Vivendo uma crise devido aos impasses no interior do bloco golpista e à profunda desmoralização, a operação Lava Jato dá sinais de se encaminhar para o fim. Em entrevista ao Estadão, o novo coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato no Paraná, Alessandro Fernandes Oliveira, preferiu desconversar sobre o momento político atravessado pela operação, destacando contudo, que sob sua condução, a “viga mestra será a continuidade”, indicando que, apesar do esgotamento, os processos fraudulentos permanecerão.
Esta característica deve ser ressaltada por que, embora já sem nenhuma credibilidade, a desidratação da operação vem sendo conduzida pela burguesia, que não está interessada em mudar o fundamento político da Lava Jato, estando antes preocupada em operar uma mudança de forma apenas.
Em matéria assinada publicada na Folha de S. Paulo, Catarina Rochamonte, representante do Instituto Liberal, descreve o ex-presidente Lula como o “rei”, em alusão à peça de xadrez que representa o alvo principal da disputa. Na medida em que a burguesia toma a iniciativa de acabar com a Lava Jato, em substituição à esquerda, isto se dá sem que os processos da operação sejam cancelados, como deveriam, sem que mais detalhes desta intromissão do governo dos Estados Unidos sejam revelados, sem que a destruição da economia nacional seja revertida, enfim, sem que os interesses populares prevaleçam, permitindo assim, inclusive, uma rearticulação que preserve os interesses fundamentais da Lava Jato.
Desmascarada como uma grande farsa montada diretamente pelo imperialismo americano para interferir no sistema político brasileiro, os operadores da Lava Jato, principalmente Moro e Dallagnol, teriam de ser submetidos a um julgamento popular pelos crimes cometidos. Desde as denúncias apresentadas pelo The Intercept, no chamado Vaza Jato, está mais do que claro o caráter criminoso da operação, que se desenvolve poucos meses após outra denúncia, esta feita pelo americano Edward Snowden (e divulgada também pelo The Intercept), de que “o Brasil é o grande alvo dos Estados Unidos”.
Nesse sentido, é essencial que as forças de esquerda organizem a mobilização popular pelo fim da operação golpista, pela anulação dos processos da Lava Jato e o restabelecimento dos direitos políticos de Lula, que foi tirado da prisão mas continua impossibilitado de ser o presidente da república, não por opção da população mas pela necessidade da burguesia, que com ou sem a operação, continua atacando os direitos democráticos da população.