Em recente entrevista ao jornal El Pais, o presidente da Central Única dos trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, voltou a reafirmar declarações que já havia feito à TV 247, no início de dezembro, sobre a relação que a CUT pretende estabelecer com o presidente eleito pelo golpe e pela fraude, Jair Bolsonaro.
“O que queremos fazer é sermos propositivos, queremos fazer uma oposição com proposição”. Segundo Freitas, o futuro presidente se diferencia de Temer, por ter sido eleito por “57 milhões de pessoas”.
Vagner Freitas ainda aproveitou a entrevista para se desculpar por discurso para a militância às portas da Polícia Federal em Curitiba, feito em novembro, após visitar Lula na prisão. Na ocasião o presidente da CUT afirmou que: “Todos sabem que Lula seria eleito em primeiro turno, por isso está preso. Logo, que fique muito claro que nós não reconhecemos o senhor Bolsonaro como presidente da República.”
A justificativa para a mudança de opinião reside no fato de que “Obviamente que houve votos de trabalhadores que elegeram o Bolsonaro. Nós vamos representar esses trabalhadores, que votaram em quem eles tenham votado. Nós os representamos independentemente da opção político-eleitoral que eles fizeram”.
A interpretação absolutamente equivocada do resultado eleitoral coloca o presidente da CUT numa defensiva que vai na contramão das necessidades reais de organizar os trabalhadores para fazer frente à política de ataque que o golpe de Estado procurará levar às últimas consequências, com a extrema-direita à cabeça nessa nova etapa do golpe.
Mesmo que Bolsonaro tivesse ganho as eleições de maneira minimamente democrática, o papel a CUT, como direção do movimento, seria impulsionar a organização dos trabalhadores para fazer frente aos ataques do governo e não ir a reboque de possíveis ilusões eleitorais da população, mas não foi isso que aconteceu.
As eleições foram instrumento pelo qual os golpistas procuram legitimar o golpe de Estado, dar uma pseudo aparência de apoio popular, e é por isso mesmo que elas foram as mais manipuladas e fraudadas da história do país.
Podemos até desconsiderar a cassação de mais de 3 milhões de títulos, a perseguição aos candidatos da esquerda com o confisco de materiais, o apoio massivo das instituições do regime político e dos meios de comunicação contra a esquerda, etc. Basta o Lula. Lula foi caluniado, perseguido, condenado, preso e impedido de participar das eleições. Essa aberração foi vista pelo mundo. Essa foi a fraude maior. Bolsonaro só está aí porque o golpe cassou Lula.
Nessa nova etapa do golpe, a depender do que pretende o imperialismo e seu cão raivoso à frente do governo, Temer vai parecer com um aprendiz de feiticeiro. Aliás, a direita já está no seu ensaio inicial. Já são vários assassinatos de sem-terra, destruição de acampamentos, são ameaças reais de criminalização dos movimentos sociais.
Não há uma única esfera da vida social, econômica e política do país no que diz respeito aos interesses dos trabalhadores, que não exista um plano de desmantelamento.
Os próprios sindicatos estão na linha de frente de ataque dos golpistas. Os recursos do FGTS e do FAT serão sequestrados pelo banqueiro assaltante dos fundos de pensão dos trabalhadores e os sindicatos propriamente ditos passaram para a jurisdição da polícia, sob o controle de Sérgio Moro, essa figura sinistra funcionária do imperialismo norte-americano, que não apenas prendeu Lula numa das farsa judicial só possível sob o tacão do golpe e dos militares, como está promovendo um reordenamento jurídico do país no sentido de destruir os poucos direitos democráticos da população e preparar o país para uma verdadeira ditadura judicial.
A CUT, como instrumento maior dos trabalhadores, tem a obrigação de ser o carro-chefe da resistência e luta da imensa classe operária brasileira. Na contramão das afirmações de Vagner Freitas, existe todo um movimento subterrâneo que precisa encontrar vazão justamente nas suas direções.
A CUT não pode ser furtar ao seu papel, tem que mobilizar os trabalhadores pelo Fora Bolsonaro e todos os golpistas e pela Liberdade de Lula.