A palavra de ordem central do neoliberalismo é economizar o dinheiro do Estado
Os governos capitalistas se mostram sem recursos para enfrentar a crise. Não é apenas que eles não queiram, porque no Brasil, evidentemente o governo não quer. Em alguns países europeus existe este esforço, mas fica claro que eles não tem as forças necessárias para levar adiante, uma vez que muita coisa que se fazia anteriormente para a manutenção da sociedade, as verbas foram sendo cortadas devido à crise capitalista, o que expressa a palavra de ordem central do neoliberalismo, economizar o dinheiro do Estado, ou seja, aquele que deveria de alguma forma retornar para o povo.
Com o Renda Brasil, sem dúvida nenhuma, Bolsonaro viu a oportunidade de se consolidar eleitoralmente. Viu a oportunidade de fazer algo próximo do que o governo do PT fez com o Bolsa Família, um programa social, que atenda um determinado número de pessoas e portanto, dê a ele um cacife eleitoral, que recupere parte do apoio que perdeu. O problema de Bolsonaro foi o de que a burguesia não aceitou sua tentativa de fazer demagogia com o dinheiro do Estado.
Os bancos não querem esse programa, não veem como sendo uma medida para colocar a economia no eixo, como diz a imprensa burguesa. A ideia de financiar o programa “Renda Cidadã” com o pagamento de precatórios foi imediatamente combatida pela burguesia, tendo repercutido pessimamente no mercado financeiro. Isto porque a burguesia faz um cálculo simples: se o governo vai por este caminho e se fortalece, como aconteceu com o PT, desenvolverá uma tendência a gastar cada vez mais para manter seu apoio eleitoral.
Já os capitalistas, após a crise da pandemia, a única solução para eles, para seus lucros, é esfolar a população muito mais do que até agora e assaltar cada vez mais os cofres públicos. Ao observar o funcionamento dos governos em todo o mundo, eles passam o tempo todo tirando recursos da população, uma reforma da previdência aqui, uma reforma da educação ali, tira dinheiro da saúde acolá, mesmo nos países mais desenvolvidos e repassando esses recursos para “socorrer” os capitalistas em crise.
Por isso, mesmo que Bolosnaro queira ser algo próximo de um Lula, no que diz respeito a implementação de um programa social, ele não possui a autonomia que o ex-presidente tinha para conseguir implementar um programa como o Bolsa Família, que foi fruto de um acordo com a burguesia. Isto porque Lula tinha apoio popular amplo, o que legitimava o acordo entre as classes. Já Bolsoaro, foi eleito pela fraude eleitoral, por uma coalisão do bloco golpista que viu nele a salvação para impedir um novo governo petista. Por isso, Bolsonaro não tem como ser Lula, pois ele não possui uma base que pressione os banqueiros a um acordo, logo, resta para ele a submissão aos seus patrões.
Por isso, mesmo que Bolsonaro queira fazer demagogia com parte do dinheiro do Estado, a direita não permite de maneira nenhuma um programa social ao estilo do Bolsa Família. Pelo contrário, a burguesia vai impedi-lo, “morra quem morrer”, pois sua politica é a de matar o povo de fome para obter lucros a qualquer custo. Na impossibilidade de obter a iniciativa frente ao regime, Bolsonaro segue sendo um executor da política dos banqueiros, daí a necessidade da esquerda sair as ruas e lutar pelo Fora Bolsonaro.