Victor Assis

Editor e colunista do Diário Causa Operária. Membro da Direção Nacional do PCO. Integra o Coletivo de Negros João Cândido e a coordenação dos comitês de luta no estado de Pernambuco.

UFPE

A ditadura no debate eleitoral no Recife

Candidato do PCO foi censurado pela organização do evento, que cedeu à pressão da direita, e atacado por candidato do Democratas

Na noite de ontem (28), aconteceu um fenômeno raro — e que se tornará cada vez mais raro — nas eleições municipais: o Partido da Causa Operária participou de um debate com a presença de todos os candidatos, incluindo os da direita. O debate se deu em Recife e foi organizado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Chegar ao debate não foi uma tarefa tão simples. Só ficamos sabendo do debate por meio da imprensa burguesa — isto mesmo, os “organizadores” não convidaram o PCO para o debate! Mas segundo a imprensa, o debate ocorreria com todos os candidatos. Em matéria do dia 24 de setembro do Jornal do Commercio, de título “João Campos informa que não vai ao primeiro debate entre os candidatos a prefeito do Recife, na UFPE”, lê-se:

“(…) Sem o socialista e aliado do atual prefeito da capital, Geraldo Julio (PSB), o encontro deverá contar com as presenças dos candidatos Charbel Maroun (Novo), Coronel Alberto Feitosa (PSC), Patrícia Domingos (Podemos), Marília Arraes (PT), Mendonça Filho (DEM) e Thiago Santos (Unidade Popular), que já confirmaram a participação no debate. Também foram confirmados os candidatos Carlos Andrade Lima (PSL), Cláudia Ribeiro (PSTU), Marco Aurélio (PRTB) e Victor Assis (PCO), mas estes ainda não responderam ao convite para participar do evento”.

De fato, é difícil responder a um convite que nunca foi feito. A situação se manteve até o dia do próprio debate. No sítio da própria UFPE, lia-se, desde o dia 25 de setembro:

“Confirmaram presença os candidatos Charbel (Novo), Coronel Alberto Feitosa (PSC), Delegada Patrícia (Podemos), Marília Arraes (PT), Mendonça Filho (DEM), Thiago Santos (Unidade Popular), João Campos (PSB), Carlos Andrade Lima (PSL), Cláudia Ribeiro (PSTU) e Marco Aurélio (PRTB). Também foi convidado o candidato Victor Assis (PCO), que ainda não respondeu ao convite para participar do evento”.

Por várias vezes, tentamos entrar em contato com a organização do debate, e não tivemos resposta alguma. Ou, pelo menos, resposta satisfatória alguma:

Finalmente, a menos de 6 horas do debate, que já vinha sendo anunciado havia quase uma semana pela imprensa burguesa, conseguimos contato e, enfim, confirmamos a minha participação enquanto candidato do PCO em Recife. Na ocasião, foi enviado um documento contendo as regras do debate. O documento pode ser lido aqui.

Às 19h, os candidatos entraram em uma sala virtual, que tinha como objetivo preparar o debate, que teria início às 19h30. Alguns minutos antes do início do debate, que seria transmitido pela plataforma YouTube, o fascista Alberto Feitosa (PSC), coronel reformado da Polícia Militar, alegou que se sentiu “ofendido” com os cartazes de “Fora Bolsonaro” que apareciam ao fundo de meu cenário. A mediadora, pressionada pelo fascista, pediu que eu mudasse de cenário. Obviamente, me coloquei contra essa arbitrariedade e expliquei que não havia qualquer ponto no regulamento que proibia cartazes no fundo do cenário.

A fala de Alberto Feitosa foi seguida pela fala de vários outros direitistas, entre eles, o candidato do Partido Novo e o golpista Mendonça Filho (DEM), que foi ministro da Educação do governo Temer. Com a pressão dos direitistas, a organização do debate acabou cedendo e disse que ou o PCO mudava de cenário ou seria expulso do debate. Decidimos mudar o cenário e utilizar o debate para denunciar a arbitrariedade.

Em minha primeira fala, fui interrompido por Mendonça Filho, que usou o mesmo pretexto de ter se sentido “ofendido”. A “ofensa” em questão foi que eu disse que, enquanto os estudantes saíam às ruas, ele se encontrou com Alexandre Frota em 2016. E isso é fato, conforme comprovado aqui. O candidato do DEM tomou vários segundos de meu tempo, que não foram restituídos pela organização. A mediadora ainda alegou que eu estaria “causando tumulto” no debate.

Os acontecimentos no debate da UFPE são uma demonstração do caráter antidemocrático das eleições municipais. Um partido como o PCO, dedicado a denunciar o regime político golpista, é incompatível com os interesses da direita. E por isso é excluído dos debates e, quando convidado, censurado.

A censura, pelo que ficou claro, é promovida justamente pela direita e pelos aliados do governo Bolsonaro: o DEM, o PSC, o Partido Novo e os demais partidos da direita que, se não se posicionaram abertamente contra os cartazes, concordaram tacitamente com a censura.

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