As eleições na Bolívia suscitaram uma esperança democrática na esquerda. De acordo com as pesquisas de boca de urna, Luis Arce teria vencido com 52% dos votos contra 31,5% de Carlos Mesa. Após o golpe de 2019, onde a extrema-direita implantou um regime de terror e consagrou a fascista Jeanine Áñez no poder, seria a volta da dita democracia?
Analisando a marcha dos acontecimentos, uma vitória eleitoral da esquerda, no mínimo não estaria nos planos dos golpistas bolivianos que contam com apoio do imperialismo. Em todo o caso, não se pode considerar que as eleições se deram em condições normais. Jeanine Áñez e seus asseclas golpistas colocaram militares para patrulhar as ruas, cercaram a sede do Movimento ao Socialismo (MAS) em Cochabamba, um deputado argentino, membro dos observadores internacionais das eleições bolivianas, que participou das investigações do massacre contra os manifestantes que lutaram contra o golpe na Bolívia em 2019 foi preso. Os golpistas não escondem o caráter fascista. O Ministro de governo Arturo Murillo, disse que o deputado argentino era persona non grata, e o impediu de ser um dos observadores internacionais das eleições bolivianas. Vale lembrar que Arturo Murillo se reuniu nos EUA com a OEA, que fraudou as eleições de 2019, dizendo que a fraude teria sido feita por Evo Morales. Porém, pouco tempo depois, o MIT afirmou que a fraude era da OEA.
Não faltaram condições para o MAS lutar contra o golpe e dirigir as massas contra o regime golpista. O partido de Evo Morales governa 6 dos 9 departamentos na Bolívia, tendo a maioria na Câmara e no Senado. Todavia, a capitulação de Evo Morales e do MAS fez com que a extrema-direita tomasse conta do regime. À época, Evo renunciou e entregou o governo aos golpistas. Todavia, apesar das capitulações do MAS, a Central Obreira Boliviana (COB) levou adiante a luta contra o golpe, fazendo diversas manifestações, prometendo, inclusive, uma rebelião popular de caráter revolucionário.
Com o resultado das eleições, a esquerda está defendendo que as eleições derrotaram o golpe. Será mesmo?
A Bolívia vive uma ditadura, os militares ainda têm muito poder e ainda podem dar um golpe como fizeram no ano passado. Além disso, Luis Arce é um candidato que não é igual a Evo Morales, ele é uma esquerda muito moderada e já disse que seu governo não será igual ao de Morales, portanto ele é um candidato mais palatável para a burguesia. De qualquer forma, a situação na Bolívia, como em toda a América Latina, é de uma crise geral do regime político.