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Luta de classes

A crise, os protestos de rua e o “lockdown”

Com o aprofundamento da crise, o "lockdown" surge como alternativa para a burguesia conter as tendências revolucionárias da população

Nos últimos dias, aquele que folhear as páginas de algum órgão da imprensa burguesa irá deparar-se com um termo estranho à nossa língua até então: lockdown. De repente, o lockdown passou a ocupar o centro da discussão da política nacional — como se ele fosse algo a determinar o destino do povo no próximo período. Com efeito, é assim que a burguesia pretende apresentar a realidade, mas isso essa está muito longe de cumprir os desejos de seus arrogantes jornalistas.

“A história de todas as sociedades até hoje existentes é a história da luta de classes”, disseram Karl Marx e Friedrich Engels no Manifesto Comunista de 1848. Mas, curiosamente, a imprensa burguesa quer vender uma outra tese, a de que a história hoje seria resultado da luta entre o coronavírus e o lockdown. Dito de outro modo, a sobrevivência da humanidade estaria situada entre estes dois polos: a pandemia e a política de isolamento forçado. Os conflitos entre a burguesia e os explorados estariam relegados a segundo plano. Vinda da própria burguesia, a tese em si já se mostra, portanto, uma farsa: a defesa que a burguesia tem travado em torno do lockdown é mais uma manifestação da luta de classes.

Isso porque o lockdown não é uma resposta da classe dominante à pandemia, mas sim uma resposta às tendências revolucionárias da população diante da pandemia. O coronavírus, que traz consigo, além de números macabros, um aprofundamento da crise econômica, levará a uma piora significativa das condições de vida dos trabalhadores. E, nesse cenário de crise, em que os trabalhadores estão ameaçados a retroceder à época de fome do governo FHC e de veem seus familiares sendo mortos sem nenhuma assistência médica, enquanto os capitalistas especulam com todo esse sofrimento, uma revolta generalizada é esperada.

As medidas restritivas que entrarão no pacote de lockdown têm como grande objetivo dispersar a tendência a essa revolta. Com o Estado autorizado a dispersar aglomerações a qualquer custo e até mesmo a monitorar as pessoas por meio de seus aparelhos de celular, a liberdade de manifestação fica cada vez mais comprometida. As medidas antidemocráticas, que limitam o trânsito de pessoas, bem como o direito à reunião, dificultarão que os trabalhadores se organizem para protestas. E essas medidas devem tornar-se cada vez mais duras.

A tendência à mobilização, por sua vez, não é um mito nem uma promessa abstrata, mas já vem sendo demonstrada por vários eventos. Eventos esses, obviamente, que a imprensa burguesa faz questão de omitir. Em todo o país, estão acontecendo pequenas manifestações dos setores onde a situação está explodindo primeiro. Um dos setores que mais têm se manifestado são os trabalhadores de entrega por aplicativo, que estão sendo alvo de uma enorme demanda. As empresas responsáveis pela contratação desses trabalhadores não estão dando nenhuma condição de trabalho, tendo até mesmo diminuído o valor dos pagamentos.

Outro caso dramático é o dos trabalhadores dos Correios, que já tiveram vários óbitos por causa da pandemia. Recentemente, os funcionários de um centro de distribuição na cidade de Salvador realizaram um protesto, denunciando que estão tendo de pagar do próprio bolso para fazerem testes para o vírus. Também na Bahia, nesse caso na cidade de Porto Seguro, no extremo-sul, professores organizaram uma manifestação contra a prefeita. Em cidades da Região Metropolitana do Recife, vários pequenos protestos estão acontecendo entre os trabalhadores informais, que já eram duramente perseguidos pela polícia mesmo antes da pandemia.

Em cidades como Belém, no norte do país, enfermeiros já protestaram por melhores condições de trabalho. Ainda no começo dos casos de coronavírus no Brasil, os trabalhadores de telemarketing se rebelaram contra a tirania de seus patrões, que tradicionalmente trancafia seus funcionários em galpões super aglomerados, onde são expostos à mais alta pressão. Também nesse período, condutores de transporte escolar protestaram no centro de São Paulo, reunindo mais de 200 pessoas. Para os próximos dias, está marcado um ato convocado por familiares de presos.

Esses pequenos protestos, isolados, e, em muitos casos, de categorias sem grande tradição de mobilização, confirma a tendência à revolta contra o regime. É preciso, portanto, que a esquerda acompanhe essa tendência, colocando-se ao lado do povo para lutar contra seus algozes. É hora de sair debaixo da cama, onde se esconde vergonhosamente a burocracia sindical, e marchar ombro a ombro junto àqueles que estão sendo pisoteados pelos capitalistas.

Em vários desses casos, tem-se visto uma postura oposta por parte da esquerda, abertamente hostil às manifestações. Perdidas na sua falta de princípios político, tais organizações passaram a ser as principais defensoras do lockdown. É preciso abandonar imediatamente essa posição. Em vez de ficar contra o povo, é preciso ajudar o povo a se organizar. A revolta é inevitável. No entanto, cabe às direções esperar que o povo saia às ruas desesperadamente para lutar pelos seus direitos ou partir para um papel ativo e ajudar o povo a ter sucesso em sua luta, inclusive no que diz respeito à sua própria segurança?

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