Nos dias seguidos a invasão do Capitólio, o centro legislativo do estado americano, por ativistas favoráveis ao presidente Donald Trump, o agora eleito presidente Joe Biden e a ex-primeira dama Michelle Obama se prenunciaram em suas redes sociais sobre o caso.
Usando da habitual demagogia que lhes é característica, realizaram duras críticas a Trump por tentar destruir o estado democrático americano, e trouxeram à baila também a questão racial, a qual tem feito referências com muita frequência para ganhar pontos com os movimentos identitários pequenos burgueses, como o Blak Lives Matter.
Michelle Obama e Biden afirmaram que caso a invasão do capitólio fosse feita por movimentos negros, seria duramente reprimida pelos policiais, diferente do ocorrido, em que os manifestantes por serem brancos, não tiveram tratamento violento.
É fato que a violência policial contra a população negra americana é extrema, casos como de Geoge Floid, que foi sufocado por um policial, e Breonna Taylor, que foi alvejada também por um policial enquanto estava em sua casa são apenas a superfície da situação a qual a população negra norte americana enfrenta no país onde, teoricamente, os sonhos se realizam.
Nos EUA, o povo negro tem acesso a saúde e educação de qualidade negados, o triplo de chances de um branco de serem assassinados pelo estado, estão segregados nas regiões com pouca infraestrutura, são a maioria entre os mortos pelos casos de coronavírus e maioria também entre os desempregados. Situação extremamente vulnerável quando falamos da população negra pobre.
O que Biden e Michelle esqueceram-se muito rapidamente é que estiveram à frente do governo norte americano e, e que essa situação não se iniciou com o governo de Trump, esqueceram-se que foram eles próprios que reforçaram as instituições repressivas americanas para dar conta da crise sem saída que o imperialismo americano enfrenta e joga nas costas da população trabalhadora americana.
O nível de violência não era menor e nem inexistente no governo dos democratas, inclusive no governo de Barack Obama diversas vezes os EUA explodiram em convulsões sociais devido aos casos de tortura de indivíduos negros pela polícia.
É muita cara de pau aparecerem nesse momento para fazer discurso em defesa da democracia e direito dos negros, enquanto quando puderam fizeram muito pior.
Esse tipo de demagogia de elementos do imperialismo, como Biden e Michelle Obama acaba por ser muito aplaudido por setores da esquerda pequeno burguesa, principalmente do movimento negro. Esses movimentos veem dando cabo, nos EUA e em todo o mundo, promovendo uma política avassaladoramente destrutiva para a luta do povo negro, que é o identitarimo, que ignora toda o caráter da luta das classes sociais e busca promover a inserção digna dos negros na sociedade capitalista, algo totalmente impossível nesse nível de crise e a julgar pelo tratamento dispensado aos negros até os dias de hoje.
É preciso que o povo negro americano tenha a referência da luta real e recuse esse caminho para o abismo que é o identitarismo, crie organizações de autodefesa e exijam o fim a polícia criminosa dos imperialistas.