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Capitalistas lucram com crise

A dificuldade para fazer o exame do COVID-19 em hospitais de São Paulo

Reportagem do DCO tentou entrar em contato com hospitais públicos e privados da cidade mais desenvolvida do País e constatou que não têm a menor condição de atender à população

Os principais hospitais da cidade de São Paulo, de modo geral, não estão atendendo o cidadão que quer fazer o exame do novo coronavírus 2019 (COVID-19). Quando se consegue entrar em contato com o hospital – o que não é muito comum – encontra-se uma burocracia enorme. Além disso, nos hospitais privados, os pobres simplesmente não têm a menor condição de pagar pelo exame.

A reportagem do Diário Causa Operária passou três horas ininterruptas da tarde dessa segunda-feira (16) tentando entrar em contato com dez dos mais importantes hospitais da capital paulista (públicos e privados), entre às 14h39 e às 17h40. Os resultados foram desanimadores.

O primeiro a ser contatado foi o Hospital das Clínicas, maior complexo hospitalar da América Latina e uma das melhores instituições de medicina do continente, que vem sendo sistematicamente sucateado pelas sucessivas administrações da direita em São Paulo. Foram feitas cinco ligações para o número de telefone disponibilizado no sítio do hospital. Após gravações e gravações, foram feitas duas tentativas de falar com o atendente, mas a reportagem não obteve sucesso.

O Hospital Sírio-Libanês, uma das instituições médicas privadas mais respeitadas do País, foi o segundo a ser contatado. Na primeira opção, quem tenta falar com a entidade ouve durante dois minutos uma gravação com informações sobre o coronavírus. À reportagem, o atendente informou que o exame para o paciente saber se tem ou não a doença custa R$ 158,00 o procedimento, mais o valor da consulta com médico no posto de atendimento. Para se fazer o exame, é preciso a aprovação do médico, que avaliará se o paciente tem sintomas suspeitos do vírus. A reportagem ligou três vezes para o posto de atendimento para saber o valor da consulta, mas não conseguiu falar com ninguém.

A terceira instituição procurada foi o Hospital Albert Einstein, outra das mais notórias instituições médicas do Brasil. A instituição privada, no entanto, não nos atendeu em nenhuma das seis tentativas.

Fomos atendidos pelo Hospital do Servidor Público Municipal logo na primeira tentativa. A atendente informou que, para conseguir fazer o exame do coronavírus, é preciso passar primeiro no pronto-socorro do hospital e preencher a ficha que contém perguntas como “esteve com alguém com suspeita do vírus?” ou “apresenta sintomas do COVID-19?”. Em seguida, o paciente seria encaminhado para o Instituto Adolfo Luz. O resultado do exame sai em cinco dias e o procedimento é gratuito.

Entretanto, a reportagem tentou ligar novamente para o hospital para obter mais informações, por outras cinco oportunidades. Não fomos atendidos em nenhuma delas.

Após cinco tentativas frustradas, a equipe do Hospital Emílio Ribas atendeu nossa reportagem. Passando-se por alguém que estaria com os sintomas da doença, nosso repórter respondeu ao cético questionário da atendente: perguntado se estava com febre alta, respondeu que registrou entre 39 e 40 graus em três medições no mesmo dia e que os sintomas haviam aparecido no final da noite do dia anterior. A atendente perguntou a idade do repórter, que respondeu que tinha 25 anos, para a suposta surpresa da interlocutora. Ela quis saber também se o candidato a paciente havia tomado algum remédio e a resposta foi Dipirona. Outra pergunta foi se havia entrado em contato com outras pessoas. “Sim, no metrô”, respondeu. A ligação caiu logo em seguida, interrompendo a conversa. 

Assim como os outros hospitais, o Emílio Ribas só faz o exame após o paciente ir ao pronto-socorro e o médico avaliá-lo. Se o médico achar que é uma gripe normal, o paciente não tem direito de fazer o exame.

Às 19h, a reportagem entrou novamente em contato com o hospital. A atendente afirmou que não poderia informar o número de leitos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e relatou as condições dos próprios funcionários do hospital, extremamente precárias devido à gestão neoliberal do PSDB: somente duas pessoas para atenderem as ligações – hoje (17) seria apenas uma, em um turno de 12h, junto com uma pessoa na portaria e uma na recepção. Nessa segunda, o Emílio Ribas recebeu cerca de 6 mil ligações.

Por sua vez, o Hospital Samaritano também informou que o exame só é feito com aquelas condições restritas (sintomas, contato com pessoas suspeitas, etc). O exame custa R$ 200,00 e não é coberto pelo convênio médico. Caso o exame não esteja disponível, o paciente terá de recorrer ao clínico geral. O custo é de R$ 462,00. Entretanto, o pronto-socorro do hospital apresenta filas enormes e o paciente poderá demorar de 2 a 3 horas para ser atendido.

