BIS) em seu relatório trimestral divulgado dia 14/9 alertou para um descolamento entre os mercados financeiros e a economia real (indústria, comércio, agricultura). Esse alerta tem a função de indicar a proximidade de novas crises (O Estado de S.Paulo, 14/9/20).

Essa entidade internacional, o BIS, é uma instituição privada, com sede na Suíça. Ele foi criado na Conferência de Haia em 1930. “É formado por 191 bancos centrais. Destes, 62 são Bancos Centrais Associados e 129 são Bancos Centrais Subordinados. (…)Os bancos centrais associados são os donos do BIS. Mas, apenas 6 deles possuem mais de 55 por cento das ações correspondentes ao poder de voto: os Bancos Centrais da Bélgica, Inglaterra, França, Alemanha, Itália e Estados Unidos da América do Norte.” (Auditoria Cidadã da Dívida, 31/8/20).

No processo de desenvolvimento de capitalismo, há muito tempo o capital financeiro e o capital industrial criaram laços íntimos e fortes, passando o processo financeiro a determinar a dinâmica da acumulação capitalista, produzindo riquezas por meio da expansão da produção mundial, mas também na articulação de outras formas não materiais, nos mercados de capitais (bolsas de valores, bolsas de mercadorias) e em transações gigantescas entre moedas e outros símbolos de valor.

O deslocamento entre o mundo “real”, representado pelo trabalho que produz mercadorias, e o mundo “fictício”, do empréstimo a juro, da especulação financeira, das apostas em bolsas, já produziu crises em quase todos os países capitalistas. No Brasil foi o motivo da crise do Encilhamento (uma referência à corrida de cavalos), uma das primeiras bolhas econômicas, bem no início da República brasileira, durante o governo provisório do marechal Deodoro da Fonseca entre 1889 e 1891. À época, para induzir a industrialização, criou-se uma série de facilidades para a concessão de empréstimos pelos bancos, que começaram a emitir papeis (títulos) com suposto lastro nos investimentos que seriam feitos. Não houve investimentos, nem produção deles derivados, só dívidas que acabaram não sendo pagas.

Nos EUA uma situação semelhante ocorreu no final da década de 1920 e a crise derivada, a de 1929, abalou as estruturas do capitalismo mundial.

De lá para cá, inúmeras vezes o mesmo ocorreu, a crise mais recente que expressou a fratura dos compromissos econômicos no mundo do capital financeiro foi a de 2008. Estamos vivendo a consequência dessa crise até hoje.

E é no contexto desse momento de uma crise prolongada, onde as instabilidades dos mercados de capitais, dos mercados de moedas, dos mercados de commodities etc., acabam se transformando com muita facilidade em crises internacionais, é que o BIS lança um alerta sobre o comportamento da economia mundial e dos vários descolamentos entre os valores atribuídos a títulos e os resultados da produção material. O alerta tem por base a constatação de que os ganhos financeiros têm sido muito maiores que as taxas de crescimento da produção durante a pandemia. O BIS verificou que as retomadas da economia têm ocorrido em nível muito menor que os ganhos financeiros, isso tanto nos EUA quanto na China, se expressando em lançamento de títulos em valores muito maiores que no ano passado, e indicando a inexistência de lastro para eles.

Assim como na crise do início da República brasileira e na crise de 1929, esses títulos têm sido vendidos e comprados motivados em apostas que podem não dar certo, como por exemplo, a expectativa de crescimento exponencial das indústrias de biotecnologia e farmacêuticas.

Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, as apostas dos investidores se dão porque observam que o número de falências em 2020 nas principais economias mundiais está menor que em 2019, mas o alerta vem em seguida: “houve um aumento das empresas “zumbis”, assim chamadas porque continuam em operação, apesar de serem persistentemente não lucrativas. Elas, segundo o documento, são particularmente vulneráveis a crises econômicas”. (O Estado de S.Paulo, 14/9/2020)

Essa situação mostra muito claramente que a crise atual é muito superior que a pandemia e suas consequências serão muito mais duradouras.

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