São poucas as pessoas, fora os totalmente alienados, que não estão a perceber, nos, nos últimos anos, os sinais de uma crise global se avizinhando. Alguns analistas descrevem a economia mundial como em uma crise que vai se avolumando dia-a-dia desde o estouro da crise mundial de 2007. São poucos e rasos momentos de melhoria dos sinais vitais do capitalismo e maiores e profundos episódios de instabilidade e crise.
É certo que para os capitalistas, especialmente os que vivem de rendas e de manipulação do capital financeiro, essa nova fase do processo de acumulação capitalista se apresenta como bastante promissor, haja vista a rápida e violenta expansão do poder de grandes empresas transnacionais sobre vastas áreas detentoras de matérias primas e produtoras de trabalhadores hiper explorados, Afeganistão, Líbia, Iraque, Congo etc … e toda a América Latina. É o imperialismo cavando mais fundo sobre terreno que se imaginava esgotado. África, Ásia, Oriente Médio e América Latina.
Esse quadro se expressa na brutal concentração de renda que aumenta drasticamente sua velocidade nas últimas décadas. A Oxfam, uma confederação de 20 ONGs com sede no Reino Unido, tem publicado sistematicamente um retrato dessa desigualdade. Em 2015 essa entidade mostrou que 62 famílias detinham os mesmos recursos que a metade mais pobre de toda a população mundial. Em 2010, eram 388 famílias.
Por isso, qualquer solavanco, por mais irracional que pareça, tende a provocar grandes crises nesses períodos. A guerra de preços e por mercado do petróleo protagonizada pela Arábia Saudita e Rússia, as maiores exportadoras mundiais, causou uma generalizada queda das bolsas de valores e uma rápida redução do preço do barril de petróleo. No começo do ano o petróleo custava em média 60 dólares o barril. Agora esse preço caiu para 20 dólares e depois subiu para 30 dólares. É bom lembrar que em maio de 2009 o barril do petróleo custava 140 dólares. Essa gangorra favorece grandes especuladores, faz parte da guerra comercial mundial, que em vários momentos vira guerra militar e invasão de países, em outros momentos essa guerra derruba governos, como no Brasil, e anexa economias subordinando todos os setores econômicos aos interesses dos países imperialistas.
Nos países dependentes e subordinados, como o Brasil, esse processo de crise gera do desemprego em massa, como instrumento de domesticação da classe trabalhadora que perde direitos e tem salários reduzidos, gera a desnacionalização de empresas, retorno da economia à condição de produtora de matérias primas. A ditadura, o fascismo são instrumentos políticos para essa opressão econômica.
A concentração de renda, a subordinação econômica dos países capitalistas atrasados, a super exploração de vastas áreas do globo, conduzem à fome de milhões de pessoas, às guerras de aniquilação, aos movimentos de fuga em massa de refugiados. Essa é a cara do capitalismo em crise em um mundo que já demonstrou ser capaz de produzir mais do que é necessário para toda a humanidade viver com dignidade, um mundo que já produziu as condições para superar o capitalismo.
No Brasil a tendência é aumentar ainda mais a velocidade dos ataques à população. O aumento da fome. A instabilidade econômica. A Bolsa de Valores é só um dos aparelhos de medição dessa crise. Outros estão nas ruas.