A situação de exploração dos países atrasados novamente se revela, e de maneira extremamente grave com a situação da pandemia. Na América Latina, que abriga apenas 8% da população mundial, foram registradas 18% das contaminações e 26% das mortes pelo vírus Covid-19. O descompasso entre a proporção de contaminados e mortos já é demonstrativa, mas a questão da vacina chega a ser muito pior.
A América Latina aplicou apenas 6% do total de doses de vacina já utilizadas pelo mundo até sexta feira, 26 de fevereiro. Um número de 13.9 milhões de um total mundial de 227 milhões. No Brasil, 2.9% da população foi vacinada com a primeira dose, ou seja, pessoas que foram vacinadas mas não estariam ainda imunizadas, enquanto somente 0.7% da população recebeu a segunda dose.
Entre os problemas da vacinação, a questão da produção se mostra como o maior entrave, com falta de capacidade de produção para a demanda pelos mais diversos tipos de insumos pelo mundo. Esse problema levou a um fato muito curioso, mesmo os países ricos — que estão comprando quantidades de vacina maiores até que sua demanda — não estão conseguindo ter acesso a ela, e compram vacinas previstas, isto é, que ainda não estão prontas; uma demonstração cabal da falência completa do capitalismo, de sua total incapacidade para dar conta dos problemas que afligem a humanidade.
Na esteira desses acontecimentos, a iniciativa da Organização Mundial de Saúde (OMS), da Aliança para a Vacinação (Gavi) e da Coalizão para Inovações em Preparação para Epidemias (Cepi), denominada Covax, tem o objetivo de distribuir vacinas aos países que dele fazem parte, que será significativa especialmente para os países pobres, com um total de imunizantes para pelo menos 20% da população de cada país. Porém, na primeira leva, em março, devem ser entregues o equivalente a apenas 2.2% a 2.6% da população em número de doses, com exceção dos países muito pequenos, para os quais enviar quantidades diminutas de vacina sairia mais caro.
Além de todos esses problemas, há algo ainda que não está sendo considerado de maneira séria, as novas cepas do vírus. Uma nova cepa é estabelecida através de um conjunto de mutações sofrida pelo vírus, que passa a adquirir novas características e se diferencia o bastante para ser considerado um vírus semelhante, mas de tipo diferente, uma variante. Ainda não se sabe ao certo se as vacinas atuais são capazes de imunizar contra as novas cepas, a variante sul-africana por exemplo, já demonstrou ser resistente à vacina da Oxford.
Ao mesmo tempo, no Brasil, muita demagogia se fez e ainda se faz com a questão da vacina. Dória em São Paulo e Eduardo Paes no Rio de Janeiro, além de diversos outros da mesma laia golpista, buscaram se mostrar grandes salvadores científicos com a vacinação. No entanto, não se passou nem um mês para que fossem expostos como os farsantes que são. As vacinas apresentadas foram um show, uma performance, pois que acabaram sem nem que a categoria dos profissionais de saúde estivesse toda imunizada, que dirá a população como um todo.
Todos os fatos apontam num mesmo sentido, a indústria farmacêutica não merece confiança, deve ser controlada pelos trabalhadores. As patentes devem ser todas quebradas, pois que são apenas um entrave à saúde de todos os povos do mundo. Da mesma forma, as campanhas de vacinação dos governos golpistas, servos da burguesia, são dignos apenas das maiores dúvidas pelos trabalhadores, que corretamente não confiam em seus inimigos declarados. As campanhas de saúde, todas elas, inclusive as de vacinação, devem ser supervisionadas e controladas pelas organizações dos trabalhadores.
Com esses objetivos, está claro que o regime do golpe de Estado de 2016 deve ser combatido frontalmente. O atual fantoche da burguesia e todos os seus deve ser expulso do governo e substituído pelo real candidato da população. Somente a organização em torno das palavras de ordem corretas pode fazer avançar a luta de todos os trabalhadores do Brasil. Fora Bolsonaro e todos os golpistas! Eleições gerais já! Lula candidato! Lula Presidente!