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Imprensa revolucionária

A Classe Operária, o 1° jornal operário partidário do Brasil (I)

DCO inicia série de artigos sobre a imprensa operária, difundindo a reformulação do portal

O Diário Causa Operária acaba de ser reformulado. São mais de 20 blogs novos no nosso portal, novo layout e novas publicações como o boletim Bandeira Vermelha. Tal reformulação propiciará um crescimento gigantesco do DCO, com quase 100 matérias publicadas diariamente.

Lançamento do novo plano de imprensa do PCO

Para fortalecer a iniciativa, abrimos uma série de artigos sobre a imprensa operária e partidária. A história do movimento operário está diretamente vinculada com a história da imprensa operária.

O Partido Comunista do Brasil, outrora um partido operário e de massas, em seu início, foi o primeiro a colocar em prática no Brasil as orientações de Lênin sobre um jornal para organizar os militantes de todo o País. Assim, em 1925, foi fundado o jornal A Classe Operária, que foi construído graças à iniciativa e apoio dos militantes do PCB e dos trabalhadores que estavam sob sua influência.

O primeiro diretor do jornal, Octavio Brandão, em sua autobiografia “Combates e Batalhas”, dedica algumas páginas à descrição sobre os primeiros anos de funcionamento do jornal. O conselho editorial do DCO reproduz nesta edição e nas próximas o trecho do livro de Brandão, a fim de mostrar aos nossos leitores e, principalmente, aos nossos colaboradores, o significado da imprensa partidária.

“A Classe Operária”

(in Brandão, Octavio. Combates e Batalhas – Memórias – Volume 1. Alfa Omega, 1978)

Vivi na ilegalidade em 1924-1926, sempre pelejando. Em 1925, a pobreza era cada vez maior. Desempregado desde julho de 1924, tive de procurar trabalho, embora me arriscasse. Nada encontrei. Por intermédio de um operário, resolvi ser tecelão numa fábrica na zona de Alegria, no Rio de Janeiro. Ia começar a trabalhar como aprendiz. Mas na noite anterior, a Comissão Central Executiva do Partido Comunista do Brasil decidiu o contrário.

Tornei-me, então, o fundador e o diretor do jornal A Classe Operária. Mais uma obra de pioneiro, batedor, abridor de picadas.

O 1º número apareceu a 1ºde maio de 1925. Foi uma das obras magníficas e memoráveis da história épica do povo brasileiro e do seu proletariado, o primeiro órgão de massas do Partido Comunista do Brasil.

A hora era solene e grandiosa. Na China, a 30 de maio de 1925, rebentou a greve geral em Shangai. Começou a revolução nacional-libertadora chinesa de 1925-1927. Os trabalhadores do Brasil apoiaram-na.

A Classe Operária tinha um título que já era um programa teórico e de ação. Acentuava a ideia central de classe. Determinava de que classe se tratava. Levava um subtítulo que era, também um programa: “Jornal de trabalhadores, feito por trabalhadores, para trabalhadores”.

Ela prestava atenção às condições de vida dos trabalhadores, às suas reivindicações imediatas, ao movimento sindical, à situação internacional e à popularização da União Soviética socialista. Chamava as massas laboriosas aos combates e batalhas.

Em seu número 1, expus a plataforma do jornal e tracei vasto programa de ação.

Em seu nº 7, formulei: “O ideal literário de A Classe é tornar-se um rio claro e profundo. Tão claro, tão límpido, tão acessível às massas. Tão profundo, tão substancial. Rio de água revoltas a rolar para o grande oceano da transformação social…” Falava em transformação, porque, na hora, não podia falar em revolução.

Muito tempo depois, o órgão do PCB, Voz Operária, a 30 de abril de 1955, acentuou: “Há 30 anos, tendo por base as ideias leninistas sobre a imprensa de partido, era fundada A Classe Operária, órgão central de combate do Partido Comunista do Brasil”. “Onde quer que aparecesse, A Classe Operária ajudava a levantar as lutas dos trabalhadores, levava a flama da esperança e a certeza da vitória, dava ao proletariado a consciência dos objetivos finais de sua grande luta”.

Deste modo, 30 anos depois, o órgão do PCB reconhecia a imensa importância do nosso jornal.

Em 1925, muita gente considerava a criação desse órgão uma obra impossível. Mas eu sorria e rebatia: — Veremos…

Na realidade, os obstáculos e as dificuldades eram enormes. A situação internacional, desfavorável. A situação nacional também. A reação campeava. O estado de sítio esmagava a Nação, durou, de fato, de julho de 1922 a dezembro de 1926. As prisões cheias. Os próprios jornais burgueses estavam sujeitos à censura da polícia. Prevíamos que os Correios iriam sabotar a distribuição. Os fatos provaram-no, depois. Por exemplo, enviamos ao Recife 200 exemplares do nº 4, mas só foram recebidos 80. Petrópolis e Juiz de Fora não receberam o nº 6.

Além de tudo isto, o fundador não tinha um real para iniciar o trabalho.

Em tais condições, como fazer um jornal legal, comunista de massas, órgão de um partido ilegal? Por onde começar? Como travar a batalha e conquistar a vitória?

Tratava-se de um órgão revolucionário pelo conteúdo, e não pelas frases.

