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Bolsonaro não é fascista?

A ditadura sem ditadura?

Em artigo, o intelectual Aldo Fornazieri afirma que o governo Bolsonaro não é fascista e que não há risco de golpe militar. Veja aqui em detalhes o quão absurdas são essas teses.

Aldo Fornazieri, professor de Escola de Sociologia de São Paulo, publicou recentemente um texto que faz algumas afirmações muito curiosas. No artigo, intitulado “Bolsonaro e o despotismo da democracia”,  o intelectual afirma que, embora o governo Bolsonaro seja um perigo, não haveria um movimento fascista organizado no país. Não satisfeito, ele vai ainda mais longe, quando afirma que o governo Bolsonaro não se encaminha para uma ditadura militar. Para Fornazieri, “Não há nenhuma evidência, nenhum fato, nenhum movimento que respalde tais avaliações. Nem há disposição ou inclinação no alto comando das Forças Armadas no sentido de avalizar tal aventura.”.

Em ambas as afirmações, Fornazieri está categoricamente errado. Com relação ao problema do fascismo, trata-se de uma incompreensão do fenômeno. Para ele, sequer poderíamos afirmar que Bolsonaro, enquanto indivíduo, seja um fascista. Na verdade é o contrário, Bolsonaro é evidentemente um fascista, dado o conjunto de suas obras e declarações. Já o seu governo ainda não se tornou, de fato, um governo fascista. O argumento do intelectual é que afinal, o bolsonarismo não teria milícias fascistas armadas. No entanto, isso não é verdade. Afinal, as milícias no Rio de Janeiro são compostas por elementos bolsonaristas, que tem relações com a própria família Bolsonaro, o que já é de domínio público. Há também as forças policiais que formam a base social do bolsonariso e que podem, em um momento de agravamento da crise serem utilizadas como verdadeiras milícias fascistas do bolsonarismo. Mas, embora o bolsonarismo ainda não tenha colocado em marcha uma ampla formação e organização de milícias com características fascistas, que tem como objetivo esmagar a classe operária e as suas organizações, isso não significa que estejamos livres desse perigo. Afinal, basta a burguesia tomar esta decisão política e financiar um movimento deste tipo, a base bolsonarista já está aí, se aquecendo no banco de reservas, apenas esperando a convocação do “professor”.

Mas o maior erro na análise de Fornazieri está no fato de que, para o intelectual, não haveria nenhuma evidência que comprovasse o perigo de uma ditadura militar aberta. Não se sabe onde o intelectual esteve nos últimos anos, mas em uma lista muito resumida nós vimos: intervenção militar em diversos estados, como o Rio de Janeiro e outros; generais controlando o STF, com a indicação do “conselheiro” Ajax para o presidente Dias Toffoli; muitos generais e outros militares de alta patente ocupando postos chave no governo; generais mandando mensagens no Twitter que fizeram todo o país de refém, como no caso de Villas Boas quando se discutiu o problema da liberdade do Lula no STF. Ainda poderíamos acrescentar muitos outros casos, mas fica evidente que já no governo Temer, e agora ainda mais com Bolsonaro que a “presença” dos militares sobre o regime político de conjunto tem aumentado sistematicamente.

Em seu artigo, Fornazieri afirma que a análise política deve ser feita de forma precisa, afinal, um erro na avaliação leva a ações políticas equivocadas, o que é um desastre. Nisso, o intelectual está certo. O problema é que, se fôssemos assumir que a análise de Fornazieri está correta, a conclusão é que a esquerda poderia dormir tranquila, afinal, se não há nenhum risco de golpe militar e nem de um movimento fascista no Brasil, o que precisaríamos fazer? Apenas nos preocuparmos com as eleições de 2022. Na realidade, é justamente esta a posição do intelectual, já que, conforme já discutimos anteriormente em várias polêmicas deste Diário, Fornazieri é um dos ideólogos da Frente Ampla, quer dizer, de uma aliança da esquerda com os partidos da burguesia, com uma finalidade puramente eleitoral. No entanto, esse menosprezo da grande ameaça que Bolsonaro e a direita representam para o povo brasileiro é muito perigoso, como discutimos aqui.

O governo Bolsonaro está debilitado, em uma grande crise, que em grande medida é criada por ele próprio, e portanto não tem sido capaz de realizar todo o seu programa de ataques contra o povo. No entanto, ainda é um governo muito perigoso, que não pode ser menosprezado. Muito menos ainda a possibilidade do desenvolvimento de um movimento fascista organizado no país ou que o regime evolua para uma ditadura militar. Por isto, a esquerda não pode ficar paralisada por um só segundo. É preciso mobilizar pelo “Fora Bolsonaro” e pela liberdade de Lula, quer dizer, mostrar claramente para a direita que o povo não vai aceitar a ditadura que se desenvolve à luz do dia, embora Aldo Fornazieri não veja.

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