O repórter afirmou ao Hospital Santa Paula que tem todos os sintomas do coronavírus. O atendente informou que é preciso passar no médico no pronto-socorro do hospital para ser avaliado e, caso o médico considere que há suspeita do vírus, o exame será realizado de forma domiciliar por R$ 280,00.

No entanto, o hospital se encontra sem o material de coleta e não há previsão para obter esse material. Ou seja, mesmo que o paciente tenha condições de pagar pelo exame, ele não o encontrará nessa entidade privada.

A Beneficência Portuguesa também só faz o exame para quem der entrada no pronto-socorro ou estiver internado e com suspeita. Se o paciente der entrada apresentando os sintomas e o médico avaliar que não é uma gripe comum, o exame poderá ser feito. Caso o médico acredite que é uma gripe comum, não haverá exame.

O hospital só informa o valor do exame quando este for solicitado pelo médico. Foram feitas duas transferências de ligação para o repórter descobrir o valor da consulta com o médico, mas na segunda transferência para o setor do pronto-socorro houve uma espera de dois minutos e a ligação terminou.

Na Santa Casa, a situação é a mesma: o médico do pronto-socorro determina se o paciente é suspeito ou não de coronavírus. Se for, poderá fazer o exame. Se não, tem que voltar para casa.

A nossa reportagem tentou entrar em contato por seis ocasiões com o Hospital São Paulo. Em todas elas, ninguém atendeu aos telefonemas.

Coronavírus-SUS

Outro modo de entender como o Estado está tratando a situação da pandemia é saber como funcionam os recursos eletrônicos disponibilizados pelo governo para atender à população.

Foi criado pelo Ministério da Saúde o aplicativo para celular Coronavírus-SUS. Nossa reportagem baixou o aplicativo para ver a sua utilidade. O aplicativo daria uma resposta ao usuário. Algo extremamente duvidoso.

É preciso fazer uma auto-avaliação do estado de saúde. Nosso repórter marcou as opções “febre” e “tosse” e informou que não esteve em contato com ninguém suspeito nem confirmado de coronavírus nos últimos 14 dias e não esteve em nenhum país nos últimos 14 dias.

O resultado: “Baseado em suas respostas, é provável que essa situação NÃO se enquadra como caso suspeito de doença pelo coronavírus 2019 (COVID-19).” Ou seja, segundo o aplicativo, para ter suspeita do vírus é preciso ter todos os sintomas. Além disso, se o cidadão pegou metrô, ele não sabe informar se teve contato com pessoas suspeitas de coronavírus. Pode ser que sim, pode ser que não. Mas como não está confirmado que teve contato com algum suspeito, marca a opção que não teve esse contato. Para o aplicativo, isso é indício de que não houve contaminação.

Foi feita uma segunda tentativa. O repórter marcou as opções “dor de cabeça”, “febre”, “dor de garganta” e “tosse” e que teve contato próximo com caso suspeito mas não com caso confirmado e não esteve em outro país. O resultado foi o seguinte: “Baseado em suas respostas, é provável que esta situação se enquadre como caso suspeito ou provável de doença pelo coronavírus 2019 (COVID-19). No entanto, isto não se trata de um diagnóstico. A orientação é que você procure atendimento em uma unidade de saúde mais próxima para avaliação clínica.”

Esse último resultado comprova simplesmente que o aplicativo não serve para nada, não tem a menor utilidade. Além disso, o mapa do aplicativo para ver as UBS próximas não funciona, mesmo o mapa de localização do celular estando ativado.

O Estado controlado pelos golpistas não tem as menores condições nem intenções de atender à população em meio à crise sanitária. Os hospitais públicos estão sucateados pelas sucessivas gestões direitistas, enquanto que os privados se aproveitam das necessidades do povo para aumentar os lucros de seus donos.

Os pobres não podem ir aos hospitais privados e os públicos estão lotados e sem equipamentos ou funcionários suficientes.

O Partido da Causa Operária (PCO) propõe, por esse motivo, o aumento imediato das verbas para a Saúde, bem como o número de instalações e equipamentos. Além disso, propõe também: a contratação imediata de todo o pessoal da saúde necessário para enfrentar a crise; o aumento do número de leitos nos hospitais públicos; a distribuição gratuita de máscaras, luvas, álcool e remédios; a formação de conselhos populares de fiscalização do serviço de saúde; a estatização de todo o sistema de saúde; a estatização dos laboratórios; a estatização da produção de equipamentos de saúde; o aumento das vacinas disponíveis contra a gripe e abertura de mais postos de vacinação; estabelecer sistema de testes em todos os lugares. Todas essas, que estão no meio de 32 propostas para enfrentar a crise, podem ser acessadas neste artigo.

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