Como em tantas outras situações difíceis, comecei por buscar ensinamentos nas páginas de Lênin. Reli no Que Fazer? o plano de um jornal político para toda a Rússia. Inspirei-me nessas páginas. Orientei-me por elas.

A linha de Lênin era: um jornal revolucionário deve ser escrito por alguns jornalistas na redação e por milhares de colaboradores fora da redação, nos locais de trabalho.

Meditei as palavras de Lênin. Tomei a iniciativa. Reuni grupos de operários. Discutimos fraternalmente: — Como aplicar a linha de Lênin de acordo com as condições concretas do Brasil?

Cerquei-me de camaradas ativos e devotados. Quais? Laura Brandão, a mulher incomparável. Júlio Kengen e Hermenegildo Figueira, operários tecelões. João Borges Mendes, tecelão, posteriormente metalúrgico. Dalla Déa e José Alfredo dos Santos, gráficos. Carlos Silva, o Lúnin, gráfico, posteriormente ferroviário e, finalmente, estudante em Moscou. José Cazini, metalúrgico. Abelardo Nogueira, futuro empregado nos Correios, então desempregado. José Lago Molares, garçom. José Maria de Carvalho, trabalhador em padaria. Hersch Schechter, estudante.

Astrojildo Pereira foi o redator. Prestou serviços. Infelizmente, tornou-se comodista. Não deu ao jornal o esforço necessário.

Em toda essa luta, Laura, como sempre, foi de absoluta dedicação. Inspirou e animou o trabalho comum. Fez propaganda do jornal. Passou a limpo as cartas dos correspondentes operários e camponeses – tarefa difícil. Velou pela vida, saúde e liberdade do esposo.

O estado de sítio continuava. A política estava preocupada com o Carnaval. Aproveitando o momento, em fevereiro de 1925, no Rio de Janeiro, na sede de um centro cultura israelita, num sobrado à rua Senador Euzébio, hoje Avenida Vargas, perto da Praça Onze, realizou-se ilegalmente a Conferência dos Delegados de Células e Núcleos (frações sindicais), comunistas do Rio de Janeiro e Niterói, em conjunto com a Comissão Central Executiva do PCB. Esta Conferência lançou os fundamentos da reorganização do PCB sobre a base de células.

Por decisão da CCE, eu fora encarregado de fundar A Classe Operária. A propósito, escrevi e apresentei à Conferência um relatório especial em vista da fundação do jornal. O operário gráfico José Alfredo dos Santos, das oficinas de O Paiz, auxiliou-me na preparação desse relatório, que foi aprovado por unanimidade.

Registramos o jornal de acordo com a lei vigente. Nossos advogados, drs. Roberto Lyra e Carlos Sussekind de Mendonça foram recebidos em audiência especial pelo ministro da Justiça do governo Bernardes, Afonso Pena Júnior. Sondaram o ambiente. O ministro encarregou-os de fazer a censura, o que eles nunca fizeram. Permitiu, pois, o aparecimento do jornal sem censura prévia, oficial, policial – a única exceção na época. Mas exigiu que só tratasse de questões “operárias”.

A redação legal ficava numa saleta à rua Marechal Floriano 172, 1º andar, junto à sede da Light. Eu dizia, sorrindo:

— São as duas potências mundiais, vizinhas: a classe operária e o imperialismo norte-americano!

Mas não confiávamos na “legalidade”. Todo o trabalho era feito em outros locais. A redação era apenas a fachada.

O direto legal, oficial, mas não de fato, era o camarada Alcides Adett de Matos, alfaiate cearense. Fisicamente, parecia um chinês. Limitava-se a dar o nome. No jornal, aparecia oficialmente assim: A. A. Brazil de Matos. Mas ele só era conhecido por Alcides Adett. A polícia procurou o célebre Brazil de Matos. Nunca o encontro, embora ele morasse à rua dos Inválidos, pertinho da Polícia Central. Mesmo que descobrisse a habitação de Alcides, perderia o esforço. Pouco depois do aparecimento do jornal, um incêndio casual destruiu o quarto que Alcides ocupava e todos os seus objetos. Restaram apenas cinzas e nenhum vestígio.

Os trabalhadores que conheciam o segredo, foram de uma fidelidade absoluta. Alcides Adett passeava tranquilamente pelas ruas do Rio de Janeiro. Nunca foi descoberto.

Em março-abril de 1925, dirigi a campanha de propaganda em prol de A Classe Operária. Lancei um manifesto aos trabalhadores das cidades e dos campos em vista da criação de um “jornal de massas”. Então, predominava um ambiente de inércia, apatia e pessimismo. Era um fruto das derrotas dos movimentos de 1917-1920, dos estados de sítio e da reação desencadeada pelas duas classes dominantes, sustentadas pelos capitalistas estrangeiros. Concentrei o fogo contra a inércia, a apatia e o pessimismo.

Editei e organizei a distribuição de dezenas de milhares de manifestos e folhas volantes. Foram distribuídos, um por um, à tarde, na rua Marechal Floriano (a rua Larga), no seio da massa trabalhadora que passava para tomar os trens dos subúrbios. Organizei uma rede de Comitês de A Classe Operária. Montei a máquina ilegal, clandestina, subterrânea de propagandistas e pacoteiros nas fábricas e oficinas. Escrevi aos amigos e camaradas nos Estados. Em nome do jornal, lancei a palavra de ordem: “A luta contra o capital precisa de capital!”

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