O grande sonho da direita golpista é ver estampado no dia 2 de janeiro de 2023 o seguinte relato nos jornais da imprensa capitalista:
“Seguindo o exemplo do que ocorreu no Rio de Janeiro dois anos antes, o candidato do “centro democrático”, eleito com o apoio integral da esquerda no segundo turno. (no primeiro um setor já havia se integrado à chapa), tomou posse ontem no Palácio do Planalto em meio a um grande entendimento nacional, o novo presidente da República, o senhor “João Biden” (do PSDB ou DEM ou xx). A posse transcorreu em meio a um clima de cordialidade e entendimento nacional, mesmo diante da crise em que mais de 100 milhões de brasileiros passam fome, o desemprego atinge 40% da populações trabalhadora em números oficiais, depois que todas as empresas estatais foram privatizadas e mais de 500 mil brasileiros morreram na pandemia de covid-19 e nas epidemias de dengue, tuberculose e outras. Presente à posse, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, foi aclamado pelos presentes.”
Por certo, a imensa maioria da direita golpista sonha e trabalha sistematicamente para que algo semelhante a isso possa ser exposto nas páginas da sua venal imprensa, daqui a pouco mais de dois anos.
Nesse momento, esse “sonho” tem bases reais e se ampara em acontecimentos muito próximos de nós, no desfecho das eleições municipais mais fraudulentas das últimas décadas, como vimos apontando bem antes do inicio do processo eleitoral, o mais curto e – praticamente – sem campanha real, dos últimos tempos.
O “filme” que a direita quer ver nas telas dos grandes monopólios de comunicação daqui a dois anos teve direito a avant-première em várias capitais brasileiras, principalmente, no segundo turno das eleições recentes. Mas o melhor de todos os desempenho – aos olhos dos direitistas que desde sempre comandaram o País -, sem dúvida alguma, se deu no Rio de Janeiro. Na capital fluminense, seguindo o script traçado pela direita que integra a frente ampla, os protagonistas da direita e os coadjuvantes da esquerda, mereceram “nota 10!” da “crítica especializada” dos mais importantes órgãos da direita reacionária e genocida que busca se apresentar como progressista.
Estrelando o filme, o político profissional da burguesia, que já havia “interpretado” o papel de aliado de Lula, político popular “amante do samba”, “combatente da corrupção” (na aclamada “CPI dos Correios”, conhecido como “mensalão” – onde figurava como secretário-geral do PSDB e relator-adjunto da CPI – Eduardo Paes), desta feita vivendo a personagem de “opositor do bolsonarismo”.
O sucesso da “superprodução” se deu desde o seu “lançamento” quando o principal ator candidato da esquerda pequeno burguesa carioca (do ponto de vista eleitoral), o deputado Marcelo Freixo (PSOL), desistiu de sua pré-candidatura em claro e notório benefício do candidato do DEM, o que ficou comprovado depois com a falta de apoio à candidata mais tradicional da esquerda, Benedita da Silva (PT) e no “rápido” apoio à Paes no segundo turno.
O candidato do partido herdeiro da ditadura militar (Arena), chefiado pelo deputado carioca Rodrigo Maia (DEM-RJ) – a quem Bolsonaro “agraciou” com o título de “general da reforma da Previdência” – só fez acumular apoios, que vieram mais rapidamente da esquerda que da direita.
Faltando menos de uma semana para a realização do segundo turno,
No mesmo dia
Alguns dias antes, o Partido dos Trabalhadores publicou nota intitulada “Ele Não!” (que evidencia o caráter reacionária daquela campanha, em 2018), na qual declarou o apoio do partido a Paes no segundo turno orientando
“a militância e a base social ao voto “contra Crivella e Bolsonaro”.
Em sintonia com essa politica capituladora diante de um notório político da direita, dirigentes nacionais do PT, defensores – desde sempre – da frente com a burguesia golpista, apoiaram a iniciativa dos petistas do Rio que, inclusive, integraram os governos de Paes e Cabral. Pelo Twitter, o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, exaltou a decisão do PT fluminense, replicando trecho da nota que afirma
Na frente para “derrotar Bolsonaro” não faltaram nem mesmo os bolsonaristas mais apaixonados:
A encenação do candidato “anti-Bolsonaro” no Rio – como em várias outras cidades – não foi muito além da divulgação dos resultados fraudulentos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
As urnas ainda estavam “quentes” quando, O Globo, um dos principais órgãos do Partido da Imprensa Golpista (PIG), noticiou:
Fica claro que o resultado da “frente para derrotar Bolsonaro”, resultou no apoio a um parceiro de Bolsonaro, cujo líder-mor e presidente da Câmara dos Deputados, neste momento, está “sentado” sobre mais de 50 pedidos de impeachment . O voto “contra Bolsonaro” elegeu um “amigo” de Bolsonaro, do partido que pode ser uma das principais pontas-de-lança da politica de substituir Bolsonaro por outro golpista de maior confiabilidade do regime político ou que pode – se preciso for, para “o bem da nação” – vir a integrar uma chapa com o próprio Bolsonaro.
A esquerda classista, que se coloca – de fato – ao lado da luta dos trabalhadores (e não apenas nas campanhas eleitorais para ganhar votos), precisa tirar as devidas conclusões dessa política fracassada, que tende levar os explorados e suas organizações a apoiarem seus inimigos e até mesmo enterrarem aqueles que estão entre as maiores vítimas do golpe de Estado, como é o caso do ex-presidente Lula e demais setores do PT que não apoiam a politica reacionária de aliança com os golpistas.
Em oposição a essa perspectiva reacionária é preciso unir forças em torno de uma alternativa própria dos explorados diante da situação, para enfrentar o genocídio em marcha, barrar a fome e o desemprego, o que não pode ser feito em “parceria” com os aliados de Bolsonaro, mas somente a partir do enfrentamento real com estes, por meio da luta pelo Fora Bolsonaro e todos os golpistas, pela restituição dos direitos políticos de Lula e por sua candidatura presidencial, única capaz de unir e mobilizar as organizações de luta dos explorados e milhões de brasileiros nas ruas para derrotar a “saída” golpista da frente ampla.